O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) foi um dos 27 parlamentares bolsonaristas que, na última semana, fizeram uma representação judicial contra um dos dirigentes do Partido da Causa Operária, João Caproni Pimenta, em razão de suas posições políticas, totalmente favoráveis à luta de resistência do povo palestino, que o PCO tem emitido publicamente. Neste artigo buscaremos demonstrar como essa denúncia vem confirmar o caráter repressivo, antinacionalista e antipopular de Nikolas e do bolsonarismo, que faz da extrema-direita um grande inimigo dos trabalhadores brasileiros.
Nikolas, que se notabilizou por polemizar com setores de esquerda através de declarações sobre questões em grande parte fúteis, é mais um exemplo de que a suposta defesa da liberdade de expressão, por parte dos bolsonaristas, não passa de mera conveniência, uma vez que a extrema-direita, no Brasil e em qualquer lugar do mundo, em última instância não passa de um cãozinho dos maiores capitalistas do mundo, sobretudo os dos Estados Unidos, que estes utilizam para reprimir a luta dos trabalhadores.
Prova disso é a conexão umbilical que Nikolas Ferreira guarda com o movimento golpista, encabeçado pelos veículos tradicionais de imprensa a mando do imperialismo norte-americano, que derrubou a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) em 2016. O próprio deputado bolsonarista fez parte, à época, de acampamentos organizados pela direita que contribuíram fortemente para a concretização do golpe. Assim, é possível compreender que a ascensão meteórica de Nikolas no cenário político, bem como de grande parte dos bolsonaristas e do próprio Jair Bolsonaro, se deu em meio a uma ampla campanha de falsificações e calúnias, impulsionada sobretudo pela Rede Globo, contra o Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças, que se estenderam para toda a esquerda e deram origem no Brasil a um amplo movimento, de propósitos fascistas, responsável por criar um clima político de hostilidade às ideologias comunistas e socialistas.
Isso se evidencia na ligação que Nikolas Ferreira teve, nos primórdios de sua inserção política, com os movimentos que advogam em favor da chamada “escola sem partido”, o que já deixa claro que não vem de agora o gosto de Nikolas pela mordaça enquanto método político. Esta inclusive não é a primeira vez que o deputado bolsonarista recorre às instituições do judiciário para tentar silenciar opositores políticos, tendo o mesmo já feito representações ao próprio STF, do qual alega ser crítico, contra figuras como Marcelo Freixo, Ciro Gomes e André Janones que, em que pese não serem pessoas com posições verdadeiramente de esquerda, são todos adversários políticos dos bolsonaristas.
Tais posições se configuram como evidências cabais de que a política de Nikolas Ferreira é fortemente contrária aos interesses dos trabalhadores, na medida em que vem se alinhando diretamente aos objetivos imperialistas de exploração desenfreada do trabalho da população, destruição da economia nacional e confisco das riquezas do país. Para constatar isso basta observar o modo como as condições de vida se deterioraram no Brasil desde o início da campanha golpista contra o PT e se aprofundaram nos governos criminosos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, que empreenderam profundos ataques à população através da retirada de direitos trabalhistas, protelação de aposentadorias e diminuição do investimento estatal em saúde, educação e infraestrutura.
Ademais, entre as consequências do golpe apoiado por Nikolas está ainda um forte processo de direitização no cenário político nacional, que afetou toda a população em seu conjunto e prejudicou o desenvolvimento da consciência política do povo brasileiro. Isso se faz notar no aparecimento de grupos, fortemente atrelados ao bolsonarismo, que frequentemente reivindicam uma intervenção militar no país aos moldes do golpe de 1964, que mergulhou o Brasil em mais de 20 anos marcados por cerceamento de liberdades, tortura de opositores políticos, crises econômicas e degradação cultural da população, tudo isso sob a tutela do imperialismo agindo através das forças armadas e da polícia militar. Fortemente ligado a esses setores do aparato repressivo de estado, Nikolas ainda se vale de uma retórica de defesa da liberdade e do direito de armamento quando, na verdade, somente defende que a polícia possa estar armada para reprimir duramente a população.
Assim, analisando a biografia de Nikolas Ferreira se torna evidente que as “pautas” que o deputado alega defender não passam de um discurso desprovido de realidade. Só o que o bolsonarista faz é se valer da desorienção de parte da esquerda nacional para explorar questões de ordem moral, cultural e religiosa com o objetivo de ocultar suas posições acerca dos temas realmente essenciais e que impactam diretamente na vida de toda a população brasileira. Ainda, ao aderir à perseguição ao PCO Nikolas se mostra também como uma pessoa hipócrita e totalmente desprovida de hombridade, na medida em que recorre sem pensar duas vezes às mesmas instituições (STF e judiciário) que outrora dizia combater e que nos últimos anos vêm tratando os bolsonaristas, os próprios eleitores de Nikolas, como verdadeiros párias sociais.
A guerra entre a Palestina e o estado fascista de Israel, bem como o genocídio que vem sendo perpetrado pelo imperialismo na Faixa de Gaza, se mostrarão como acontecimentos muito reveladores da política em todo o mundo. No Brasil já é possível ver que, por detrás de todo o jogo de cena, bolsonaristas como Nikolas estão, estiveram e estarão de braços dados ao STF, à Rede Globo e ao governo dos Estados Unidos naquilo que realmente lhes interessa: esmagar toda a população trabalhadora para favorecer alguns poucos capitalistas que detêm o poder.
