Em sua conta oficial no Twitter, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou um apelo em inglês para a Casa Branca e o Departamento de Estado norte-americano. Dizia a mensagem:
“Atendendo a um convite do Lula, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realizou uma visita oficial ao Brasil hoje. Maduro participará amanhã, em Brasília, de uma reunião de líderes da América do Sul. Oficiamos a embaixada dos EUA a se coordenarem para garantir que a justiça seja feita e que Maduro preste contas de suas ações”.
Junto à publicação, o deputado ainda anexou um ofício remetido à embaixadora dos Estados Unidos no Brasil.
Não há outra coisa que possa ser dita: a extrema-direita brasileira, que se diz “patriota”, é uma lambe-botas do imperialismo norte-americano. É uma vergonha, uma subserviência total. E não se trata de um mero problema ideológico: o apelo do deputado é uma tentativa de fazer outro país interferir diretamente na política nacional. É uma traição ao próprio País.
Com a fala de Nikolas Ferreira, era de se esperar que todos os parlamentares da esquerda brasileira, profissionais do discurso, da “lacração” nas redes sociais e dos processos no STF, saíssem correndo para denunciar a safadeza do deputado. Mas ninguém viu nada.
E por quê? Porque defender o povo venezuelano e o líder nacionalista do país, perseguido pelo imperialismo por não querer se alinhar à sua política de rapina, não é cool para a esquerda pequeno-burguesa. Não está na moda defender a Venezuela do imperialismo, ainda que milhões de vidas estejam em jogo.
Há não muito tempo, a postura dessa mesma esquerda era outra. Com o sinal verde que receberam do imperialismo, partiram para uma campanha covarde contra Nikolas Ferreira por um discurso que deu na Câmara dos Deputados. O parlamentar foi apontado como “transfóbico” porque vestiu uma peruca e disse que, daquela forma, tinha o “lugar de fala” de uma mulher. Nikolas Ferreira aproveitou a situação para fazer uma colocação política, para dar a sua opinião: segundo ele, as mulheres estariam perdendo espaço na luta por seus direitos para os travestis. E ponto final, nada mais.
Nikolas Ferreira não pediu, naquele momento, que o imperialismo intervisse no País para prender os transexuais, nem mesmo defendeu qualquer política repressiva. Ainda assim, foi recebido com pedidos de cassação, de prisão e de multas astronômicas.
O silêncio presente e o barulho de outrora dizem tudo sobre o caráter dos porta-vozes da esquerda pequeno-burguesa brasileira. Não passam de papagaios de pirata da política imperialista.