O Presidente Lula foi aos Estados Unidos nesta última quinta-feira, dia 9, para se reunir com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, a fim de restabelecer uma relação do governo brasileiro com o governo norte-americano sem que o Brasil fique sob seu domínio, e de discutir com os norte-americanos a questão climática e a democracia.
O encontro é compreensível, dada a natureza das manifestações que ocorreram no Brasil no dia 8 de janeiro, com a invasão dos prédios públicos da praça dos Três Poderes e sua depredação, evento análogo à invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, que ocorreu em 6 de janeiro de 2021.
Com o encontro, a imprensa pró-imperialista não demora a ficar ouriçada, indicando com toda a força seu interesse de que Lula e o Brasil se submetam aos interesses do patrão do PIG: o governo dos Estados Unidos.
O Globo, da primeira à última manchete, disse em reportagem sobre o caso que “seria também uma excelente oportunidade para Lula deixar de lado o antiamericanismo e aprofundar a agenda comum entre as duas maiores democracias das Américas. Os dois países só teriam a ganhar.” A afirmação, muito confusa, não consegue fazer uma avaliação da realidade. O suposto “antiamericanismo” de Lula deve ser, com certeza, que Lula se recusa se submeter aos interesses imperialistas, e busca um caminho de desenvolvimento real para o Brasil que alcance a maioria da população trabalhadora. Enquanto, para O Globo e a burguesia, o que interessa é a capacidade de lucratividade com o capital financeiro.
O Globo, que já pediu o fim do BRICS em outra ocasião, faz questão de destacar em sua reportagem o interesse da burguesia e do imperialismo na integração do Brasil à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e faz questão de colocar o tópico à frente de qualquer outro. Diz que Lula não deveria se esquecer de conquistar o apoio dos Estados Unidos para que o Brasil seja aceito.
Fato perigoso para a política nacional é o suposto interesse que teriam os Estados Unidos na democracia brasileira. Todas às vezes que os Estados Unidos se interessam por alguma democracia, seus dias estão geralmente contados. O Globo diz que a agenda comum pró-democracia depende da regulação eficaz das redes sociais, mantidas por empresas norte-americanas. Mas, na verdade, a democracia depende da não-regulamentação das redes, e sim da ampla liberdade de expressão e organização. Lula deve deixar claro para Biden que quem deverá mandar no Brasil é o povo brasileiro, e não as agências de inteligência e segurança norte-americanas.
Como não poderia ser deixado de lado, um dos temas mais caros ao imperialismo também será tratado. “Outra área de interesse comum é o combate ao aquecimento global. Para preservar seus biomas, o Brasil precisará de tecnologia e investimento. Daí a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na comitiva presidencial. A nova lei ambiental americana é protecionista, e setores do governo brasileiro pretendem partir para o confronto. É importante não perder de vista o objetivo principal: preservar a Amazônia é bom para todos.”
Outra coisa que deve ser combatida por Lula é a interferência do imperialismo na Amazônia. Quem deve resolver as contradições dos povos indígenas é o governo Lula, e não as ONGs do imperialismo que sabotam o país e fortalece, o domínio imperialista em terras tupiniquins.
Por fim, a matéria do O Globo encerra elogiando a gestão Bolsonaro, o que revela o caráter extremamente direitista da imprensa imperialista, alegando que faz parte do legado positivo da gestão Bolsonaro garantir o empenho norte-americano para a entrada do Brasil na OCDE. E ainda finaliza dizendo que Lula foi ingênuo em sua posição, de criar um G20 revigorado para alcançar a paz entre Rússia e Ucrânia. Disse que a ideia desagrada americanos e europeus, e como é essa a régua do jornal O Globo, tambémo desagrada.
“O encontro com Biden oferece a Lula a oportunidade de rever suas declarações desastradas sobre o conflito russo-ucraniano”.
Lula deve, na verdade, afirmar a soberania brasileira perante o imperialismo norte-americano, e se colocar favorável ao fortalecimento do BRICS. Não é novidade que O Globo seja contra um bloco anti-imperialista, desde a eleição de Lula, O Globo já havia publicado outros artigos de opinião no mesmo sentido, um de Merval Pereira, dizendo que o Brasil não pode querer ser um ator importante no mundo, “mas é um péssimo sinal a volta da megalomania lulista de querer ser um negociador internacional — na imaginação de alguns petistas mais afoitos, até na guerra da Ucrânia. Não deu certo na negociação nuclear com o Irã e provavelmente não daria certo no atual momento”, e também em outro momento um artigo de Guga Chacra, dizendo que o Brasil deveria deixar o BRICS. Guga Chacra fecha o seu artigo afirmando categoricamente “o Brics como bloco deveria ser extinto” e alega que Lula não deveria sentar ao lado de Putin por este ser um suposto criminoso de guerra. A subserviência do Globo ao imperialismo aqui é demonstrada em seu extremo. O Brasil pode se aliar aos EUA, de longe o maior criminoso de guerra do planeta só pelo fato de ser o país que participou de mais guerras nos últimos setenta anos. Mas não pode se aliar aos russos que se protegem das agressões dos próprios EUA. Não podem se aliar aos chineses por causa da “autocracia” e aos indianos por causa do hinduísmo.
Tudo isso é uma defesa da submissão do Brasil aos EUA. O Globo é uma sucursal da imprensa norte-americana, está a serviço do governo dos EUA e do imperialismo norte-americano, sempre esteve.