Obrigado, Pelé!

Uma multidão se despede do Rei Pelé, em Santos

Nossos correspondentes, Juliano Lopes e Henrique Áreas, foram ao velório do Rei, na Vila Belmiro, que acontece nessa segunda e terça feiras

– Por Henrique Áreas e Juliano Lopes, de Santos, para o DCO e o Zona do Agrião

Não era dia de jogo. No entanto, os arredores do estádio Urbano Caldeira, a charmosa Vila Belmiro, estava lotado. As principais vias em volta do estádio estavam fechadas e uma multidão ia e voltava.

É a última vez que Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, enche o estádio onde conquistou muitas vitórias, o estádio do clube que o projetou para o mundo e que o transformou no monarca do futebol.

Chegamos em Santos pela manhã. Enfrentamos fila para descer a serra do mar, enfrentamos congestionamento para entrar na cidade. É certo que a maior cidade do litoral paulista está em alta temporada, mas nessa segunda e terça feiras as atenções da cidade estão voltada a Pelé. Assim que se chega em Santos somos recepcionados por uma estátua. Não a estátua de uma pessoa, era a estátua de uma camisa 10, a camisa toda branca do Santos que Pelé imortalizou.

Entrando na cidade, várias faixas dizem: “obrigado, Pelé”. As bandeiras estão a meio mastro. Santos está de luto; o Brasil está de luto.

No caminho para a Vila Belmiro, passamos por um centro de treinamento do Santos, dos Meninos da Vila. “Aqui, o futebol é arte”, anunciava os dizeres logo na entrada do CT. E Pelé foi o maior artista da bola que o mundo já viu.

Pelé faleceu no dia 29 de dezembro, por complicações decorrentes de um câncer no cólon. Ele estava internado havia cerca de um mês.

O velório foi marcado após a passagem de ano. A Vila Belmiro preparou-se para receber o corpo do Rei e a multidão que foi se despedir dele.

Caminhando pelas ruas ao redor da Vila Belmiro, a movimentação era de jogo de futebol. Os flanelinhas batalhavam para arranjar uma vaga de estacionamento para os carros, ainda que fosse em local proibido, os camelôs vendendo camisas e bandeiras penduradas nas cordas entre as árvores e os postes, vendedores de bebida ofereciam algum refresco para aliviar o calor de Santos.

As torcidas organizadas do Santos balançavam seus bandeirões e penduraram suas faixas em homenagem a Pelé. Na madrugada, os torcedores receberam o carro que trouxe o corpo de Pelé com fogos e cantos da torcida. Afinal, era Pelé, o maior dos maiores, entrando em campo pela última vez.

Chegando à Vila Belmiro, uma enorme fila para entrar no estádio serpenteava as calçadas do bairro. Era difícil fazer a conta do tamanho da fila, mais de 10 quarteirões, com certeza. E o povo lá, debaixo do sol escaldante, esperando a sua vez para se despedir do Rei.

Procurar o fim da fila era o primeiro desafia. Anda um quarteirão, vira uma esquina, e outra, e mais outra, segue reto, mais gente, mais fila, vira outra esquina, segue reto, achamos. E mais gente chegando, sem parar. Ficamos quase duas horas e meia na fila.

Fila interminável é uma figura de linguagem para demostrar que uma fila está muito grande e que vai demorar muito tempo para chegar a sua vez. Mas ela não é interminável de verdade.

A fila para se despedir de Pelé era a verdadeira fila interminável. Ela não diminuía de tamanho, aumentava muito mais rápido. E a cada minuto que passava, ela aumentava alguns metros. O fim da fila, que na realidade era o começo dela, ia aumentando, de quarteirão em quarteirão. Se o corpo de Pelé ficasse ali, eternamente, a fila não acabaria nunca, numa peregrinação constante e eterna para visitar o Rei.

A busca pelo fim da fila

Passamos mais tarde por lá, já a noite, e a fila era maior, muito maior. E não parava de aumentar. As visitas ao Rei estão programadas para durarem 24 horas, começaram às 10h da segunda-feira (2) e vão até as 10h desta terça (3). Depois, o corpo de Pelé será levado ao cemitério em cortejo pela cidade. Cortejo que deve se transformar numa verdadeira promissão.

Para ver o Rei, pessoas de várias idades, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, homens, mulheres, moças. Todos reconhecendo em Pelé a Sua Majestade.

A maioria com a camisa do Santos, lógico, muitos com a camisa da Seleção, mas muitos também com camisas de outros clubes. O Rei do futebol de todo o povo brasileiro. Lembrou o samba “Obrigado, Pelé”, escrito por Miguel Gustavo, que diz:

“Você tem o seu clube, eu tenho o meu
Escrete, cada país possui o seu
Mas quando Pelé balança o marcador
Em todo mundo vibra o torcedor de pé”

O futebol arte é universal como a arte é universal. Por isso, quando Pelé jogava, o mundo todo vibrava, todas as camisas vibravam.

Finalmente, quando se entra no estádio, avistamos as coroas de flores enviadas por jogadores, amigos, organizações, artistas, todos prestando homenagem ao Rei. Passamos pela beirada do gramado até o meio de campo, onde Pelé estava sendo velado. Ele era o dono do campo, a majestade que conhecia todos os seus atalhos, que encantou o mundo com sua arte no palco do futebol.

Obrigado, Pelé!

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