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Clima de "tranquilidade"

O que os golpistas estão esperando para atacar Lula?

Estão esperando que as condições objetivas estejam dadas. Sem elas, a ofensiva golpista que já se desenvolve nos bastidores tenderia a fracassar.

Há algumas semanas os principais órgãos da imprensa burguesa, porta-vozes da burguesia nacional e do imperialismo no Brasil, se viram diante da necessidade de reduzir seus ataques mais incisivos contra o governo Lula, dando lugar a certo clima de trégua, de tranquilidade.

O que ocasionou essa “mudança de humor”? A somatória de vários fatores. Por um lado, desde o início do governo, Lula vem trabalhando para realizar seu programa nacionalista de reindustrialização e desenvolvimento do país. Muito embora esteja cercado de todos os lados, sendo constantemente sabotado pela burguesia, tanto dentro como fora do governo, foi possível a Lula trabalhar na brecha e implementar medidas que promoveram certo crescimento econômico para o país e uma melhora de vida imediata para a população brasileira.

Dentre elas estão a retomada do Bolsa Família (aumentado o valor do antigo Auxílio Brasil); o aumento real do salário mínimo (embora tenha sido um aumento tímido); o aumento da faixa de isenção do imposto de renda (embora devesse ter aumentado mais); a retomada do Programa Mais Médicos; a criação do Desenrola (programa para renegociação de dívidas); sancionou o novo Minha Casa Minha Vida (aumentando as faixas de renda que serão contempladas pelo programa); pôs fim à política de Preço de Paridade Internacional (diminuindo o valor dos combustíveis e do gás de cozinha); cancelou a privatização de várias estatais etc.

Por outro lado, houve a aprovação do novo Arcabouço Fiscal e da Reforma Tributária. O primeiro, de início, permitiria que várias áreas do orçamento e programas sociais pudessem ultrapassar o teto de gastos instituído pelo governo golpista de Michel Temer. Contudo, a burguesia conseguiu modificá-lo, reduzindo o espaço de atuação do governo, de forma a atender melhor aos interesses dela. Quanto à Reforma Tributária, as mudanças promovidas no sistema tributário beneficiaram a burguesia, sem alterar positivamente a vida do trabalhador.

O conjunto desses acontecimentos permitiu um sutil crescimento econômico do país, diminuição da inflação e uma melhoria imediata da vida do povo.

É verdade que nenhuma dessas medidas altera a estrutura do regime político brasileiro. Contudo, foram capazes de prover melhorias imediatas na vida da população em geral, resultando em índices positivos de popularidade tanto por parte da classe operária quanto da classe média (mesmo entre eleitores de Bolsonaro).

Diante desse cenário de relativa estabilidade econômica, estão temporariamente ausentes as condições objetivas para um golpe de Estado no plano imediato. Esta é uma das razões para o cenário de tranquilidade pintado pela burguesia. Não é que a burguesia mudou sua opinião sobre Lula. O imperialismo, sendo a classe mais consciente de si na atualidade, sabe muito bem das intenções nacionalistas de Lula, algo inaceitável para o império. Contudo, um golpe de Estado sem as condições objetivas seria um aventura política, que poderia resultar em um levante popular e em uma derrota catastrófica para o imperialismo.

Assim, a burguesia pinta uma clima de tranquilidade, de “bom humor do mercado”, a fim de desarmar Lula e PT contra a ofensiva golpista que continua em andamento às escondidas.

Ao mesmo tempo em que trabalha para fazer o governo abaixar a guarda, ficando desguarnecido, a burguesia continua sua política de sabotagem ao programa nacionalista de Lula. No Congresso, não é aprovada nenhuma proposta do governo que poderia causar uma mudança na conjuntura política de forma a impulsionar o desenvolvimento nacional e promover mudanças significativas e duradouras na qualidade de vida do povo.

As melhorias que ocorreram nesse primeiro semestre do governo foram decorrentes de medidas superficiais. Logo, são melhorias temporárias, caracterizando uma situação instável, que pode mudar a qualquer momento. E, para conseguir aprová-las, o governo Lula é sistematicamente chantageado pela Câmara dos Deputados, que vem expropriando o governo através de aproximações sucessivas, obrigando-a ceder ministérios e liberar bilhões e bilhões em emendas.

Isto torna o governo fica cada vez mais enfraquecido do ponto de vista institucional e contribui para desmoralizá-lo perante a população.

No que diz respeito a medidas que poderiam ser tomadas sem passar pelo Congresso, o imperialismo se utiliza de sua máquina de propaganda e, principalmente, de seus agentes locais para sabotar o governo. Caso emblemático é o de Marina Silva que, como ministra do Meio Ambiente, determinou ao IBAMA que negasse licença ambiental à Petrobrás, impedindo a empresa de realizar estudos na Bacia da Foz do Amazonas, para eventualmente explorar o petróleo existente na região.

Paralelamente a esse cenário, a burguesia (através do STF e do TSE) promove uma perseguição política contra Bolsonaro e o movimento bolsonarista em geral. Com quais finalidades? Limpar o terreno político para a direita civilizada viabilizar uma candidatura da 3ª Via para 2026 (ou seja, uma pessoa de confiança do); e conter a extrema-direita, de forma que o bolsonarismo não consiga capitalizar em cima ofensiva golpista, quando essa for desatada contra Lula.

Assim, o que os golpistas estão esperando para atacar Lula?

Estão esperando que as condições objetivas estejam dadas. Ou melhor, estão trabalhando para criar essas condições.

E quais são elas?

  • Que a extrema-direita esteja contida, controlada; que seja coadjuvante na conjuntura política, sob o controle da direita “civilizada”, como era antes do golpe de 2016. Contida, o terreno eleitoral estaria livre para a 3ª Via em 2026, caso o golpe contra Lula assuma a forma de um estelionato eleitoral. Em caso de um golpe aberto, a contenção do bolsonarismo serve para que a burguesia mantenha a extrema-direita sobre controle, evitando que ela ganhe mais poder do que o imperialismo deseja.
  • Que haja uma crise econômica, a qual faça Lula perder sua popularidade perante os trabalhadores.Uma crise econômica reduziria a qualidade de vida da classe operária, de forma que Lula perderia seu apoio. Diminuiria também a qualidade de vida da classe média, gerando revolta na mesma, a qual seria aproveitada pela burguesia para impulsionar manifestações golpistas contra o governo. Tendo perdido grande parte do apoio dos trabalhadores, em razão da crise, Lula ficaria completamente vulnerável a essas manifestações.

Soma-se a isto a completa ausência de poder de Lula sobre as instituições do Estado, e estariam configuradas as condições objetivas para desatar a ofensiva golpista.

Sem que essas condições estejam dadas, caso a burguesia passe a promover uma política de ataque aberto contra Lula, é provável que ela não consiga controlar a polarização. Assim, ou a ofensiva golpista seria fracassada, resultando em uma vitória dos trabalhadores, mesmo que parcial; ou a extrema-direita tomaria a ofensiva para si, saindo mais fortalecida.

Desnecessário dizer que a burguesia não quer uma vitória dos trabalhadores. Porém, no presente momento, não quer que a extrema-direita se fortaleça, pois o fascismo é uma medida de última instância.

Assim, embora a direita tenha dado uma relativa trégua a Lula, trata-se de uma situação temporária, instável.

Os planos golpistas continuam por detrás das cortinas, e serão desatados quando as condições objetivas estiveram dadas

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