Desde o dia em que a Palestina contra-atacou “Israel”, as redes sociais não têm visto postagens de identitários, pessoas que não tem assunto, dada a alienação dessas figuras em torno de uma política pequena, onde se preocupam mais com minúcias como uso de palavras e leis cada vez mais repressivas, que só favorecem a direita.
Durante o aumento da escalada da guerra de “Israel” para exterminar os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, personagens da ala identitária do governo simplesmente sumiram, primeiro porque não têm repertório intelectual desejável e compatível com seus cargos, sobre os temas candentes da política internacional, segundo porque estão com o imperialismo.
Figuras como Silvio Almeida, Sonia Guajajara e Anielle Franco estão em profundo silêncio sobre a intensificação dos bombardeios e do genocídio na Faixa de Gaza. O primeiro é ministro dos “Direitos Humanos”, sequer condenou a violência e os crimes contra a humanidade cometidos por “Israel”; a segunda, desde que a guerra escalou, concedeu entrevista à Time sobre “empoderamento feminino”, e a terceira, apareceu em público para dizer que o termo “buraco negro” é um termo racista.
Esses três casos colocam em evidência a falência intelectual e política do identitarismo, pois em um momento agudo como da escalada sangrenta da guerra macabra contra Gaza, com a destruição da região em um cenário de apocalipse, com cerca de 3500 criança mortas por bombardeios intensos e uso do ilegal fósforo branco. O racismo perpetrado por “Israel” contra os palestinos sequer é tema para a ministra da “Igualdade racial”.
“Israel” empreende uma das mais sanguinárias histórias de limpeza étnica e de apartheid que o mundo já viu, numa demonstração de barbárie e de realização de um genocídio transmitido ao vivo para todo o planeta, escancarando, por completo, o caráter colonizador da política sionista. O extermínio dá lugar a conquista de cada território palestino em favor dos sionistas israelenses.
Deste modo, enquanto “Israel” empreende a colonização, realizando o apartheid contra os palestinos, os “decoloniais” não dão um pio sobre essa política, assistem a tudo sem sequer colocar suas condições de pertencerem ao poder executivo, para expressar indignação de quem teoricamente está no governo para defender as minorias da opressão.
Com o silêncio dos identitários do governo e de fora do governo, pode-se dizer que a política decolonial é uma farsa moral, pois não se dignifica a criticar “Israel”, mas é uma farsa política de modo geral, pois o decolonialismo é fragmentário, atua para “corrigir” pessoas e expressões.
Ao buscar uma atuação na especificidade, o “decolonialismo” acaba cumprindo um papel chave para o imperialismo, que é desviar o foco da verdadeira luta política, e de classe, que neste caso seria a defesa da Palestina e do Hamas.
Como em toda política da burguesia, as aparências contam mais que a luta política. Por isso que o grupo “decolonial” identitário atua na aparência de qualquer conflito. Nesse conflito pensam mais ou menos o seguinte: ‘Se na aparência o Hamas se parece terrorista, então é porque deve ser; e se Israel sofreu o atentado, então tem o direito de se defender’.
Manter uma aparência de crítica radical, atacando inclusive os “buracos negros” como racistas, serve para desviar o foco da esquerda para o fundamental, dentro de uma guerra de libertação travada pelos palestinos. A ordem é dada pelo imperialismo para manter as aparências de radicalismo, e assim desviar completamente da luta de classes, que deve ser a questão central da esquerda. Porém, o identitarismo é filho do imperialismo, e visa falsear a realidade, fragmentando os trabalhadores a partir de uma coação sentimentalista: ‘raça’, ‘sexualidade’, ‘gênero’, ‘linguagem’ etc.
Além disso, o identitarismo mostrou completamente sua verdadeira face, que é capitular para o imperialismo em momentos críticos como este. Como Anielle Franco e os demais ministros não querem sair da folha de pagamento do imperialismo, eles não se manifestam e deixam claro o caráter burguês da política “decolonial”.
Por fim, os “decoloniais” não se importam com a colonização empreendida por Israel sob guarida norte-americana. O “colonialismo” que os “decoloniais” praticam é de mentira, apenas visa “descolonizar” as palavras e a ciência, como quer Anielle Franco, que por meio de sua política reacionária, tenta mudar até mesmo o nome de um evento da natureza.
É preciso lutar contra a política “decolonial” com todas as forças, e para isso “desmascar” a omissão dos identitários frente ao maior massacre deste século, uma verdadeira calamidade que atenta contra os direitos humanos, que para a ala identitária, é apenas o nome de uma política para cargos e carreiras.