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África

Níger fecha espaço aéreo temendo intervenção

Junta militar se previne das ameaças de intervenção imperialista

Neste último domingo (06 de agosto), expirou o ultimato da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental  (CEDEAO). No entanto, a junta militar que tomou o poder no Níger permaneceu irredutível, com um crescente apoio popular, foi decidido fechar o espaço aéreo do país “em face de uma ameaça de intervenção que se tornou mais aparente”, disse o representante da junta. O Sahel pode estar a caminho de um conflito de contornos globais. 

Os militares nigerinos apostaram na luta anti-imperialista e não cederam às ameaças da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, juntam-se ao Mali e Burkina Faso como as mais novas ditaduras militares na região do Sahel desde 2020. Assim como suas contrapartes na região, os movimentos golpistas originaram-se de um profundo anseio de libertação nacional, revoltoso com a república “democrática” que era, nada menos, que um fantoche das potências imperialistas, em especial França, sua antiga metrópole.

Como pudemos observar nas manifestações políticas, que adquiriram maior largueza e profundidade desde que o espaço aéreo do país foi fechado, a junta militar possui amplo apoio do povo nigerino. Milhares de pessoas marcharam pelas ruas da capital Niamey, bradando bandeiras nacionais e russas. 

Os fantoches imperialistas no Oeste africano

O ultimato da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental não foram palavras jogadas ao vento. Ao contrário, a França, na pessoa da chanceler Catherine Colonna, apoiou as ameaças da CEDEAO para que a junta militar nigerina reconduzisse Bazoum — o presidente deposto e aliado francês — ao poder. Caso contrário, Paris garante que apoiará uma intervenção militar, não do exército francês, mas de forças armadas dos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.

Obviamente que, sem tropas francesas no solo, o desenvolvimento de qualquer conflito armado dependerá de vultosos investimentos em armamentos, logística e, claro, um exército regional disposto em assumir a difícil missão: invadir e ocupar o Níger até que o país volte a se estabilizar sob o manto imperialista. Tendo em vista o atoleiro da guerra russo-ucraniana, onde a União Européia e, por consequência, a França, estão envolvidas economicamente até o pescoço — para se ter uma idéia, a UE já gastou 54.9 bilhões de euros, sem contar com o fundo planejado para 2023 com mais 22 bilhões de dólares — a capacidade de ajuda militar, financeira e em equipamentos da França é bastante duvidosa. 

Além da dificuldade em financiar e equipar os exércitos da CEDEAO, o senado nigeriano recusou, com uma posição consolidada de 90% dos senadores, o pedido do presidente Bola Tinubu (mais um fantoche do imperialismo) de autorização para intervenção militar no Níger. Esse é um grande problema para as pretensões ocidentais no Oeste africano, tendo em vista que a Nigéria é, de longe, o país pertencente à CEDEAO com o maior e mais bem equipado exército, tornando as opções do imperialismo restritas no atual momento. 

O Apoio popular

Ao som de músicas militares e cornetas de vuvuzela, mais de 100 partidários da junta montaram um piquete neste fim de semana perto de uma base aérea em Niamey – parte de um movimento popular para oferecer resistência não violenta em apoio à junta, se necessário.

Enquanto os organizadores entoavam cânticos de “Viva o Níger”, grande parte da emoção parecia ser dirigida contra a CEDEAO, bem como contra a antiga potência colonial, a França, que disse no sábado que apoiaria os esforços regionais para derrotar o golpe, sem especificar se isso incluía assistência militar.

“O povo nigeriano entendeu que esses imperialistas querem provocar a nossa morte. E, se Deus quiser, serão eles que sofrerão por isso”, disse o aposentado Amadou Adamou em entrevista à REUTERS.

Na semana passada, o Níger revogou os acordos de cooperação militar com a França, que mantêm entre 1.000 e 1.500 soldados no país. A França se recusa a evacuar seus soldados alegando a ilegalidade do atual governo nigerino. Ao fundo temos dois problemas centrais: o primeiro são as minas de urânio, que alimentam as usinas nucleares francesas, grandes responsáveis pela estabilidade energética da França e seu consequente controle inflacionário. O segundo problema é o gasoduto trans-sahariano, que passa pelo Níger e alimenta a faminta indústria europeia, que perdeu acesso ao gás russo. 

As transmissões de televisão de domingo incluíram um debate em mesa redonda sobre o incentivo à solidariedade diante das sanções da CEDEAO, que levaram a cortes de energia e ao aumento dos preços dos alimentos.

A ameaça militar do bloco provocou temores de mais conflitos em uma região que tenta lidar com uma mortal insurgência islâmica, fenômeno que matou milhares de pessoas e forçou milhões a fugir dos países da região do Sahel.

Qualquer intervenção militar seria extremamente complicada, por conta das promessas de apoio das demais juntas nacionalistas nos vizinhos Mali e Burkina Faso, que devem sair em defesa do Níger, se necessário.

O primeiro-ministro de Bazoum, Ouhoumoudou Mahamadou, disse no sábado em Paris que o regime deposto ainda acreditava que um acordo de última hora era possível.

As tensões estão em alta na região do Sahel, mas o apoio popular no Níger, somado a aliança regional junto ao Mali e Burkina Faso, além do apoio tácito de Moscou via o grupo mercenário Wagner, somado a recusa do senado nigeriano em apoiar uma intervenção militar, afastam a possibilidade de um conflito imediato.

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