O assassinato de um candidato às vésperas das eleições equatorianas lançam uma série de questionamentos sobre a situação política no país e também na América Latina e, claro, quais seriam as possíveis intenções, ou interesses, do imperialismo por trás desses acontecimentos.
Fernando Villavicencio foi atingido por três tiros na cabeça ao sair de um comício em Quito, nesta quarta-feira (9). Foi morto por um grupo que a imprensa diz se tratar de organização criminosa colombiana internacional. Porém, o que importa aqui é que Villavicencio era um candidato de direita ao estilo bolsonarista e estava em quinto lugar na corrida presidencial. O portal UOL reportou na quinta-feira (10) que pesquisa eleitoral o colocava na segunda posição nas intenções de voto.
É difícil saber os reais motivos do assassinato, talvez a intenção seja concentrar votos em um candidato de direita ou, eventualmente, em um candidato ‘surpresa’. Não se pode também descartar que o governo Lasso, que decretou estado de exceção, esteja preparando um golpe, dado que o grupo que matou Fernando Villavicencio tenha prometido matar outras pessoas.
Além do assassinato de Fernando Villavicencio, no dia 10, um dia depois, se deu um atentado contra Estefany Puente, candidata à Assembleia Nacional do Equador, que teve seu carro atingido por tiros. Os atiradores dispararam de frente, no lado do motorista, mas Puente levou apenas tiros de raspão no braço.
Crise equatoriana
O Equador vem passando por uma grande crise desde o golpe contra Raphael Correa e sua fuga do país por estar ameaçado de prisão. Lenín Moreno, seu vice, se vendeu completamente ao imperialismo, ele foi o homem que os Estados Unidos compraram para que entregasse Julian Assange, que havia se refugiado na embaixada equatoriana, em Londres.
A pandemia agravou a crise econômica equatoriana, enquanto o quadro político venha se deteriorando, ao ponto de Guillermo Lasso ter antecipado as eleições, pois claramente perdia sua capacidade de governar.
Posição estratégica
O Equador é produtor de petróleo e gás, faz fronteira com Peru e Colômbia, país que os Estados Unidos controlam militarmente sob a desculpa de combater o tráfico de drogas. Há, portanto, uma possibilidade de que essa dominação se estenda e transforme também o Equador em outro enclave americano na América do Sul.
A crise internacional do imperialismo aumenta a importância de se dominar essa região, pois o imperialismo desenvolveu uma dependência da tecnologia de ponta em relação à China, e do gás e petróleo russos. Dois importantes setores da economia que não controla efetivamente.
Existe ainda a questão do Triângulo do Lítio, formado por Argentina, Bolívia e Chile. O lítio é um recurso estratégico para isso que deram os nomes de ‘transição verde’ e/ou ‘transição energética’. O próprio Elon Musk se notabilizou por assumir publicamente que, devido a seu interesse em produzir baterias de lítio para carros elétricos, ajudou a promover o sangrento golpe de Estado na Bolívia.
A questão do Lítio, mostra o interesse do imperialismo em apoiar e controlar um governo capacho como o de Gabriel Boric, no Chile, que recentemente tentou formar, com Gustavo Petro, (presidente colombiano) e o PSOL, uma alternativa ao Foro de São Paulo.
Observando o mapa, vemos que o Equador faz fronteira com Colômbia e Peru, países com forte influência dos Estados Unidos e seu controle aumentaria em muito a pressão do imperialismo sobre a região, especialmente porque a aproximação brasileira com China e Rússia está cada vez mais forte. Lembrando que a Argentina também tem estreitado relações com os chineses e pretende se juntar ao BRICS.
Caso consiga consolidar seu domínio sobre o Equador, o imperialismo americano controlar toda a parte da América do Sul banhada pelo Oceano Pacífico.
A América do Sul é praticamente uma reserva do imperialismo americano, que mais do que nunca precisa dominar recursos e mercados. A instabilidade política na região é um reflexo da crise do imperialismo, que encontra uma verdadeira rebelião na África, no Oriente Médio e demais continentes.
É importante acompanhar os desdobramentos políticos no Equador, pois eles podem ser um balão de ensaio para o que pode ocorrer em outros países. Os países menores são mais fáceis de controlar e é por aí que começam a aparecer as ações mais contundentes do imperialismo, como a onda de golpes de Estado judiciais que se primeiro vimos em Honduras e que logo se alastrou pelo continente e em seguida pelo mundo.
A classe trabalhadora precisa estar atenta e, principalmente, combater os setores da esquerda filoimperialista brasileira, que já se coloca ao lado do imperialismo e promete apoiar um eventual golpe contra o governo petista, como fizeram em 2016.