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Conferência do Clima

Ongueiros vão à COP28 buscar financiamento imperialista

Em 2021, a Conferência do Clima da ONU colocou mais de US$1,7 bilhão em um conjunto de ONGs que incluem a APIB, animando identitários ambientalistas

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 – COP28 -, que ocorre desde o último dia 30 e está prevista para acabar em 12 de dezembro, na cidade de Dubai, Emirados Árabes, conta com a participação de representantes de 197 países, entre eles, o Brasil. No encontro deste ano, o País levou a maior delegação da história do evento: 1.337 pessoas inscritas, quase duas vezes mais do que a Índia, país que teve a segunda maior comitiva, com 725 participantes.

Somente a delegação oficial, entre autoridades e servidores públicos, é de cerca de 400 pessoas, maior, por exemplo, do que o total de chineses inscritos (216, entre indivíduos e agentes oficiais) e o de norte-americanos (159 pessoas). A despeito de toda a demagogia que cerca a questão ambiental, está em jogo a disputa por US$420 milhões referente ao fundo criado para apoiar iniciativas no campo que interessam ao imperialismo.

Há alguns anos, os ongueiros brasileiros perceberam que podem abocanhar uma boa fatia desse montante. Na COP 26, realizada em 2021, o imperialismo chegou a colocar mais de US$1,7 bilhão na Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC), uma coalizão de organizações não governamentais (ONG) atuante na América Latina, África e Ásia, e que, no Brasil, é ligada à Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ONG que, até o ano passado, era dirigida pela atual deputada federal e ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara (PSOL-SP), ela própria chefe da delegação brasileira deste ano. Guajajara, entretanto, não é a única a se animar com a perspectiva de mais uma COP.

Segundo o jornal burguês Folha de S. Paulo, “comunidades tradicionais do Brasil estão presentes na COP28, conferência do clima da ONU”, entretanto, acrescenta o jornal, “não terão protagonismo nas principais mesas do evento e reivindicam mais destaque no debate sobre as mudanças climáticas”. (Quilombolas vão à COP28 cobrar justiça climática” Tayguara Ribeiro, 2/12/2023). Por meio de uma linguagem própria e altamente demagógica, a Folha defende a participação de grupos mais alinhados ao imperialismo e menos ao governo brasileiro:

“Para Bárbara Barbosa, coordenadora de justiça racial e de gênero da Oxfam Brasil, o tema ambiental está sendo discutido de forma invertida, pautado por empresas e governos.” (Idem). Citando Barbosa, a matéria prossegue informando que “as pessoas que vivem nas florestas não têm sido consideradas. As comunidades protegem as matas, os rios. Já os latifúndios são responsáveis pelo colapso ambiental, climático”, diz a funcionária da ONG Oxfam, concluindo: “É super importante ver essas pessoas participando das discussões em alto nível [como a COP], mas há uma certa frustração por não estarem no centro do debate” (Idem).

Outra “especialista” entrevistada por Folha é Letícia Santiago de Moraes, vice-presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas. Segundo o jornal golpista, “apesar da falta de protagonismo nos debates do evento de Dubai, ela [Moraes] ressalta a importância de fazer contato com comunidades de outros estados e países para melhorar a articulação em defesa dos direitos coletivos”. Na sequência, a Folha abre aspas para a ongueira:

“É preciso pensar a emergência climática a partir das comunidades. São essas pessoas que estão em vulnerabilidade, que sofrem com as secas, queimadas. É preciso dialogar. Quem vive as grandes ameaças da exploração de madeira, do garimpo, do petróleo somos nós”, disse, já deixando em aberto uma retomada aos ataques contra o Brasil e a exploração de petróleo na Margem Equatorial, medida que enfrenta uma severa oposição dos identitários do clima, em especial a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (REDE).

Menos afeito às demagogias imperialistas, o jornal bolsonarista Diário do Poder criticou a delegação brasileira na COP:

“Um dos aspectos que mais impressionam, na espalhafatosa comitiva brasileira na COP28, em Dubai, é a presença de número impressionantes de indígenas e de falsos indígenas, que seriam representante de ONGs usando cocares e empenhados em tomar dinheiro de fundos de ‘investidores’ na área ambiental”, escreveu o órgão (Tem até ‘ongueiro’ fantasiado de índio passando pires em Dubai, 2/12/2023).

“Até agora não foi possível perceber a presença de representantes de povos originários de outras origens”, continuou o jornal, acrescentando uma fala de um participante sobre a comitiva brasileira: “Não vi índio de país nenhum”, disse o empresário ouvido pelo Diário do Poder, que continua: “nem vi representantes de povos originários da América Latina, de países andinos, dos Estados Unidos ou da Austrália, nada. Só brasileiros”, conclui (Idem).

Conforme os termos do Acordo de Paris de dezembro de 2015, os países desenvolvidos deverão dispensar 100 bilhões de dólares por ano aos países atrasados. Embora reclamada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os valores destinados pelas nações imperialistas continuam longe do prometido na capital francesa. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre fundos públicos oriundo de acordos bilaterais, multilaterais, linhas de crédito e recursos privados, o ano de 2021 (último estudado pela organização) contou com US$89,6 bilhões, o que já constitui o maior valor movimentado desde 2013.

Embora seja do interesse do imperialismo, a ditadura global demonstra-se reticente com a forma de fazê-lo. O investimento direto em ONGs parece cumprir esta lacuna no plano, um meio de garantir que os recursos irão para as mãos certas e atenderão exatamente às demandas das forças imperialistas.

Em sua participação na COP, Sônia Guajajara, defendeu demagogicamente nesse domingo ser “muito importante” que o financiamento chegue diretamente aos índios. Enquanto isso, ongueiros do Brasil e do mundo usam as armas que dispõem para mostrarem-se capazes de atender o setor mais poderoso da burguesia mundial e, com isso, levarem sua parte, custe o que custar.

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