Segundo o portal de notícias g1 (do golpista Grupo Globo), uma disputa entre a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) trouxe à tona a participação do segurança presidencial de Lula, tenente-coronel André Luis Cruz Correia, em grupo de WhatsApp bolsonarista. O grupo contava com militares da ativa que defendiam outro golpe de Estado, além de se oporem a agentes políticos da direita tradicional, como o ministro do STF Alexandre de Moraes, ao ponto de perpetrarem ameaças. No grupo estava presentes figura como o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. A relação veio a luz após apreensão do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e revelam a incompatibilidade de interesses de Correia com a posição ocupada.
Correia, estando subordinado ao GSI e era locado à segurança direta do presidente Lula, chegando a ser incluído nas comitivas de viagens presidenciais recentes, como a da Bélgica. Esse, entre tantos outros fatos como a participação dos militares nas manifestações da direita em 8 de março, ratificam a necessidade de se desconfiar das forças armadas. As organizações de esquerda ligadas aos trabalhadores e estudantes não podem esperar resultado diferente da casta de burocratas diretamente responsáveis por diversos golpes de Estado no Brasil, e que priorizando interesses externos, tornaram-se decididamente inimigos da população a partir do golpe de 1964.
PF vs Forças Armadas
A imprensa capitalista credita a divergência entre PF e militares no suposto fato de que a PF teria uma posição de respeito ao Estado de Direito. Nas palavras do supracitado portal de notícias da Globo: “A descoberta da presença de Correia no grupo de WhatsApp golpista turbinou a guerra de desconfiança nos bastidores entre PF e o GSI.” (“PF descobre que segurança de Lula estava em grupo de Zap golpista; GSI exonera”, Andréia Sadi e Matheus Moreira, 25/8/2023)
O que esse órgão golpista faz questão de esconder é a participação fundamental da PF nos golpes de Estado recentes. Sem o auxílio da instituição (além do Ministério Público e demais organismos do Judiciário), o Golpe de 2016 não seria exequível. Os interesses da PF e militares podem até divergir agora, mas eles estão historicamente juntos contra a classe trabalhadora.
Discordâncias oriundas das disputas no interior da burguesia não colocam cooperados de longas datas como inimigos. Lula, na sua prática comum, que aponta sua fraqueza perante a situação, sugeriu um modelo hibrido de segurança presidencial para apaziguar a situação, evitando intensificar o conflito com as partes.
“Caiu para cima”
O GSI exonerou Correia da posição, mas longe de qualquer punição houve apenas a sugestão de sindicância. Estando o mesmo integrado ao Comando do Exército através da PORTARIA – C EX Nº 1.085, DE 8 DE AGOSTO DE 2023.
“NOMEAR, por necessidade do serviço, ex officio, para o cargo de Oficial do seu Gabinete (CODOM 015453), o Ten Cel Inf (0130891344) ANDRÉ LUIS CRUZ CORREIA, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (Brasília-DF).”
Embora o Comando do Exército afirme o oposto, Correia progrediu no ambiente militar. Sua simples lotação nesta esfera já lhe permite politicamente uma posição mais favorável e estável.
Nota do Exército sobre o caso informa que:
“Atendendo à sua solicitação, o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) esclarece que nomeações e exonerações de funções são rotineiras dentro da Instituição, as quais visam empregar os recursos humanos nas atividades para as quais estejam habilitados. No caso em questão, houve uma troca direta com um militar que trabalhava no CCOMSEx e foi destinado ao GSI. Cabe ressaltar que diversos órgãos, ainda que separados fisicamente, compõem o Gabinete do Comandante do Exército. A Instituição segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações em curso, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente aos mesmos.”
Golpistas na maioria
Embora o GSI coloque nos corredores de Brasília, a situação como uma intriga da PF, a realidade aponta no sentido oposto. A presença de Cid nos e-mails de ajudância da presidência evidencia a política do GSI. Realmente existe uma questão de segurança com o presidente, todavia estaria longe da PF resolvê-la, sendo a inclinação desta aprofundar a crise. A PF foi um instrumento do golpe.
Embora a PF atire a pecha ao subordinado do GSI, de compor um grupo de organização de um golpe de Estado, a mesma denúncia cabe perfeitamente a uma quantidade expressiva de agentes da PF. É difícil – pra não dizer impossível – que dentro dessas instituições exista um número minimamente significativo de membros que não sejam golpistas.
Essas instituições foram padronizadas e qualificadas para atuarem contra a classe trabalhadora pelas ditaduras que ocorreram no Brasil. Se foram essas instituições que retiraram a presidente Dilma do cargo, permitiram a destruição de parte expressiva da economia nacional e prenderam Lula por mais de 500 dias, não há possibilidade da segurança do presidente ser colocada aos cuidados dos responsáveis por estes crimes.
Autodefesa e segurança operária
Os trabalhadores não podem confiar a segurança da esquerda à direita, isso se aplica de um assentado do MST ao presidente Lula. No campo e na cidade, é preciso organizar a autodefesa da classe trabalhadora, a partir de seus próprios membros. O presidente Lula necessita de uma organização de segurança própria, apoiada no movimento operário, força que o colocou no cargo.
Foram os trabalhadores mobilizados que possibilitaram a libertação do presidente Lula. Foram esses mesmo trabalhadores que impuseram uma derrota sobre o golpismo reconduzindo-o à presidência. Esses trabalhadores são a única força real do governo e cabe chamá-los para defendê-lo.