A prisão realizada pela Polícia Federal contra “terroristas” do Hesbolá, partido islâmico e mais popular do Líbano, é uma provocação contra o movimento em defesa da Palestina. Dois homens foram presos e 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Há outros dois alvos de pedido de prisão que estão no Líbano. Um dos presos foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, ao chegar de uma viagem do Líbano.
A alegação é que eles seriam financiados pelo Hesbolá e ligados à organização. Ser membro de um partido político libanês, no entanto, não é crime. Por isso, a PF alegou que o grupo planejava promover atentados contra prédios da comunidade judaica no Brasil, inclusive sinagoga. A nota da polícia aponta que a “operação Trapiche” tinha o objetivo de conter “atos preparatórios de terrorismo”.
O que fica claro, no entanto, é que a burguesia usou o pretexto do combate ao “terrorismo” para prender dois homens (supostamente) ligados ao partido libanês. O Hesbolá, desde a década de 1980, está na linha de frente na luta contra o Estado de Israel. E esse é o verdadeiro crime: combater o Estado genocida de Israel. “Terrorismo” é quando os oprimidos decidem se levantar contra os opressores – isto é, o Estado sionista colocado artificialmente na Palestina pelo imperialismo.
A burguesia, ao prender os dois supostos militantes do Hesbolá, tenta intimidar todo o movimento que se opõe ao terrorismo de Estado de Israel, e ao massacre que o país colonial promove atualmente na Faixa de Gaza, ampliando o genocídio e a limpeza étnica contra palestinos iniciada em 1948.
É uma campanha orquestrada junto com a imprensa, que não poupa saliva para chamar a vanguarda da luta armada da Palestina, o Movimento Resistência Islâmica (Hamas, nas iniciais em árabe), de “terrorista”. Não surpreenderia se, como na Operação Lava Jato, essas prisões fossem dirigidas diretamente pelos Estados Unidos, principal aliado do terrorismo sionista.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva precisa ter controle sobre a Polícia Federal e destacar, com maior clareza e publicidade, o que aconteceu: quem são os mandantes da operação da PF, onde estão as provas e outros detalhes. Não pode ser uma investigação secreta, com segredo de Justiça. É preciso esclarecer exatamente o que está acontecendo. O povo brasileiro não pode aceitar uma qualquer intimidação na busca de enfraquecer o apoio à luta pela libertação da Palestina.