Os colonos de Eli e o exército israelense mataram três palestinos em três dias consecutivos. Isto ocorreu logo após o Ministro de Segurança Pública de Israel, Itamar Ben Gvir, clamar pela invasão da Cisjordânia em resposta à matança de colonos israelenses, numa “Operação Escudo Defensivo 2”.
No sábado, 11 de fevereiro, Mithqal Rayyan, 27 anos, foi morto a tiros por um colonizador israelense em Qarawa Bani Husan, perto de Salfit. No domingo, 12 de fevereiro, as forças israelenses invadiram o campo de refugiados de Jenin e mataram Qusai Radwan, 14 anos. E, na segunda-feira, 13 de fevereiro, as forças israelenses invadiram Nablus em uma operação militar que visava combatentes da resistência palestina, onde Ameer Bustami, 21 anos, foi baleado e morto pelo exército.
O ano de 2022, para os palestinos que vivem sob ocupação israelense, tem sido o mais letal das últimas décadas. Na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, especificamente, este ano marcou o maior número de assassinatos de palestinos nesses territórios desde 2005, quando a ONU passou a registrar tal morticínio.
Os assassinatos já começaram no início de 2023, com os dois primeiros palestinos mortos na primeira semana de janeiro – um por soldado israelense, e, outro, por um colonizador israelense. A partir de então, os assassinatos não pararam.
O número total de palestinos mortos em 2022 foi de 231. Este número também inclui 53 mortos em Gaza, 49 dos quais foram mortos durante a Operação Breaking Dawn, em agosto, e cinco palestinos com cidadania israelense que foram mortos dentro do território do Estado de Israel. A grande maioria das mortes deste ano, porém, veio da parte ocupada da Cisjordânia, com 173 palestinos mortos.
O Estado de Israel é uma máquina de ocupação estrangeira, cujos nativos de seu território tentam derrubar há décadas, com o apoio de todo o povo árabe. Não à toa, o status de Israel é questionado diuturnamente, por sua política de apartheid e extermínio étnico.
O escudo do anti-semitismo
A chamada Força Tarefa Interparlamentar de Combate ao Antissemitismo Online renovou os esforços para rotular as críticas a Israel como antissemitismo e assim permitir a censura de qualquer voz que se levante contra a máquina de ocupação israelense.
Na segunda-feira, os parlamentares Debbie Wasserman-Schultz dos Estados Unidos, o deputado canadense Anthony Housefather e o ex-membro da Knesset (assembleia legislativa unicameral de Israel) Michal Cotler-Wunsh enviaram cartas aos chefes da Meta (proprietária do Facebook e Instagram), Twitter, YouTube e TikTok pedindo-lhes que redobrem os esforços para combater o antissemitismo online. Naturalmente, o antissemitismo, como toda forma de intolerância violenta, é muito comum nas redes sociais. Infelizmente, essa força-tarefa está manipulando os fatos de maneira cínica, utilizando a velha tática imperialista de tornar o antissemitismo um meio de proteger Israel das consequências, ou mesmo das críticas, por seu tratamento aos palestinos.
Na carta, os parlamentares solicitaram às empresas que incluíssem o “sionismo como uma característica/identidade protegida” e “se comprometessem com uma política específica e consistente para remover conteúdo e usuários que negam o Holocausto ou apelam à violência contra judeus, israelenses ou sionistas”.
Embora a oposição à violência contra qualquer pessoa apenas por sua identidade ou opiniões políticas, por mais nocivas que essas opiniões possam ser, seja louvável, a associação de judeus como povo; os israelenses como cidadãos de um Estado-nação e a ideologia política do sionismo, é profundamente perturbadora. Tal confluência só escancara a realidade inconfessável de que, mesmo possuindo cidadãos não judeus (muitos sendo palestinos, inclusive), a cidadania material só é dada ao judeu israelense.
No entanto, mais esdrúxula é a tentativa de se categorizar os sionistas como uma “característica/identidade protegida”. Isto é inédito e infundado. É uma tentativa de tratar o sionismo de uma maneira totalmente diferente da forma como tratamos qualquer outra ideologia política.
Os defensores da ocupação imperialista chamada “Estado de Israel” querem realizar um grande feito de ilusionismo político. Entra na cartola uma máquina de guerra contra o povo palestino e toda a nação árabe, mas sai da cartola a imagem de um pobre judeu, vítima do holocausto e de toda a perseguição que este povo sofreu ao longo dos séculos. O problema, no entanto, é que o Estado de Israel não representa todos os judeus, muito menos se confunde com este povo semita. Essa tentativa de confundir a percepção desavisada, tem por objetivo o não escrutínio internacional das nefastas ações do Estado sionista na região da palestina, que hoje se consagra uma nova África do Sul, no ápice do apartheid.
O choro israelense é insuficiente para justificar o morticínio palestino. Apenas com a censura das redes sociais e o ostracismo de seus críticos; assim como o desmantelamento da resistência árabe/palestina, o Estado de Israel consegue respirar mais um dia. Mas, até quando, essa ilha do imperialismo, sobreviverá nos mares revoltos de um mundo em profunda transformação?