Há alguns dias começaram a circular chamados para “Atos Cívicos contra o Desmonte Ambiental” que ocorrerão em cinco das maiores cidades do país, mais precisamente, neste domingo (18) em São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis, na quarta-feira (21) em Brasília e na sexta-feira (23) no Rio de Janeiro.
A primeira coisa que se destaca é justamente o nome que a organização do ato, sobre a qual discorreremos mais a frente, escolheu para as manifestações: “Ato Cívico”. Ao ler “ato cívico” é impossível não se lembrar dos coxinhatos e do pato da FIESP que foram instrumentais para o golpe contra a presidenta Dilma em 2016. Não é estranho imaginar que estaríamos diante de um ensaio de novos coxinhatos golpistas. Mudou-se o pretexto somente: da corrupção para as pautas “ambientalistas”.
Quem está por trás da organização destes atos? Estamos diante de mais um ato organizado por toda uma rede de ONGs ambientalistas, aquelas que aderiram à campanha “Políticas ambientais ficam!”. Podemos encontrar menções às manifestações, por exemplo, nos sítios das seguintes organizações: SOS Mata Atlântica e AMDA – Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Um rápido clique na seção de parceiros e logo encontraremos gigantescos monopólios imperialistas, ou ligados ao imperialismo, como o Bradesco, a Microsoft, a AstraZeneca (cuja vacina contra a covid-19 não é mais usada no país devido aos problemas de saúde que pode acarretar naqueles com ela inoculados), o ifood (famoso pelas péssimas condições de trabalho de seus entregadores) e a Globo, no caso da SOS Mata Atlântica. Na lista das organizações que assinaram a petição “Políticas ambientais ficam!” encontraremos, também, figurinhas carimbadas da política imperialista como a WWF, o Greenpeace e o Instituto Marielle Franco, financiado por George Soros. Ou seja, trata-se de mais uma campanha do imperialismo. Estaria a burguesia imperialista realmente preocupada com o tal “desmonte ambiental” no Brasil?
Tal qual tem sido de praxe no movimento ambientalista nos últimos anos, pois nem sempre foi assim, a questão gira em torno não somente da “preservação das florestas” ou da “questão climática” como também das populações indígenas. Neste caso específico, protesta-se contra o PL 490, o PL do marco temporal, que é de fato uma verdadeira monstruosidade produto de um Congresso direitista que trabalha contra o povo brasileiro. Protesta-se também contra a MP 1150/22 e a MP 1154/23, a primeira tratando do Código Florestal e a Mata Atlântica e a segunda de um enfraquecimento do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O interessante, e pode ser um verdadeiro fator de confusão no incauto, é que no chamado aos atos ataca-se o Congresso e não o governo Lula, política, se encarada de maneira abstrata, ou seja, retirando-se os aspectos concretos, aparentemente acertada.
No entanto, as coisas não são tão simples, a campanha “Políticas ambientais ficam!” é justamente uma campanha cujo intuito é pressionar Lula a adotar a política dos ambientalistas: tudo pode parecer bonito na teoria, mas basta se lembrar do recente embate entre a Petrobrás e o Ibama, sob o controle do ministério da golpista Marina Silva, acerca da exploração de petróleo nas “proximidades” da Amazônia. Podemos também lembrar na campanha cínica feita acerca da usina de Belo Monte durante o governo Dilma. Esta campanha nada mais é do que uma campanha de pressão do imperialismo contra o governo, mascarada com esquerdismo verde de araque. A realidade é que o setor ONGueiro é um gigantesco cavalo de Tróia infiltrado no atual governo que atua contra o desenvolvimento nacional e em prol dos interesses do capital internacional, o seu patrão e patrocinador. O lado positivo da questão é que, com a luta contra o golpe desde 2014, observou-se um desenvolvimento à esquerda e uma maior tomada de consciência por parte de um importante setor popular, donde, por exemplo, o sucesso da III Conferência dos Comitês de Luta no fim de semana passado. Não é mais tão fácil enganar a todos como o fora um pouco menos de dez anos atrás.
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