O Brasil responde pelo pior local do mundo, no que se refere à condição de trabalho e doenças ocupacionais, apesar dos dados não computarem subnotificações
O País, há muito tempo, detém a quarta colocação. Quando se trata dos países do G20, porém, a situação,passamos para a triste marca de 2º colocado, perdendo apenas para o México. As informações são de 2012 a 2020.
Um dos setores que mais chama a atenção, depois da construção civil, que está em primeiro lugar, é o setor de frigoríficos.
A construção civil, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), é o segmento que mais registra casos de acidentes no trabalho no Brasil, sendo o primeiro do país em incapacitação permanente, o segundo em mortes, e o quinto em afastamentos por mais de 15 dias.
Frigoríficos
Há uma lei que não está escrita, mas que é seguida à risca pelos governos e, principalmente, no governo anterior, o de Bolsonaro, que é a de não se falar nada sobre esse setor industrial, mesmo com todas as atrocidades que são cometidas contra os trabalhadores. A ex-ministra da agricultura, Tereza Cristina (PP) golpista e latifundiária, que defendia que os trabalhadores não precisavam de folga e que os próprios patrões poderiam se auto fiscalizar, disse que os donos dos frigoríficos deveriam trazer dólares para casa (Brasil).
São incontáveis os tipos de doenças ocupacionais, seguidos por acidentes nos frigoríficos. Um trabalho de pesquisa foi realizado pela Organização Não Governamental (Repórter Brasil) , com depoimentos, dentre outras informações, que resultou no “Moendo Gente”. Por ironia do destino, não é raro ter operário virando carne moída em máquinas de algum frigorífico pelo Brasil. No documentário foi relatado como é a vida do operário frigorífico, tanto dentro da fábrica, quanto os que acabaram saindo, seja por afastamento devido à doença do trabalho, ou pelo simples fato dos patrões os demitirem, mesmo aqueles afetados por doenças que já não conseguiam fazer determinados serviços devido às sequelas
Aqui está um pouco da realidade dos funcionários de frigorífico: trabalhadores em frigoríficos chegam a realizar setenta, oitenta e até noventa movimentos por minuto, em ambientes frios, com baixas taxas de renovação do ar, riscos de amputações, vazamentos de amônia, prorrogações de jornada em atividades insalubres, emprego de força excessiva, deslocamento de cargas, exposição a agentes biológicos e químicos, vibrações, quedas, posturas inadequadas, acidentes com facas, dentre outras ameaças. Poucas atividades humanas concentram tantos fatores de risco quanto os frigoríficos.
Em 2013 foi criada uma lei específica para os frigoríficos e abatedouros, a Norma Regulamentadora 36 (NR 36) que nunca funcionou, ou seja, foi só para inglês ver e, mesmo assim, os patrões, bem como, seus governos, querem de todas as formas extingui-la.
Hoje, há pouco mais um mês de 2023, em apenas um frigorífico, de que tivemos notícia (existem milhares) já ocorreram dois vazamentos de amônia, isso foi o que se conseguiu apurar na grande imprensa, a qual só divulga algo no setor, quando não há como esconder, pois os governos e prefeituras utilizam a lei da mordaça, como dizia um ministro da economia do FHC…” o que é ruim, se esconde”.
É preciso uma ampla mobilização das organizações dos trabalhadores, tendo como linha de frente a CUT, para lutar contra tamanha tragédia de mais de 500 mil trabalhadores e desta forma impor uma derrota aos patrões, que instituíram a escravidão aos moldes do período colonial do Brasil.