Na última terça-feira (14), na reunião do conselho técnico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), grande parte dos clubes que já integram as chamadas “Ligas”, pretendiam levar à votação a proposta de reduzir o número de rebaixados do Brasileiro da Série A. O grupo deseja levar à diminuição de equipes que caíram para a Série B, de quatro para três. A ideia de antemão não foi aceita pelos clubes da Série B, que viriam também o número de vagas para o acesso da Séria A reduzidas, conforme nota emitida: “Os 20 clubes participantes da Série B de 2023 decidiram, por unanimidade, em reunião realizada nesta segunda-feira, 13, se posicionar publicamente contra a mudança na quantidade de acessos e rebaixamentos no Campeonato Brasileiro Série A, tendo em vista diversas matérias na mídia esportiva indicando que alguns clubes pretendem propor a modificação do atual número de 4 (quatro) clubes para 3 (três) clubes. O posicionamento foi encaminhado para o Presidente da CBF, Sr. Ednaldo Rodrigues, na manhã de hoje (14)”.
A CBF decidiu não levar a votação adiante, emitindo um parecer de que a medida afetaria todas as séries do Brasileiro. Portanto, não poderia ser feito de um dia para o outro. A alegação é de que haveria efeito sobre os regulamentos dos times das Séries A, B, C e D. E os regulamentos das terceiras e quarta divisões não têm dois anos como prevê o Estatuto do Torcedor.
O ponto central da discussão envolve a suposta “estabilidade” do campeonato e o envolvimento das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs). Os primeiros clubes a virarem SAFs, estão sendo os clubes “menores” ou clubes que há pouco tempo estavam na segunda divisão, como o Cruzeiro. Se olharmos com cuidado os primeiros clubes a serem entregues para os capitalistas foram Cruzeiro, Vasco, Botafogo etc. Clubes que ainda possuem instabilidade e poderiam retornar a série B nos próximos anos. Para os compradores da SAF, uma queda para a segunda divisão seria catastrófica, visto que teriam uma sua receita diminuída pela metade. Por exemplo, o Grêmio do Rio Grande do Sul, calculou que perdeu 70 milhões de reais no ano devido à queda para a segunda divisão no de 2021.
As SAFs, como podemos ver, já estão fazendo diversas reivindicações para alterar a própria lei que as regula, e como estamos vendo, já pretendem criar uma suposta estabilidade no campeonato para manter suas lucratividades no mais alto nível, visto que um descenso para a série B afetaria diretamente seu caixa. Entregar os clubes do maior campeonato do mundo para tubarões do capitalismo, não somente enfraquece o campeonato, como também poderá facilmente quebrar clubes seculares, pois, a qualquer momento, esses “investidores” podem retirar o dinheiro e reinvestir em outro mercado deixando o clube na berlinda, visto que não possuem nenhum vínculo sentimental com este e com o país. Os torcedores, verdadeiros proprietários dos clubes, devem ser organizar e discutir um amplo movimento para o bloqueio das sociedades anônimas, um processo de privatização e entrega do futebol brasileiro, o maior patrimônio mundial do esporte.