Antes do aprofundamento da crise entre Palestina e Israel a partir do dia 7 de outubro, o governo israelense liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já se encontrava em uma crise dentro do próprio país. As manifestações contra Netanyahu eram cada vez maiores e mais constantes. A situação de repulsa se estendia entre as lideranças e partidos políticos.
Apesar de ser difícil que, durante o conflito, o primeiro-ministro israelense seja derrubado, o acordo conquistado pelo Hamas abriu uma verdadeira crise entre o eleitorado de Netanyahu e também dentro do Parlamento de Israel (Knesset). Com o anúncio nesse domingo (26) de que poderia haver mais tempo de trégua – como realmente aconteceu – a situação interna de Israel piorou.
O jornal francês Le Monde, através de um correspondente em Jerusalém, publicou uma matéria apontando essa situação de crise entre o primeiro-ministro e seus eleitores e a oposição dentro do Knesset. Segundo o jornal, a maioria esmagadora da população de Israel quer a libertação dos reféns, a destruição total do Hamas e a continuação dos ataques.
“De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Instituto Democrático de Israel, mais de 90% das pessoas entrevistadas desejam tanto a libertação dos sequestrados quanto a destruição do Hamas e a restauração da dissuasão. No entanto, para a população mais à direita do país, o primeiro desses objetivos é considerado contraditório com os outros dois. E Benjamin Netanyahu ele mesmo não escapa dessa tensão entre dois polos.” publicou o Le Monde.
Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, declarou no canal 14, porta-voz da extrema direita no país, que o acordo de troca era um “desastre” – e votou contra, assim como os deputados de seu partido. “O Hamas queria essa trégua mais do que tudo”, acrescentou. Atualmente o partido de Netanyahu, Likud, não é mais o primeiro, perdendo para a Partido da Unidade Nacional, uma coalizão de oposição liderada por Benny Gantz e Gideon Saar.
Como já dito por este Diário de que o cessar-fogo era uma grande vitória da resistência armada da Palestina, principalmente do Hamas, a trégua tem gerado desconforto e implicação na própria condução do país e do conflito pelo primeiro-ministro. Sendo assim, esta é mais uma derrota do imperialismo na região.
É importante levar também em consideração que apesar de um criminoso de guerra, um verdadeiro nazista, Netanyahu ainda representa dentro do governo israelense uma espécie de direita moderada. Tanto dentro do parlamento, como em seu eleitorado, há pessoas ainda mais radicais e que querem dizimar de uma vez por todas todos os palestinos.