Nesta sexta-feira, dia 13 de outubro, o veículo Brasil 247, publicou um artigo no mínimo paradoxo “O despertar da civilização ecossocialista no Tibete”. O artigo foi assinado Leonardo Sobreira.
Qual a posição do artigo?
O artigo defende o êxito do “ecossocialismo” na região do Tibete, colocando este como uma conquista do Partido Comunista Chinês. O mesmo colocar a superioridade dessa política “ecossocialista” em relação ao “comunismo” tradicional do PC Chinês, comparando o crescimento da renda per capita na cidade e no campo.
O mesmo cita o caso de Lhasa: “Em um recanto de Lhasa, o Pantanal de Lhalu emerge como emblema de uma ‘civilização ecológica’. O que outrora foi relegado a um entulho a céu aberto até o final da década de 1990, agora ressurge como o maior pantanal urbano do mundo. Os habitantes foram reassentados, os lixões a céu aberto foram limpos e as espécies locais, restauradas. Agora, o parque natural absorve 70 mil toneladas de CO2 por ano, deixando a capital tibetana em 98% dos dias com boa qualidade do ar.”
Continuando, Sobreira chegar a apontar a tendência desa nova política: “No 20° Congresso do Partido Comunista da China no ano passado, uma série de dirigentes saudou essa iniciativa como um diferencial na abordagem chinesa, criando um novo padrão de desenvolvimento aliado à preservação ambiental.”
Será real?
Para debater esse texto, deve-se discutir suas premissas. O primeiro pressuposto, e talvez mais fácil de superar, é que China seja socialista. Para ser socialista, a economia de um país teria que ser superior em temos de produção e domínio no setor de maior valor agregado.
Ligeiramente, se comparamos os PIB`s de 2022 de 24,16 T€ dos EUA, com os 17,17T€ da China, já temos a dimensão da superioridade da economia norte-americana. O cenário revela-se melhor ao comparar o PIB per capita no mesmo ano de 2022, temos 72.710 € nos EUA, contra 12.159 € na China, uma diferença de quase 6 vezes.
Ainda se falar que nas próximas décadas a economia chinesa deve ultrapassar a economia norte-americana em tamanho, uma realidade, embora tenha que enfrentar a resistência imperialista a esse desenvolvimento. Mas ainda temos a questão do atraso tecnológico e percentual do mercado de alto valor agregado, uma barreira próxima para a China, mas que o não deixar ser superado sem uma luta encaniçada.
E conclusão destes ponto, se a China não é socialista, o podemos falar dessa política. Revisionismo do marxismo, por melhores que sejam as intenções cooperam apenas com o inimigo de classe.
Qual Tibete?
Quando se fala do Tibete, com exceção das províncias de Qinghai, Gansu e Sichuan, anexadas pela China, fala-se de uma região sob domínio teocrático ao estilo do século VII. O texto cita províncias do Tibete controladas pelo governo chinês, muito embora a China veja o Tibete como sua província e não reconheça divisões, mas o texto não toca nesta questão da Região Autônoma do Tibete.
Desde o século VII a região foi unificada, dando origem ao governo, encabeçado pelos Dalai Lamas, que se exilou na Índia, em 1950.
Obsolescência
Em se tratando de Tibete, a primeira coisa que vem à mente é sua Região Autônoma, e seu governo de Dalai Lamas. Um governo baseado nos princípios filosóficos, políticos e religiosos do século VII, obsoleto em princípios.
O principal problema não está na ideologia, esta serve apenas para expressar a realidade, obscena do regime dos Dalai Lamas. Em 1949, 93% das terras e riquezas estavam nas mãos de 626 pessoas, destes 333 religiosos e 287 soldados e ministros.
Enquanto a população do Tibete estava em péssimas condições, os bens da família do Dalai Lama era 27 fazendas, 36 prados, 20.331 joias, 14.676 peças de vestuário, 6.170 servos e 102 escravos. Esse mesmo Dalai Lama que buscar o apoio do imperialismo para domina novamente sua região, uma degeneração política.
A imoralidade dos Dalai Lamas não se reduz apenas à esfera política, cruza da vida à opressão a todos os seres humanos mais frágeis. O Dalai Lama, chegou a desculpar-se por um beijo de língua dado à força em seu neto, as imagens mostram a criança consternada.
Qual o caminho
Esse trecho do texto de Sobreira é interessante: “Esta mobilização comunitária pela conservação não se limita a uma iniciativa local. No 20° Congresso do Partido Comunista da China no ano passado, uma série de dirigentes saudou essa iniciativa como um diferencial na abordagem chinesa, criando um novo padrão de desenvolvimento aliado à preservação ambiental. Não apenas para a região ecologicamente sensível do Oeste chinês, mas para o futuro de toda a China e, por extensão, do nosso planeta. Aqui desponta a primeira civilização ecossocialista da história da humanidade.”
Aparentemente, o governo chinês iníciou uma campanha em torno da questão ecológica em razão dos ataques sofridos nesses tema. Ocorre que ceder à pressão não é a melhor resposta, é louvável o governo trabalhar a qualidade de vida da população e promover o desenvolvimento local, mas é possível fazer isso justificando uma ideologia contrária aos próprios interesses.