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Cultura

O falso debate do racismo no hino do Rio Grande do Sul

A esquerda pequeno-burguesa pretende acabar com toda a cultura nacional, e é aí que a direita se desenvolve

Em uma publicação recente no site Esquerda Online, o militante do PSOL, Gabriel Santos, busca apresentar uma reivindicação para o problema colocado no Rio Grande do Sul, no que toca a tentativa de alterar o hino do estado, considerado por alguns como racista.

O texto afirma que a cultura do Rio Grande do Sul “É uma cultura construída a partir do confronto e vitória de um grupo social sobre os restantes. É a afirmação de uma cultura europeia, em detrimento do apagamento histórico, ou silenciamento, das culturas de povos originários e da população africana (…) O gaúcho tradicional, o “povo gaúcho” inventado, é o branco descendente de europeus. A identidade gaúcha é a afirmação da identidade da parcela branca economicamente dominante no estado”.

A lamentação do redator é que as demais culturas que não eram europeias foram massacradas pela cultura tradicional. Quando, na realidade, quase toda cultura se formou exatamente assim. Não existe no mundo uma cultura regional que não retrate e mesmo idealize os feitos do estado e a situação das coisas. Não é possível criar artificialmente uma cultura que seja totalmente democrática com todas as pessoas e povos que participaram da formação dela. 

Na realidade, o que está em marcha, não apenas no aspecto da cultura do Rio Grande do Sul mas no país inteiro, é um ataque contra a cultura nacional. E isso está sendo impulsionado pelos interesses internacionais.

É preciso dizer que o hino do Rio Grande do Sul não é racista em hipótese alguma. É um hino como qualquer outro, e o trecho polêmico dele é este:

“Mas não basta, pra ser livre

Ser forte, aguerrido e bravo

Povo que não tem virtude

Acaba por ser escravo”

Algo muito comum nos hinos estaduais ou mesmo de países é a exaltação da liberdade, a valorização de aspectos do povo e, claro, quem não luta, quem não tem alguma virtude, acaba se tornando escravo de outros interesses. Normal.

Já disse Getúlio Vargas: “mas esse povo de quem fui escravo não será escravo de ninguém”. Ele não está sendo racista com ninguém e nem defendendo o racismo. Ele está falando de si mesmo. O entendimento diverso faz parecer que a pessoa que leu realmente não se alfabetizou por completo. 

Mas a esquerda parlamentar fez o maior carnaval contra esse trecho do hino, e como “protesto” já até ficou calada e sentada em uma audiência no parlamento do Rio Grande do Sul, quando da posse dos vereadores eleitos em 2021.

É justamente diante disso que são fortalecidas as tendências da direita. Afinal, não existe gente comum que irá encampar uma “luta” pela mudança do hino de um estado, uma “luta” pela reformulação cultural que será feita de maneira totalmente artificial. A direita aparece com uma política mais normal: mantenhamos o hino como está. E, de fato, é a política mais correta para este problema. E é assim que a direita cresce. 

A esquerda pequeno burguesa está em um estado de histeria total com a questão do identitarismo. A ideia seria abolir toda cultura nacional para que, por um passe de mágica, a “nova cultura” seja implantada. 

Como conclusão, o artigo diz:
“Acredito que para a construção da cultura gaúcha verdadeira, precisamos destruir a cultura gaúcha como ela se apresenta hoje: europeia e identitária. É preciso modificar o cerne dela, seu ponto de início. É necessário discutir o papel da população negra e indígena na Guerra dos Farrapos e o papel dos Lanceiros Negros. Em Porongos tudo teve fim e teve também início, e nela encontraremos resposta. Acreditamos ainda que é pela ação política da afirmação dessas identidades excludentes no estado mais racista do Brasil que chegaremos a uma solução para o dilema da cultura gaúcha”.

Em primeiro lugar, não tem dilema nenhum na cultura gaúcha e em nenhuma outra. A cultura é o que é, resultado da atuação de milhares ou milhões de pessoas ao longo de anos, uma criação coletiva, não uma dádiva de um gênio vindo dos céus. Não é possível aparecer uma espécie de engenheiro cultural, que não gostou da cultura tal como está, destruir e construir outra cultura. Isso é impossível. 

Pelo critério de que não se pode ter uma cultura que não mostre povos oprimidos, que não seja feita por eles, a cultura toda tal como a concebemos teria que ser destruída. Seria preciso regredir dezenas de milhares de anos para tanto. 

Nenhuma organização ou militante de esquerda deve ser favorável a destruir a cultura. Seria a volta à animalidade. A cultura é complexa, formada pela ação recíproca de milhares, milhões de pessoas. A ideia de destruir toda cultura que existe é altamente impopular, e é justamente aí que a direita cresce.

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