Entrevistado pelo jornal norte-americano The New York Time, o engenheiro de software Colin Lohner, de 27 anos, expressou uma encruzilhada que vivem alguns norte-americanos progressistas: “Não quero votar em alguém que não esteja alinhado com os meus valores pessoais, como Biden mostrou que não está quando se trata de Gaza”, disse Lohner, questionando, porém: “voto em Biden ou não voto? Isso é realmente difícil, porque se eu não votar em Biden, abro a possibilidade de Trump vencer, e realmente não quero isso” (“Poll Finds Wide Disapproval of Biden on Gaza, and Little Room to Shift Gears”, Jonathan Weisman, Ruth Igielnik e Alyce McFadden, 19/12/2023). O dilema do jovem, no entanto, não é seguido por muitos compatriotas.
O custo político do genocídio realizado por “Israel” contra os palestinos em Gaza torna o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, um fardo para os países imperialistas, sobretudo os EUA.
“Se a eleição presidencial fosse hoje”, informa outra matéria do mesmo órgão, porém traduzida e publicada no brasileiro Estado de S. Paulo, “Donald Trump poderia muito bem vencê-la. Pesquisas de vários institutos mostram-no ganhando terreno em relação a Joe Biden, vencendo em cinco dos seis Estados tradicionalmente indefinidos eleitoralmente e atraindo apoio de aproximadamente 20% dos negros e 40% dos latinos nesses Estados” (“O segredo do sucesso do Trumpismo não é o autoritarismo; leia a análise”, Matthew Schmitz, 19/12/2023).
Há tempos o presidente norte-americano amarga uma impopularidade elevada, porém o 7 de Outubro piorou o que já era ruim. Apesar de toda a propaganda favorável a “Israel”, os bombardeios criminosos contra a população civil da Faixa de Gaza, acarretando a morte de cerca de 20 mil palestinos, sendo as mulheres e as crianças o principal grupo no mais horripilante morticínio visto pela humanidade em muitas décadas.
Outra matéria, publicado pelo russo RT, indica o quão pressionados estão os líderes de aliados tradicionais do sionismo, como Alemanha, França e até mesmo o Reino Unido:
“Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido pediram a Israel que pare de bombardear Gaza no domingo em um editorial conjunto publicado no Sunday Times e Welt am Sonntag. Seu homólogo francês ecoou a demanda durante uma coletiva de imprensa com o ministro das Relações Exteriores israelense mais tarde naquele dia.” (“Western diplomats demand Gaza ceasefire”, 17/12/2023).
Embasando a afirmação, a matéria do órgão russo traz declarações do alto escalão dos governos dos principais países europeus: “‘Muitos civis foram mortos,’ escreveram o secretário de Assuntos Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, e a ministra dos Assuntos Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock. ‘O governo israelense deve fazer mais para discriminar suficientemente entre terroristas e civis, garantindo que sua campanha atinja líderes e agentes do Hamas’”, informa RT, acrescentando que “a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, pediu um ‘trégua imediata’ de modo a permitir ‘avançar em direção a um cessar-fogo para obter a libertação dos reféns, para permitir o acesso e a entrega de mais ajuda humanitária à população civil de Gaza, que sofre, e, de fato, avançar em direção a um cessar-fogo humanitário e ao início de uma solução política’”, conclui o artigo (Idem).
Naturalmente, não se deve esperar que considerações de caráter humanitário estejam atuando sobre a consciência de líderes europeus e americanos que tanto apoiaram o massacre horripilante cometido pelos sionistas. O que os mudou não foi outra coisa, mas a pressão popular dentro desses países, especialmente aqueles nos quais a comunidade árabe é particularmente numerosa, como França e Reino Unido. Nos EUA, como se vê, a situação não é diferente.
O principal fiador dos crimes cometidos por “Israel” prepara-se para entrar em ano eleitoral, com uma encruzilhada muito pior do que a do jovem engenheiro de software supracitado. Por um fim ao conflito em Gaza em termos que invariavelmente fortaleceriam o Hamas e consequentemente, seria catastrófico para o regime sionista; ou manter a ofensiva e ver o pouco capital eleitoral que o democrata ainda dispõe ser corroído, ameaçando um retorno de Donald Trump à Casa Branca, o que implicaria em uma derrota do imperialismo no seu país mais importante.
Independentemente do desfecho da crise atual, ela não será boa para o imperialismo. De solução para o controle dos palestinos com a máxima brutalidade, a política nazista de Netanyahu fez do líder israelense um grave problema para a ditadura global. O que é bom.