Na abertura do discurso histórico em que o líder do Hesbolá declarou guerra ao Estado Nazista de Israel, Hassan Nasrallah fez questão de fazer uma longa homenagem aos mártires que perderam a vida lutando para libertar o seu povo.
“Enquanto nos reunimos hoje pela honra e pela memória de nossos mártires que ”caíram’, renovamos o nosso pleito de continuar a seguir o caminho trilhado por eles”, iniciou Nasrallah, sendo acompanhado por milhares de pessoas nas ruas libanesas. “Hoje nós iremos honrar a memória de nossos mártires que ”caíram’, mártires da Resistência Islâmica no Líbano, o Hesbolá, mártires de facções libanesas lutando e resistindo contra a ocupação israelense. Mártires caídos de Al-Qassam no Líbano, das Brigadas al-Quds no Líbano e também os mártires civis que foram assassinados pelas mãos dos sionistas, incluindo jornalistas”.
As palavras iniciais do líder do Hesbolá já indicavam que o grupo guerrilheiro libanês decretaria guerra ao Estado de Israel. Afinal, não haveria forma melhor de homenagear aqueles que “caíram” que não por meio da luta contra o inimigo de todos os povos do Oriente Médio. O fato de que Nasrallah citou várias organizações na lista de homenageados também é bastante simbólico para a atual etapa da luta de classes no Oriente Médio: revela que há uma aliança cada vez mais profunda dos grupos nacionalistas contra o imperialismo.
“Eu começo oferecendo minhas profundas condolências às famílias dos mortos aqui no Líbano. Nós oferecemos nossas condolências e ao mesmo tempo parabenizamos tanto vocês, como os seus amados, que têm a honra do martírio. Muitos de vocês perderam amados, um pai, um irmão, um filho, e eu rezo para Deus para aceitar os nossos bons votos”.
Nasrallah fez questão de se dirigir aos familiares dos mártires porque é daí que vem o mais amplo apoio à guerra contra Israel. No Líbano, na Síria, na Palestina e em praticamente todo o Oriente Médio, há pessoas que tiveram seus familiares trucidados pelo exército nazista de Israel. É o ódio a Israel, sentido na pele por cada libanês, que está empurrando o Hesbolá para uma posição revolucionária, que é a de pegar em armas contra o enclave imperialista no Oriente Médio. Nasrallah, então, continuou o seu discurso, agora se referindo diretamente aos palestinos.
“Nós oferecemos nossas condolências e também parabenizamos todas as famílias dos mártires caídos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Cada centímetro onde nossos bravos mártires caíram, incluindo aqueles do Dilúvio de Al Aqsa, aumenta o número daqueles que lutam nos frontes”.
Após a menção aos palestinos, Nasrallah procurou confortar as famílias que perderam os combatentes. As falas sobre o Paraíso, ao mesmo tempo que servem para explicar que a luta dos mártires não foi em vão, também servem para estimular os milhares de combatentes que serão mobilizados para a guerra.
“Eu não falarei muito sobre isso, nós celebraremos o dia dos mártires daqui a alguns dias. No entanto, eu preciso reiterar que os mártires que “caíram” venceram, e basta ver em nossa escritura sagrada, para saber o que Deus todo-poderoso diz sobre eles: é nosso dever nos orgulharmos deles e nós devemos nos manter firmes com a certeza de que eles foram premiados com o Paraíso. Assim diz Deus nas escrituras sagradas: aqueles que morreram em serviço das causas de Deus serão premiados com o Paraíso, que será presentado a todos. Todos os que acreditam e apoiam a causa de Deus serão premiados com o Paraíso. Não pensem que os que “caíram” estão mortos, eles estão vivos e cheios de alegria com o que eles conquistaram, sem medo ou tristeza. Eles estão vivos agora no Paraíso de Deus”.
Enquanto falava do Paraíso, o líder do Hesbolá também citou pela primeira vez os grandes inimigos dos árabes: Israel e Estados Unidos.
“Nós parabenizamos todos os mártires que “caíram”, os civis, as mulheres, homens, velhos e jovens. Nós os parabenizamos por esta transição massiva para o Paraíso, onde não há opressão israelense ou arrogância norte-americana. Sem matanças, sem massacres, sem perseguições. E é com esta firme convicção que nós os parabenizamos e às suas famílias. Dizemos: não há batalha mais justa do ponto de vista jurídico, ético ou religioso, que aquela contra os ocupantes sionistas. Esta é uma batalha contínua. Lutar nesta batalhe é o mais óbvio, o mais honesto e o mais nobre serviço a Deus. Isto é o que deve ser estabelecido em primeiro lugar”.
No final da primeira parte do discurso, Nasrallah voltou a saudar o seu povo e já indicou que estaria prestes a declarar guerra aos sionistas:
“Dizemos também aos familiares dos mártires que “caíram”: estamos orgulhosos de vocês, temos todo orgulho de vocês, ouvimos suas declarações sobre seus entes queridos. É nisso que reside a nossa verdadeira força. A nossa verdadeira força reside na nossa firme convicção, convicção inabalável, na nossa devoção e no nosso compromisso com a causa. Estamos preparados para nos sacrificar. Isso está expresso nas vozes dos pais, mães, esposas e filhos dos mártires caídos. Da mesma forma, saudamos o povo épico, incomparável e incomparável da Palestina – o povo de Gaza. Nós os vimos nas telas de TV. Homens, mulheres, crianças, bebés, rastejando por baixo dos escombros, mas que gritam dizendo que irão se sacrificar pelo bem da nossa pátria, pelo bem da nossa causa. Não é possível colocar isto em palavras, não podemos expressar a sua coragem, bravura, paciência e determinação. O mesmo se aplica à residência na Cisjordânia: paciência, coragem e determinação”.