O grande problema a ser enfrentado no interior do movimento dos trabalhadores é o problema das suas direções políticas. As condições de vida dos trabalhadores decaem, suas conquistas são arrancadas pelos patrões e seus representantes nas instituições do Estado, não porque o movimento em si seja fraco ou porque não esteja suficientemente organizado – embora haja, logicamente, muito para se fazer no que diz respeito à organização – mas acima de tudo pela orientação confusa das direções deste movimento poderoso e das grandes organizações sindicais.
Esta orientação deformada, por outro lado, não é mero produto da inexperiência ou da ignorância. O movimento dos bancários, assim como em geral o movimento sindical está condicionado por interesses alheiros aos seus objetivos de classe. A política de direções como o PT, o PCdoB PSOL e o PSTU não são meros produtos da falta de experiência, mas dos interesses sociais que estes partidos defendem, em particular da sua vinculação com setores da burguesia.
Os últimos acordos salarias da categoria bancária bianuais, mostra com particular clareza que todos estes setores de esquerda formam um verdadeiro sistema de contenção, de muitos braços, que atuam contra a independência dos sindicatos em relação aos banqueiros e contra o seu pleno desenvolvimento.
Para compreender essa situação é preciso analisar a última campanha salarial da categoria.
Em função da política de capitulação da burocracia sindical nas mesas de negociações com os banqueiros, não impulsionaram uma campanha salarial realmente de luta pelas reivindicações da categoria. Ao invés de impulsionar uma campanha real buscaram acordos com a Fenaban que trouxe um enorme prejuízo para o conjunto dos bancários. Não avançaram na organização sindical e política da categoria na perspectiva de mobilização para a greve dos bancários.
Ao contrário da realidade, as direções sindicais defenderam como “vitórias”, “conquistas” e “avanços” os minúsculos reajustes estabelecidos nas campanhas bianuais, nas quais os sindicalistas abandonaram a luta pela reposição integral das perdas e por aumento real dos salários e, mesmo com uma pauta de reivindicação já rebaixada, mantiveram o arrocho salarial para toda a categoria, quando aceitaram a proposta miserável dos banqueiros de 8% (a inflação somente nos gêneros alimentícios, que mais pesa no bolso do trabalhador, passou dos 14%), sendo que a inflação oficial foi de 8,83%, ou seja, a categoria já naquele ano saiu perdendo e, em 2023 o INPC mais 0,5% de “ganho real”, nesse famigerado acordo bianual. No frigir dos ovos, somando os 8% do ano de 2022 mais 0,5% deste ano, não cobre a inflação do ano passado, consequentemente mais arrocho salarial.
A “campanha salarial” no final das contas ficou reduzida em defesa da manutenção de direitos que os banqueiros tentam a todo o custo retirar: 13ª cesta alimentação, diminuição nos valore da PLR, corte nos 5 dias abonados anuais, no caso do BB, etc.
As demais reivindicações, como reajuste das perdas salariais, roubados pelos banqueiros, aumento real, estabilidade no emprego, dentre outras, embora constassem na pauta de reivindicações, não passaram de meras formalidades.
Os bancários têm sido um exemplo de combatividade entre todas as categorias, atendendo sempre aos chamados de luta em todo o país, organizando grandes e combativas greves nacionais, mas estas têm sido constantemente golpeadas, pela política, de capitulação e de acordos com os patrões, de suas direções.
Uma das questões fundamentais para os trabalhadores bancários é justamente combater essa política de capitulação das atuais direções das organizações dos trabalhadores, através de mobilização nas ruas, com a perspectiva de uma direção, classista e de luta que represente de fato os interesses da categoria. Unir todos aqueles dispostos a agrupar um ativismo, contra os banqueiros e seus asseclas, que, de fato organize uma mobilização que represente os interesses e a vontade da base da categoria.