O enfrentamento da Junta militar do Níger com o imperialismo francês segue progredindo.
O líder do governo, não reconhecido pelos seus tradicionais carrascos, General Tiani, afirmou em recente declaração que “O povo nigerino irá agora ditar a forma das futuras relações com a França”.
No último sábado, dia 30, o General concedeu duas entrevistas, em dois idiomas locais diferentes, Djema e Hauçá, à TV estatal Tele Sahel.
A política levada adiante pela Junta Militar prova que as declarações não se tratam de mera demagogia, afinal a entrevista veio logo após a partida do diplomata Sylvain Itté, expulso do país mas mantido sob controle da Junta devido a recusa do governo francês em cumprir a ordem.Além dos preparativos para a expulsão de 1500 soldados franceses do Níger.
Sobre os soldados, disse o General Tiani “Estamos nos preparativos para a partida deles”, estipulando o prazo para “até o final do ano”. Afinal,“como eles estavam lá para combater o terrorismo e interromperam unilateralmente toda a cooperação, a sua estadia no Níger chegou ao fim”, referindo-se a cooperação militar com os franceses no combate a grupos ligados ao Estado Islâmico e Al-Qaeda.
A entrevista também abordou questões referentes às sanções imperialistas e ao futuro das relações da Junta com seus vizinhos, os franceses e seu próprio povo.
Quanto à democracia e a corrupção, críticas típicas, que demonstram o cinismo do imperialismo pelo qual a Junta vem sendo acusada. Houveram também esclarecimentos.
“Não temos o direito de ficar cinco anos no poder, para isso é preciso ser eleito”, sobre eleições o General concluiu: “o problema não é a democracia, às vezes são as figuras eleitas que torcem o pescoço dos textos para fazerem o que bem entendem”.
Os países atrasados sofrem a interferência do imperialismo em suas eleições, o caso do Níger com toda certeza é muito mais dramático em comparação aos países que conseguem manter uma certa independência em seus processos eleitorais, como é o caso do Brasil.
O presidente deposto pela Junta também havia sido eleito democraticamente, porém o fato nunca o impediu de ser um servo dos franceses.
Tiani anunciou também a criação de uma comissão anticorrupção e denunciou também o “desperdício de fundos públicos “dos governos passados”.
Sylvain Itté, ao chegar na França, criticou a Junta nesse sentido “Este golpe é, antes de mais nada…um caso entre um presidente que decidiu lutar contra a corrupção e um certo número de generais que não queriam que esta luta contra a corrupção fosse até o fim”, Acusou cinicamente o ex-diplomata expulso.
Para finalizar, o líder da Junta comentou os casos de sanções, como a negação de vistos por parte do governo francês para o povo do Níger, de Mali e Burkina Fasso. “Não é o único país com o qual temos relações culturais”, disse quanto aos franceses.
Também sobre outras sanções, como a da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização que cogitou intervenção militar no Níger para a libertação de Bazoum. Tiani respondeu com a intenção da criação da Aliança dos Estados do Sahel (AES), que em suas palavras será “um acordo económico virá a seguir”.