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Chega de Chacina

Onda de repressão continua nas comunidades de São Paulo

Recentes acontecimentos e inúmeros relatos de moradores, apontam que a policia continua aterrorizando e matando moradores no Guarujá e Santos

O estado de São Paulo está testemunhando um cenário de medo e violência. A Operação Escudo completa um mês de terror em 31 de agosto. Com ela, surge um registro alarmante de mortes, repressão policial e denúncias de abuso. Um dos recentes episódios envolveu a morte de Luiz Gustavo Costa Campos, um adolescente de apenas 15 anos, que se tornou a 23ª vítima fatal da Polícia Militar no âmbito dessa operação. É importante ressaltar que esse número, chocante por si só,  está subestimado perante o verdadeiro alcance da tragédia, já que a população denuncia um número ainda maior de mortes do que o oficialmente relatado.

Sobre o caso do garoto de 15 anos, segundo o boletim de ocorrência, os policiais afirmam que Luiz teria sacado uma pistola e apontado em sua direção, resultando em um confronto no qual ele foi morto em legítima defesa. Entretanto, familiares e testemunhas discordam dessa versão dos eventos, alegando que o adolescente não tinha qualquer envolvimento com o crime e estava a caminho de uma consulta com o dentista, acompanhado por um amigo.

Testemunhas oculares relatam que, após o incidente, os policiais arrastaram Luiz até uma área de mangue na comunidade do Cantagalo, no Jardim Três Marias, onde ele foi morto. Segundo seus familiares, Luiz, também conhecido como Peu, vinha de um contexto familiar vulnerável e morava com uma cuidadora há mais de um ano.

Moradores locais questionam veementemente a versão oficial, alegando que não se tratou de uma morte, mas sim de uma verdadeira   execução do jovem. Além disso, acusam os policiais de terem retirado a bala do corpo de Luiz, que foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não sobreviveu aos ferimentos.

Outro incidente recente na operação envolveu um homem de 43 anos, baleado por uma equipe do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), no Morro do José Menino, em Santos. A ação ocorreu durante uma incursão da polícia na manhã de quarta-feira (30). Segundo informações, o homem tinha antecedentes criminais, mas nada justifica a ação policial que para assassiná-lo invadiu a sua casa, deixando a casa totalmente destruída e o morador gravemente ferido.

A Operação Escudo teve início após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, membro das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em Guarujá, no dia 28 de julho. Com a participação de 600 agentes de diversos batalhões do estado, a operação justifica que tem como objetivo combater o tráfico de drogas no litoral, mas é evidentemente uma ação terrorista de vingança contra a população.

Em um mês de operação, foram efetuadas 634 prisões e registradas 23 mortes decorrentes de intervenção policial no Guarujá e em Santos. Essa crescente letalidade policial mostra o avanço do estado ditatorial contra a população pobre, com 33 mortes registradas em julho e outras 33 entre 1º e 26 de agosto.

A comunidade, indignada com os acontecimentos, faz relatos que demonstra qual é a situação que a população está vivendo:

“O menino tá vivo, não é nem criminoso, não é envolvido e mesmo assim eles balearam e deixaram agonizando, se não fosse pelos moradores chamar o SAMU ele estaria morto.” relatou uma moradora. Uma mãe desabafou: “Horário da saída das crianças eles nem ligaram, crianças na rua eles não ligaram. Ah lembrei as crianças têm que ficar trancadas dentro de casa pra eles entrarem na favela como eles bem entenderem neh, palmas pra eles aí, eles estão certo, nós que moramos na favela estamos errados.”
Um ambulante, que foi testemunha da ação, completou:  “Olha aí os moradores tiveram que chamar a ambulância, eles não estão respeitando ninguém, um monte de criança na rua.”  Outro morador denunciou: “O fato que ocorreu foi que ele estava saindo de casa, e voltando logo depois, nesse meio tempo a polícia chegou, a reação dele e de meia dúzia de pessoas que estavam na rua, era correr, devido à truculência em que chegaram, até a polícia solicitar que ele parasse e colocasse a mão na cabeça, e enquanto ele virava de costas, a polícia deu o primeiro disparo e o segundo enquanto ele estava caindo, que foi a bala de raspão, no total foram dois tiros. deixaram ele estirado no chão durante uma hora e meia.”

Em um momento crítico como esse, não há nenhuma alternativa que não seja ampliar de forma massiva  a campanha pelo fim da polícia, que apenas existe para massacrar e reprimir toda a população pobre e trabalhadora.

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