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Intervenção imperialista

O lítio por trás das crises na Nigéria e no México

Preocupação dos Estados Unidos com as eleições na Nigéria e com o tráfico de drogas no México esconde interesses obscuros e mostram preparo para intervir nesses países

No final do mês passado, ocorreu o primeiro turno das eleições presidenciais na Nigéria. O pleito foi realizado em meio a uma crise econômica no país e teve como vencedor Bola Tinubu, figura controversa já acusada de corrupção que defendeu uma política desenvolvimentista quando governou Lagos, a maior e mais avançada cidade da nação africana. Sua vitória se deu por margem acirrada, recebendo 8,8 milhões de votos (36%) contra 6,9 milhões (29%) atribuídos ao segundo lugar, o ex-vice-presidente Atiku Abubakar.

Em um primeiro momento, não fica claro se Tinubu é favorável à política imperialista na Nigéria, algo que deve se confirmar com o desenvolver de seu mandato. De qualquer forma, o governo americano demonstrou grande interesse nas eleições nigerianas, realizando uma campanha em prol da “democracia” no país, algo que, dado o histórico intervencionista dos Estados Unidos, deve levantar grandes suspeitas.

No dia 23 de fevereiro, dias antes da abertura das urnas, Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, publicou um vídeo com Antony Blinken, secretário de Estado americano, e Samantha Power, que ocupa um cargo importante na USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), convocando o povo a participar das eleições. Uma demonstração de que o imperialismo estava de olho no pleito.

Como se sabe, tal interesse não advém de uma preocupação democrática, ou seja, de uma preocupação com a lisura e a validade do processo eleitoral, mas sim, de interesses obscuros. Prova disso é a caracterização de cada um dos participantes do vídeo citado:

Thomas-Greenfield tem um histórico de trabalhar com think tanks responsáveis por promover golpes de Estado e intervir em eleições ao redor do mundo. Ela foi membro do Conselho de Relações Estrangeiras, grupo criado em 1921 para garantir a influência dos EUA no exterior. Além disso, Greenfield também foi membro do conselho de diretores do NED (National Endowment for Democracy), organização de fachada da CIA responsável por diversos golpes ao longo da história, como na Nicarágua, na Venezuela, na Ucrânia e muitos outros.

Samatha Power, como foi mencionado, trabalha para a USAID, mais uma organização responsável por golpes e pela intervenção nas eleições de diversos países. A USAID foi banida, por exemplo, da Rússia por ser acusada de manipular o processo eleitoral do país.

Por fim, Blinken dispensa apresentação. Há décadas, é o braço direito de Biden, um dos membros mais importantes de seu gabinete e, portanto, um agente importante para o imperialismo.

Fica claro, então, que não são forças imperialistas secundárias que estão interessadas nas eleições da Nigéria, mas sim, importantes setores do imperialismo que, no geral, não se mobilizam à toa. Ao que tudo indica, trata-se de uma tentativa de intervir no processo eleitoral do país e impor uma vitória dos Estados Unidos no país para, então, espoliá-lo. E um novo achado no território nigeriano é prova disso.

Recentemente, o governo da Nigéria anunciou o descobrimento de um depósito potencialmente massivo de lítio, recurso conhecido como a gasolina do futuro, essencial para a indústria eletrônica. Para se ter uma ideia, cerca de 540.000 toneladas de carbonato de lítio, a forma do composto utilizada na indústria, foram produzidas em 2021. Número que tende a explodir para as milhões de toneladas até 2025.

Não se sabe ao certo o tamanho dos depósitos nigerianos, mas tem-se uma ideia já que se aferiu que amostras dessa reserva possuem uma concentração de lítio entre 1% e 13%. A título de comparação, normalmente, basta uma concentração de 0.4% para o início da mineração comercial. Em outras palavras, decerto que é uma área de extremo interesse aos Estados Unidos, uma justificativa mais que suficiente – dado o histórico da ditadura mundial americana – para intervir nas eleições e até mesmo invadir um país.]

No México, o quadro é parecido. Diversos congressistas americanos entraram de cabeça em uma campanha – que já dura alguns meses – de defesa de uma intervenção militar norte-americana em território mexicano. A justificativa, como é já um clichê do imperialismo, é o combate ao tráfico de drogas.

Porém, assim como no caso da Nigéria, o verdadeiro interesse dos Estados Unidos no México está em suas reservas de lítio de cerca de 235 mil hectare que, em fevereiro deste ano, foram nacionalizadas pelo governo de Lopez Obrador. Este tem levado adiante uma política de tendência nacionalista que se opõe aos planos do imperialismo para a região, entrando em contradição com os EUA.

Logo, cabe ao grande “defensor da democracia”, o Estados Unidos, invadir o país, massacrar a sua população e garantir que as empresas estrangeiras possam saquear o México – e, no mesmo sentido, a Nigéria – de todos os seus recursos naturais mais importantes. Esse é o verdadeiro interesses do imperialismo.

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