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O 2 de julho foi uma defesa do 7 de setembro

A esquerda pequeno-burguesa segue atacando a Independência, seguindo como uma ala do imperialismo na campanha contra a história do Brasil

Os 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, abriram margem para uma enorme campanha da burguesia e da esquerda pequeno-burguesa contra a história do País. Agora em 2023, aconteceu o aniversário do 2 de julho na Bahia, quando os portugueses foram expulsos do Estado. Uma nova onda de ataques ao 7 de setembro voltou a acontecer em virtude dessa data. Foi o caso do jornal A Verdade, ligado a UP, que publicou o artigo “O 2 de Julho e a verdadeira história da independência do Brasil”. É mais uma reedição da tese ultra-esquerdista de que Dom Pedro I não pode ser exaltado como libertador do Brasil. Contudo, dado que é impopular atacar a grandiosidade da Independência, o partido se vê obrigado a falar de forma genérica sobre o povo.

O artigo é muito descritivo, não apresenta muitas análises políticas, mas começa com a mais importante declaração: “Há 200 anos, o Exército português foi expulso do Brasil por uma série de lutas populares que convergiram no território da Bahia. Diferente do que é ensinado nos livros de História nas escolas, a Independência do Brasil não ocorreu pelos gritos de Dom Pedro às margens do rio Ipiranga. Houve uma grande participação popular no processo de emancipação do povo brasileiro, que mobilizou diversas localidades em todo Brasil, especialmente em território baiano”. O grande erro da UP se trata de opor a figura de Dom Pedro I à participação popular, ao contrário disso, foi ele o líder de todo esse movimento que envolveu desde a classe dominante brasileira até a população pobre das cidades e do campo.

A UP não explica o porquê de atacar o príncipe que libertou o Brasil, o motivo real é que existe uma campanha imperialista contra todos os grandes eventos de progresso da história nacional. A expressão ideológica esquerdista dessa campanha é que um príncipe não poderia ser alguém progressista e que a Independência do Brasil teria sido “pior” que a da América Espanhola porque aqui surgiu uma monarquia. É uma análise rasa da história e muito longe de ser marxista, que é o que o jornal A Verdade se propõe a ser. Até os dias de hoje, os processos de libertação nacional são liderados pela classe dominante dos países oprimidos. Se isso é comum no século XXI, imagine no início do século XIX. 

Dom Pedro I, ao contrário do que alega a esquerda, era um verdadeiro revolucionário. Ele defendia o liberalismo, que na época era a ideologia mais radical do planeta. No momento da reação política na Europa, com a derrota de Napoleão Bonaparte, ele tomou a dianteira do processo revolucionário no Brasil e depois em Portugal. Foi ele quem escreveu as constituições de ambos os países. Afirmar que ele era um príncipe não significa nada. Napoleão, por exemplo, se proclamou imperador, isso não o impediu de ser uma enorme força de progresso em toda a Europa. Foi ele quem levou a Revolução Francesa até a fronteira da Rússia. A monarquiá do Brasil manteve um país unificado, enquanto as Repúblicas da América Espanhola todas se dividiram. Essa uma enorme vitória do processo de nossa Independência.

O jornal A Verdade segue, então, exaltando as mulheres que lutaram na Bahia: “Maria Quitéria (A Verdade, nº 98) foi uma mulher revolucionária que viu na instabilidade política a chance de lutar pela liberdade das mulheres, enfrentando os portugueses. Resolveu se vestir de homem para ser aceita no Exército e lutar pela sua liberdade. Foi descoberta e decidiu que permaneceria na luta. O Exército a aceitou e outras mulheres também se juntaram em seguida. Enfrentou bravamente os portugueses nos rios das batalhas do Recôncavo, principalmente em Cachoeira”. Esse fato histórico é muito importante para se compreender a conjuntura existente na luta política na época, a situação era tão progressista que até mesmo as mulheres estavam tomando a dianteira na política. E não só isso, a própria Maria Quitéria foi homenageada por D Pedro I. O “monarca reacionário” homenageou uma mulher que desafiou a hierarquia do exército.

O texto comenta trata também sobre a estrutura do exército: “É importante ressaltar que a maioria do Exército brasileiro era composto de civis, sem treinamento militar e nem armamento adequado. Assim, o exército popular usava táticas de guerrilha empreendidas com criatividade e ousadia pelo povo baiano: impediam a entrada de comida para as tropas portuguesas, envenenavam as fontes de água, realizavam ataques relâmpagos atacando e recuando, entre outras”. Outra demonstração do caráter revolucionário do processo de Independência. Mas pelo que esse exército civil lutava? Pela defesa do governo de D Pedro I. Pela defesa da Independência que ele proclamou no 7 de Setembro às margens do Rio Ipiranga. Aqui fica clara a relação direta entre o povo e o rei, não é à toa que ele ganhou a alcunha de O Libertador. 

O texto conclui exaltando a luta do povo: “Uma história que nos ensina que somente com muita luta conseguiremos alcançar vitórias. Graças a essas batalhas com participação popular se fortaleceram várias revoltas contra os senhores de escravos e pelo fim da escravidão no Brasil. Hoje, a classe trabalhadora brasileira carrega consigo o legado dessas batalhas contra a opressão.” A valorização da luta é importante para as organizações de esquerda, mas ainda mais importante é a compreensão de como se deram as lutas. A análise marxista permite a interpretação da luta política do passado, gerando conhecimentos importantes para o presente. A independência foi um evento importantíssimo para a história nacional, uma compreensão dela é crucial para a luta política atual no Brasil.

E, além disso, a análise errada sobre a história não permite que exista um combate ideológico contra a burguesia. O imperialismo possui uma clara campanha contra a história nacional, atacam Dom Pedro, a Semana de 1922, o Descobrimento do Brasil, os Bandeirantes e quase todos os maiores eventos da história do País. Se o imperialismo realiza essa campanha é porque a compreensão real da história nacional auxilia atualmente a luta da classe operária. Basta observar o exemplo da Venezuela, o país que trava a maior luta contra o imperialismo na América do Sul é que mais valoriza a sua história. Afinal, os canceladores de plantão não atacam só Dom Pedro I, mas também Simon Bolívar. 

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