O primeiro-secretário da União da Juventude Comunista Leninista da Ucrânia (ligado ao Partido Comunista da Ucrânia, proscrito em 2015), Mikhail Kononovich, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais que “o regime de Zelensky deu luz verde para a nossa eliminação”, referindo-se também a seu irmão, Aleksander Kononovich (veja o vídeo abaixo). Ambos encontram-se em prisão domiciliar desde o dia 6 de março de 2022, quando o governo do Euromaidan os acusou de espionagem (sem comprovação) e propaganda pró-Rússia.
Appeal from Ukrainian communists threatened with death by Zelensky’s regime while under house arrest
“Mais de uma vez, um policial veio a nossa casa e ameaçou nos matar. Estamos em prisão domiciliar e não podemos ir a lugar algum, por isso estamos em uma armadilha e o regime sabe muito bem disso”, alertou o jovem dirigente, ao que concluiu: “É como na Alemanha dos anos 1930, onde os comunistas e antifascistas eram ‘foras da lei.’”
Antes da prisão domiciliar, os irmãos passaram meses desaparecidos, encarcerados pelo governo liderado por Volodymyr Zelensky, sem qualquer comunicação com o mundo exterior e de onde denunciam ter sofrido tortura. Diversos partidos e organizações de esquerda denunciaram o sequestro dos jovens no primeiro semestre do ano passado. Mesmo a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), ONG apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) repercutiu a denúncia do sequestro e da tortura sofrida pelos comunistas ucranianos:
“Ao serem perseguidos, reprimidos, sequestrados e torturados pelo Serviço de Segurança Ucraniano, agora o direito de defesa deles contra as acusações está sendo violado”, afirmou a FMJD na época, em reação ao processo farsesco que os irmãos enfrentavam antes de sua condenação à prisão domiciliar, onde seu direito de defesa fora solenemente ignorado (“Kononovich brothers, Ukrainian Communist youth leaders, confirmed to be alive“, People’s World, C.J. Atkins, 24/7/2023).
O atual regime ucraniano, é bom lembrar, nasce das cinzas das mais de 40 vítimas fatais e cerca de 200 feridos no incêndio da Casa dos Sindicatos de Odessa. Desenvolvia-se então no país o golpe conhecido como Euromaidan, organizado pelo governo dos EUA para derrubar o presidente Viktor Yanukovych. Para derrubar o governo Yanukovych, os EUA impulsionam uma extrema-direita dita pró-União Europeia e favorável à entrada do país na OTAN.
Um ano após a vitória política, com a derrubada de Yanukovych, o Partido Comunista da Ucrânia fora posto na ilegalidade, o que deu início a uma verdadeira caça a todo e qualquer opositor da ditadura ucraniana, que por sua vez, transformou o país do leste europeu em um laboratório para a extrema-direita em todo o mundo. Os eventos transcorridos desde então deixam claro que os temores dos irmãos Kononovich são muito reais, o que obriga a esquerda de todo o mundo a se solidarizar com a situação enfrentada pelos jovens comunistas e também a denunciar os crimes cometidos pelo regime ucraniano, posto à revelia da vontade popular para fazer da nação um fantoche dos interesses imperialistas no leste europeu, em especial contra o gigante vizinho, a Rússia.
Dado a ofensiva russa para se defender do vizinho abertamente hostil, a propaganda imperialista tenta a todo custo produzir uma opinião mundial favorável à suposta democracia ucraniana. A propaganda para tolos, contudo, não resiste a uma análise de situações como as denunciadas pelos jovens comunistas, que longe de evidenciar um regime democrático, colocam às claras a existência de uma feroz ditadura, subserviente aos interesses do imperialismo, que não deve ser apoiada de forma alguma pelos setores progressistas da humanidade.
