No último dia 30, segunda-feira, a Folha de S. Paulo publicou uma matéria sobre o processo de demarcação da terra indígena em seu sítio. A matéria apresenta um teor clientelista que beira o ridículo, e coloca Collor em posição de “herói”, por sua suposta atuação em “defesa” dos índios ianomami.
Fato é que a matéria não se esforça em esconder seus interesses alinhados com os interesses dos grandes capitalistas, assim como foi e é Collor, interlocutor do neoliberalismo e cachorro do imperialismo.
A matéria se inicia apresentando a situação de 1992 e a situação anterior ao ano, ano no qual foi publicado o decreto pelo Presidente na época. É narrada uma verdadeira situação de caos e tragédia, troca de tiro entre policiais federais e policiais militares, explosões de pistas de pouso clandestino, e o jornal afirma que “a situação drástica dos yanomamis já corria o mundo, especialmente após os contatos com brancos por causa da empreitada militar da Calha Norte nos anos 1970 e da invasão de garimpeiros na década seguinte.”
Em seguida, é apresentado como algo progressista e pró-indígena as movimentações do governo no sentido da demarcação das terras indígenas e criação das reservas por parte de Collor, mas na verdade se trata do contrário. A matéria diz que “o trabalho inicial consistia em avaliar as denúncias e entender o que se passava com os Yanomami, devastados por doenças, drogas, estupros e prostituição, além dos efeitos deletérios do garimpo para a saúde das pessoas e do meio ambiente. As investigações culminariam numa ação declaratória, anos depois, para a demarcação do território.”
Foi então que, depois de algumas movimentações, entraram em contato com Davi Kopenawa. “Foi quando decidimos convidar o Davi [Kopenawa] a aceitar, em nome da Survival, um prêmio. Isso daria plataforma ao Davi na Suécia. E organizamos no parlamento britânico, em Londres, para o Davi falar aos governos europeus da situação, junto à Claudia Andujar. Esse foi o momento chave”, declarou Fiona Watson, uma diretora de pesquisas da Survival International.
Por fim, após denunciar o que qualquer um minimamente consciente da situação dos índios no Brasil com relação à corrupção, conflito com latifundiários, grileiros e garimpeiros vivem, e ainda fingir surpresa, um trecho da matéria se apresenta de forma a induzir o leitor a acreditar que “Collor, durante uma viagem no exterior, ficou preocupado com a imagem do Brasil, em meio aos protestos da Survival e de outras organizações contra as violações de direito dos povos indígenas. Por ter ficado chocado com a imagem do Brasil lá fora, creio que tenha tomado essa ação mais direta, afirma, sobre a criação da terra indígena que permanece a maior do Brasil.”
Após tudo isso e declarar como Collor criou a reserva de 9,6 milhões de hectares para que vivessem os ianomami, o leitor desavisado poderia acreditar no potencial progressista de Fernando Collor de Mello, o que se trata de uma farsa.
Collor é um dos maiores criminosos da história do país, além de ser um dos piores presidentes, que entregou riquezas e propagandeou o neoliberalismo como uma verdadeira máquina a serviço do império norte-americano. Um verdadeiro lesa-pátria. O governo Collor foi um dos primeiros a promover um amplo programa de privatizações, com um plano de privatizar 68 grandes estatais. Além disso, induziu verdadeiro pânico na população com o confisco da poupança, e aterrorizou a classe trabalhadora com o Plano Collor, sob o pretexto de controle da inflação.
Essa análise corrobora com a anterior conclusão do Diário Causa Operária e a política do Partido da Causa Operária, que tem afirmado firmemente o fato de que as reservas não favorecem os índios. Apenas os condena a uma miséria permanente a troco de impedir a exploração de minérios pelo próprio Brasil.
É do interesse do imperialismo e seus serviçais que as terras brasileiras permaneçam intocadas, com suas riquezas aguardando as grandes mineradoras estrangeiras para que elas possam tomar para si nossas riquezas. Por esse motivo, Kopenawa e diversas outras ONG’s, explicitamente financiadas por organizações como a Fundação Ford e outras, que advogam pela “preservação da terra dos ianomami como reservas” lutam tão ferozmente contra qualquer proposta de desenvolvimento de autonomia e modernização por parte dos povos indígenas, criando inúmeros contos da carochinha sobre uma suposta “autodeterminação” que só tem levado a fome e a miséria dos índios e que não existe de fato, tendo em vista que eles, por lei, são impedidos de explorar suas terras como bem entenderem.
Os vínculos entre o imperialismo, as ONGs e a demarcação de reservas para fazer com que indígenas vivam como animais em um zoológico está sendo amplamente abordada pelo Diário Causa Operária, como na coluna da edição do dia 29/01, “Terra indígena não é área de preservação, índios devem explorá-la”, escrita pelo colunista do DCO, Renato Farac.