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Identitarismo em crise 

Não existe o identitarismo! Eu só quero um carguinho

Logo depois ele afirma todo o seu carreirismo tipicamente identitário: “não da para ter apenas homens brancos como liderança, na presidência dos partidos, sindicatos, cargos de sen

O identitarismo é uma ideologia reacionária criada pelas agência de inteligência dos EUA para se infiltrar em toda a esquerda mundial. É também uma ideologia que está em crise, que já passou de seu ápice. A prova disso é o amplo debate nas organizações de esquerda identitárias que tentam se mostrar como separadas desse movimento. O último caso foi Jones Manoel, youtuber (ainda no PCB?) e “homem negro pernambucano periférico”, conforme ele mesmo gosta de repetir, identitário por excelência, que publicou o vídeo: “O falso debate brasileiro sobre identitarismo”. Nele ele tenta se esquivar ao máximo de sua política pró imperialista identitária sem sucesso.

O video começa com uma crítica ao identitarismo. Primeiro afirma que de fato existe uma luta do negro, da mulher e do LGBT, mas que essa luta não precisa ser “liberal”, termo que utiliza para se referir ao controle da burguesia. Ele cita os sindicatos ingleses analisados por Engels e as lutas democráticas das mulheres e dos negros do início do século XX. Ao mesmo tampo fala que no marxismo existe a análise da opressão do negro, da mulher e das demais minorias, o que incluiria os LGBTs. 

Ele então afirma: “Para mim identitarismo é uma forma liberal de fazer um debate, uma reivindicação política, anti machista, anti racista, anti lgbtfóbica, que por ser liberal acaba criando um fetiche da identidade. Trata de maneira abstrata, sem um conteúdo de classe, sem uma perspectiva de transformação radical as estruturas econômicas e políticas, por exemplo, a luta do negro”. E segue “O que se chama de identitarismo é o liberalismo nos movimentos sociais da classe trabalhadora. Qual a diferença do movimento negro liberal para a força sindical? No final é a mesma coisa.” 

A crítica mais ou menos correta, no entanto, para por aí. Inclusive ela é utilizada para apagara a crítica ao identitarismo, pois o coloca como algo que não é novo, seria mais uma repetição do que já existia na época de Engels, algo não tão relevante. Como ele afirma no título do vídeo, há um “falso debate brasileiro sobre identitarismo”. Mas logo depois ele tenta apresentar uma explicação para haver uma defesa do identitarismo, que ele se recusa a chamar por esse nome para não ser considerado um “liberal”.

Em suas palavras: “Para mim essa pobreza teórica que circula entre o debate sobre o identitarismo o tratando como uma grande novidade, a causa de todos os males, o grande problema da esquerda brasileira tem uma explicação: nos últimos 20 anos no Brasil se consolidou uma tendência que não é predominante, mas que é cada vez mais forte de questionar o lugar do sujeito protagonista da política, principalmente da política eleitoral. Então as pessoas demandam cada vez mais mulheres, negros, LGBTs no papel de figura pública, de liderança, de vereador, deputado, candidatos. Criou-se uma cultura de votar em negros, mulheres e LGBTs. Questionar o homem branco hétero como a liderança dos processos políticos.”

Aqui está a grande contradição. Para Jones, nos últimos 20 anos se criou uma cultura que todos considerariam identitarismo, mas que para o grande teórico não é o mesmo que o identitarismo. Essa necessidade de participação de negros, mulheres e LGBTs, na verdade deve ser defendida, os homens brancos e héteros devem ser questionados como lideranças! É uma farsa total. Jones Manoel é um identitário de primeira linha que tenta se afirmar como um não identitário abafando o debate. Cria o mundo fantástico em que não existe o identitarismo, mas existe a representatividade negra, feminina e LGBT, é ridículo.

Logo depois ele afirma todo o seu carreirismo tipicamente identitário: “não da para ter apenas homens brancos como liderança, na presidência dos partidos, sindicatos, cargos de senador, gabinetes, intelectuais que escrevem livros, que dão palestras.” É preciso que haja homens negros e pernambucanos ocupando os cargos de destaque, com altos salários dentro da esquerda. Mas isso não é identitarismo, é uma “tendencia que surgiu na esquerda nos últimos 20 anos”, e, portanto, não é problemático. Aqui fica claro um dos aspectos mais sórdidos do identitarismo, ele se baseia nas figuras mais carreiristas dentro da pequena burguesia, estas tentam acender pela direita, como Djamila Ribeiro, ou pela esquerda, como Jones Manoel, fingindo defender os oprimidos da qual um dia supostamente fizeram parte. 

O vídeo continua com todas as frases tipicamente identitárias: “A gente quer também ser liderança, quer também ser intelectual, quer também ocupar cargos parlamentares” e “Quantas pessoas você acompanham que são negros, vem de favela como eu?” e também “Que bom que a tendência é que deixe de ser normal que eu seja o único negro da mesa nos espaços que eu frequento.” De grande anti identitário no início do vídeo, Jones termina como um clássico presidente de CA de Ciências Sociais, que aspira ser um assessor de gabinete de vereador do PSOL em Petrolina. 

Ele fecha o vídeo com seu argumento final: “há uma mudança nas demandas por um perfil sociológico de quem vai liderar os processos políticos da esquerda que é positiva. Ainda que nesse processo venha embutido muito liberalismo de esquerda que precisa ser combatido e enfrentado”. Sua tese então pode ser resumida com, o identitarismo é bom, mas é preciso combater o seu aspecto direitista. O problema aqui consiste que Jones defende justamente o aspecto direitista do identitarismo, a ideia da representatividade do negro, da mulher e do LGBT. Ele não faz, como alguns ingênuos, a confusão entre identitarismo e a luta real do negro, ele assume a posição identitária afirmando não ser identitário. Nada que não fosse esperado de um youtuber stalinista.

O video de Jones Manoel é uma comprovação de que o identitarismo se encontra em uma grande crise. Ele é um dos pontos-chave dessa ideologia no Brasil. Sua imagem é de grande comunista radical, defende até Stalin. Seu conteúdo é o tradicional psolismo insosso acadêmico identitário que ninguém aguenta mais. Por isso precisa fazer um vídeo ultra contraditório para se defender. Tarefa na qual falhou miseravelmente. O identitarismo, no entanto, mesmo sendo uma ideologia decadente, deve ser combatido veemente pelos comunistas reais, que lutam pela libertação da classe operária. Pelo derrubada daqueles que pagam o salário de certos youtubers. 

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