O debate que diz respeito à luta da mulher em direção à sua emancipação tem ocupado espaço cada vez maior dentre os temas mais candentes do momento, especialmente nos círculos intelectuais da esquerda. No entanto, esse é um tema que vem sendo objeto de uma enorme confusão e incompreensão sobre o verdadeiro caráter da luta da mulher para se livrar das amarras sociais que lhes são impostas, em última instância, pelo capitalismo, ou seja, pela sociedade de classes, dominada pela burguesia reacionária e decadente.
Um dos setores desse movimento, representado pelos identitários, não veem a emancipação da mulher como um dos resultados da vitória do proletariado mundial contra a exploração social do trabalho, cuja forma atual se expressa na dominação do imperialismo, a força econômica e militar responsável pela situação de opressão e miséria existente no mundo.
Tomemos como exemplo o que ocorrer hoje no Afeganistão. Os identitários não veem a expulsão do imperialismo do pobre país asiático como um fator progressista, de enorme repercussão para a luta dos povos oprimidos em todo o mundo. Se apegam a questões como a opressão das mulheres sob as leis do Talibã, que recentemente as proibiu de frequentar as universidades. Mas fica a pergunta: Sob o jugo do imperialismo as mulheres estariam em melhores condições? Os maiores criminosos da humanidade, que ocuparam e devastaram o país por 20 anos, ofereceram às afegãs condições melhores do que as que hoje lhes são impostas pelos fundamentalistas do Talibã? Não, obviamente que não.
Embora não seja dito explicitamente, a posição da esquerda pequeno-burguesa mundial (aí incluídos os círculos identitários) é pró-imperialista, de apoio ao genocídio praticado pelo imperialismo no Afeganistão, assim como em diversas outras partes do mundo. Míopes políticos, não conseguem dimensionar o alcance do significado da vitória do povo afegão contra os invasores imperialistas,
Ora, a situação de opressão da mulher afegã, assim como do conjunto das mulheres em quase todos os demais países, é uma questão econômica e somente poderá ser resolvida nos marcos de um desenvolvimento econômico que garanta a elas os direitos democráticos que atualmente lhes são negados pelo grande capital explorador, pelo imperialismo.
O Afeganistão é um país atrasado, essencialmente agrário e rural, o que o coloca entre os países mais pobres do mundo. A luta contra a pobreza e o atraso – incluindo o atraso cultural que submete as mulheres a condições sociais degradantes – não será alcançada por iniciativas do imperialismo, que cinicamente se apresenta como defensor dos direitos das afegãs, supostamente contra a “opressão” dos fundamentalistas do Talibã. Portanto, a verdadeira luta em direção a livrar as mulheres do jugo, da opressão e do atraso, passa, necessariamente, pela derrota dos maiores opressores, vale dizer, o imperialismo mundial.