Os acontecimentos do 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas e o Pentágono foram atacados, serviram como justificativa para o desencadeamento da chamada “guerra ao terror”. Os principais jornais imperialistas de todo o mundo iniciaram uma ampla campanha para criar o clima de que os EUA deveriam combater o terrorismo invadindo outras nações soberanas. Uma forma, na realidade, para permitir que os americanos roubassem os recursos naturais – sobretudo, o petróleo – dos países pobres do Oriente Médio.
Que os Estados Unidos possuem o maior poder bélico do mundo, todos nós sabemos. Mas, não temos a total dimensão do quando esta força está sendo empregada. O fato é que o uso desse poder é camuflado por palavras como redemocratização ou libertação e por missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), usadas para maquiar guerras genocidas que tiveram sua expansão e intensificação autorizadas após o 11 de setembro.
Um retrato mais próximo dos estragos da guerra ao terror perpetrada pelos EUA foi desenhado recentemente pela Universidade de Brown, que fica no pequeno estado americano de Rhode Island. Segundo os pesquisadores do estudo, as guerras realizadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen e Paquistão após o 11 de setembro de 2001 causaram pelo menos 4,5 milhões de mortes, a migração de 38 a 60 milhões de pessoas e a vulnerabilidade de 7,6 milhões de crianças que continuam morrendo de fome até os dias atuais.
A princípio, os números podem parecer muito altos. Mas, quando consideramos que já se passaram 22 anos e que tempo igual está sendo dedicado pelo imperialismo para intensificar suas ações criminosas contra esses países, cabe mais na conta! Atento a isso, o estudo também computou as mortes provocadas indiretamente por estas guerras, ou seja, as pessoas que não morreram após ferimento ou por serem abatidas em conflitos, mas que tombaram tempo depois em decorrência de medidas igualmente cruéis como bloqueios econômicos e destruição de moradias, que provocam epidemias, falta de água potável, falta de comida e destruição. Dos 4,5 milhões de mortos, o estudo estima que entre 3,6 a 3,7 são mortes indiretas.
Outro fato que chama atenção nas investidas dos EUA nesses países é o quantitativo de crianças vitimadas. Os pesquisadores estimam que existem 7,6 milhões de crianças menores de 5 anos que sofrem de desnutrição aguda, ou seja, não recebem comida suficiente.
Esta situação se agrava quando não há perspectivas para sua superação. O mundo parou para contabilizar os quase 15 milhões de mortos pela pandemia da COVID-19, mas, não há a mesma atenção institucional e de grupos da sociedade civil para as mortes diárias nos países sob ataques bélico, político e econômico dos EUA. Contabilizando as mortes diretas, indiretas e a vulnerabilidade das pessoas que precisaram migrar para sobreviver, tem-se, nesta situação, potencial para o dobro de mortes da pandemia, com a diferença que ainda é possível agir para evitar esse flagelo. Conclui-se que não é a quantidade de mortes que importa, e sim, quem morre e onde morre.
A guerra ao terror já rendeu filme com direito ao Oscar em 2010 e eleições de presidentes com a promessa de caçar terroristas e acirrar os conflitos, como Obama e o atual Joe Biden. Porém, nenhum compromisso de cessar a guerra e deixar os países livres desponta no horizonte. Cada vez que os EUA são ameaçados em seu poderio de domínio mundial, sua força covarde recai para territórios já dominados, que possuem alguma riqueza ou são geograficamente estratégicos para ameaçar ou começar novo conflito em outros países. A pandemia de COVID-19 já está controlada. E a pandemia de guerras espalhadas pelos EUA?