O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Ridel (PSDB) afirmou, em tom ameaçador, em que o Estado não aceitará “invasões” de terra. A declaração do governador e ruralista vem na esteira das ações de movimentos de luta pela terra. Durante a semana de carnaval, o Frente Nacional de Luta (FNL), organização de trabalhadores do campo que luta contra o latifúndio e pela democratização do acesso à terra para o povo, realizou uma ação, carnaval vermelho, de ocupação de uma fazenda em Japorã, a ação visa pressionar os governos para cumprirem a lei e promovam o assentamento das famílias.
O governador ruralista que já comandou a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), cujos membros ou ruralistas ligados a organização possuem histórico de perseguição e acusação de assassinato, como no caso líder indígena Semião Vilhalva, morto em 2015 em uma tentativa de retomada pelos ruralistas de terras ocupadas por indígenas, comentou o caso durante agenda na Acadepol (Academia de Polícia de MS) nesta sexta-feira (24). Segundo o tucano ruralista:
“A gente tem uma posição muito clara aqui no Estado: nós vamos manter a ordem. Nós não podemos titubear diante de desordem ou invasões quaisquer que sejam. Nós temos que garantir o direito de propriedade. Nós temos que dialogar com eventuais invasores para entender essa motivação. Se a busca é por terra, por reforma agrária, vamos conversar com o governo federal sobre qual a política eles vão adotar”.
A fala revela bem os objetivos do governo: esmagar todos os que lutam pelo direito democrático fundamental de acesso à terra, negado sistematicamente pelos próprios latifundiários e pelo regime político burguês. A aparente abertura para o diálogo com o povo, que chama cinicamente de invasores, é pura demagogia, .
O governador se encontrou quinta-feira (23/02) com o presidente da Famasul e com uma senadora Tereza Cristina, representante do latifúndio, para discutir sobre a questão agraria e o que chamaram de ameaças de invasão, nenhum representante do povo camponês pobre; das organizações dos trabalhadores do campo, foi chamado para a reunião.
O acampamento da FNL em Japorã foi desfeito de maneira violenta e ilegal por pistoleiros do latifúndio, que queimaram as barracas. Obviamente, confirmado com as falas do governador, que é uma membro e representante do latifúndio, a ação criminosa do latifúndio contou com respaldo ou aumentos a anuência do poder público, mostrando que o poder no Estado nada mais é que um servição dos latifundiários contra o povo.