Nesse dia 24 de março, o portal da CUT na internet publicou uma matéria chamada “Lula, Luiza Trajano, Fiesp: frente ampla contra Campos Neto e a taxa de juros”.
Embora o conteúdo da matéria, em geral, esteja correto, ou seja, é preciso denunciar a absurda taxa de juros. É preciso chamar a atenção para uma armadilha que é confiar que a burguesia esteja realmente disposta a denunciar Roberto Campos Neto.
“Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), amplos setores criticaram a manutenção dos juros reais mais altos do mundo.”
Setores da burguesia ligados ao comercial e ao capital produtivo têm motivos para criticar a taxa de juros, que sem dúvidas é um veneno para a economia nacional. Roberto Campos Neto, colocado no Banco Central pelos golpistas, é um representante dos banqueiros e do chamado mercado financeiro internacional, os beneficiados diretos pelos altos juros.
Essa oposição relativa de setores ligados à burguesia comercial e industrial e os banqueiros não deve confundir os trabalhadores.
O artigo da CUT chama as declarações, que não sabemos até que ponto são da boca para fora, de “frente ampla contra Campo Neto”. Se setores da burguesia querem criticar o presidente do BC e até pedir a diminuição da taxa de juros, muito que bem! No entanto, os trabalhadores não devem ter nenhuma ilusão de que esses capitalistas vão realmente enfrentar o BC e os especuladores internacionais.
Pelo contrário, o golpe de Estado de 2016 mostrou que esses setores da burguesia nacional não apenas não tiveram forças para enfrentar o golpe orquestrado pelo imperialismo como acabaram se juntando a ele.
Esses setores da burguesia que agora criticam a taxa de juros não vão, por exemplo, se colocar contra a política de autonomia do BC, política de Temer, Bolsonaro e todos os golpistas, que é a responsável pela situação atual.
Por isso, nada de frente ampla! A CUT e as organizações do povo devem chamar uma mobilização independente contra esse deboche da taxa de juros.
Os trabalhadores precisam empurrar até Roberto Campos cair e, com ele, cair a política do BC “independente” que, na verdade, é a política do BC totalmente dependente dos banqueiros e contrário aos interesses do povo.