A Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL) vem, por meio desta nota, manifestar todo o APOIO E SOLIDARIEDADE às ocupações realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Bahia e toda a sua militância que se encontra na frente de batalha junto aos trabalhadores e trabalhadoras, lutando contra as grandes empresas que dominam a maior parte das terras com grande potencial hídrico da região sul do estado da Bahia com a desastrosa monocultura do eucalipto.
Diante da triste realidade do desemprego e da carestia há apenas uma saída para trabalhadoras e trabalhadores: organizar-se na luta de classes; todos os outros caminhos que nos ofereceram para sermos livres são ilusórios. Para a FNL, estar ao lado daqueles que lutam contra a injustiça cometida pelas elites racionarias e pelo seu estado, que assassina a nossa gente, é mais que uma simples tarefa: é um princípio inegociável.
Não podemos esquecer que a elite agrária brasileira é a principal responsável pelo assassinato de milhares de lideranças, indígenas, negros, sindicalistas, religiosos, humanistas e ambientalistas, prática que perdura nos dias atuais quando se utilizam de violência contra qualquer um que se levante pela Reforma Agrária no Brasil.
Todos sabemos que foi na costa Atlântica, onde hoje está localizado o território do estado da Bahia, que chegaram os primeiros navios negreiros, com milhares de africanos sequestrados, trazidos para aqui viverem quase 400 anos de escravidão. Sabemos também que o nosso país foi construído com muita exploração e com a morte de milhões de indígenas, dizimando povos e etnias milenares que cuidavam deste que é um dos biomas mais ricos e biodiversos do planeta: a Mata Atlântica. Sabemos ainda que essa realidade em nada mudou, e que as terras continuam concentradas nas mãos dos grandes latifundiários, ora donatários, ora fazendeiros, que em sua maioria mantém grande parte das áreas sem o devido cumprimento da função social.
O Brasil da casa grande e da senzala é reconstruído pelas grandes empresas do ramo da celulose que, no Extremo Sul da Bahia, mantém a prática de trabalho análogo ao trabalho escravo e um modo de produção atrasado, marcado por grandes extensões de monocultura, substituição de mão de obra por máquinas, uso de Organismos Geneticamente Modificados e uso intensivo de agrotóxicos, contaminando os solos, as águas e todo o conjunto de seres que resistem em meio às práticas degradantes da monocultura de eucalipto, num território sagrado para os povos que o habitavam há mais de 8 mil anos.
Quando os impérios e suas monarquias foram derrotados, para que a burguesia pudesse desenvolver o Capitalismo e para que este pudesse crescer e se expandir em todo o globo, as nações mais prósperas precisaram realizar uma redistribuição fundiária, caso visto na história da França, do Japão e dos Estados Unidos, por exemplo. Já o Brasil, apesar do grande potencial agrícola, por ser dominado por uma elite avessa ao progresso, nunca passou por uma Reforma Agrária, o que impede de consolidar um projeto nacional de desenvolvimento agrário sustentável e inclusivo.
O Brasil não alcançará a Justiça Social sem que realize uma verdadeira e profunda Reforma Agrária, pondo fim aos latifúndios e ao seu modo degradante de produção de commodities. Para isso, a FNL defende que o único marco temporal justo é o dia 22 de abril de 1500, reafirmando o seu compromisso com a luta pela demarcação das terras indígenas, quilombolas e dos demais povos tradicionais, com a garantia do direito sagrado às terras em que viveram seus ancestrais, bem como, destinando as terras agricultáveis a aqueles que nela vivem e trabalham.
Assim, reafirmamos a nossa SOLIDARIEDADE aos lutadores e lutadoras militantes do MST, ressaltando que o nosso principal inimigo é a elite burguesa e o seu estado e que, por isso, estaremos juntos nos campos de batalha e nas trincheiras da luta por terra, por justiça e pela nossa liberdade, ao passo em que salientamos que toda luta realizada, seja por terra, trabalho, moradia, direitos humanos e afins, se não assimilar o paradigma da Luta de Classes, será insuficiente e ineficiente a longo prazo.
Com espírito revolucionário e nutridos de esperança, a Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade coloca toda a sua militância em prontidão para o efetivo apoio ao MST da Bahia, na certeza de que nos encontraremos nas ruas e nas praças, marchando no mesmo sentido, com o compromisso de derrotarmos juntos o Capitalismo e o seu estado, assim (só assim), construirmos o SOCIALISMO, rumo à Emancipação Humana.
TERRA, TRABALHO MORADIA E LIBERDADE
COORDENAÇÃO NACIONAL
FRENTE NACIONAL DE LUTA – CAMPO E CIDADE