Universidade Marxista

Na Itália e na Alemanha fascismo surge para conter a revolução

"O nazismo vai passar com um tanque de guerra na espinha dorsal da classe operária alemã "

             Alemanha: a ascensão do nazismo

               Na 38°  Universidade Marxista, ministrada em julho de 2016 pelo presidente do PCO (Partido da Causa Operária), Rui Costa Pimenta, teve como um dos temas centrais à Alemanha e a ascensão do nazismo. Durante à aula, Rui expõe o nazismo como um produto da crise econômica, colocando um governo “linha dura” para conter uma uma situação revolucionária, e não como um evento de caráter místico de do indivíduo Hitler, como apontam diversos historiadores sobre o caso.

Rui Pimenta inicia sua palestra apontando como fator determinante do nazismo a crise de 1929, o colapso da bolsa de Nova  Iorque que  “Levou à uma recessão gigantesca, perdas enormes e desemprego em escala inédita”,  e continua explicando como agiu a burguesia alemã, que percebendo o potencial revolucionário da situação inicia uma “contrarrevolução preventiva”: “Tanto na Itália como na Alemanha, o fascismo se coloca antecipadamente para conter à revolução”.

Para explicar essa estratégia da burguesia, o presidente do PCO recorre à situação da América Latina, mais precisamente o caso do Brasil nas eleições de 2002, colocando os eventos ocorridos na América do Sul, por exemplo o ‘”Argentinasso” em 2001, o golpe na Venezuela e a insurreição boliviana em 2002, como principal motivo para eleger Lula , ou seja, para evitar uma situação de fervor popular no principal país do continente americano.

“José Serra, poderia levar à uma situação revolucionária”. Em épocas de crise à política tende a radicalizar, e foi assim mesmo que aconteceu nas eleições da Alemanha: “Nas eleições de 1931 , os nazistas de 5% passaram a ter 17% em votos, um aumento de mais ou menos 300%”, ao mesmo tempo em que aumentava a força do Partido Comunista Alemão, os partidos ao centro começaram a perder forças, o Partido Social-Democrata (SPD – em alemão), o Partido do Centro (PC) e o partido Democrático (PD)  ficaram de fora do jogo eleitoral.”

          Citando Trótski, Rui coloca em questão o lento crescimento do Partido Comunista Alemão perante o nazismo, “Antes que superasse, o presidente Hinderburgo convida Hitler para ser primeiro-ministro, forma um ministério com partidos de direita e inicia o governo nazista”, “uma coisa que deve chamar atenção é que não teve golpe, não teve nada, simplesmente foram realizadas as eleições e o presidente chamou Adolf Hitler, iniciando um governo nazista”.

Os partidos socialistas, comunistas não reagiram – “Para entender o que fazer sobre uma situação semelhante, teria que ver o que o próprio Leon Trótski disse antes de Hitler ascender ao poder, segundo ele: antes que os nazistas tomassem o poder, a classe operária deveria se levantar em uma insurreição contra o nazismo, o governo soviético deveria mobilizar suas tropas na fronteira e o Partido Comunista iniciar uma guerra civil contando com uma intervenção da URSS a favor dos comunistas” – alegando que ele havia dito que o regime fascista italiano iria parecer um passeio se comparado com o nazismo: “O nazismo vai passar com um tanque de guerra na espinha dorsal da classe operária alemã ” , afirmou Leon Trótski.

E de fato, foi o que aconteceu, após o incêndio do teatro de Reichstag em Berlim, uma “bandeira falsa”, os nazistas culparam os comunistas e os colocaram na ilegalidade. Não demorou muito para reprimir toda e qualquer oposição incluindo até mesmo elementos burgueses, o governo de Hitler ficou incontrolável. Até mesmo uma ala radical do governo, os Camisas Pardas (SA), são eliminados em um episódio que ficou conhecido como “Noite das facas longas”, em que o destacamento SS (setor de confiança do governo, dentro da própria SA), matou o líder: Ernest Röhm, homossexual confesso, e seus “capangas”.

Após toda carnificina, eles se estabilizaram com o apoio das forças armadas e a da burguesia. A capitulação da esquerda diante do nazismo fica ilustrada de maneira didática neste poema de Brecht (1898 – 1956), citado por Rui Costa Pimenta, fazendo alusão à paralisia do conjunto da esquerda alemã dada as barbaridades cometidas contra os Comunistas, depois os Socialistas etc. :

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

            O Partido Comunista Alemão (PCA)

                Outro tema que foi abordado foi o caráter pequeno-burguês do Partido Comunista Alemão (PCA), que acabou cometendo erros fatais que contribuíram para a ascensão do nazismo na Alemanha. Rui relembra que o partido formado em 1918, se transformou num verdadeiro partido de massas, com a sede principal em Berlim, representava o setor mais avançado dos trabalhadores, dirigido inclusive por militantes. Mesmo assim, por causa da política errada, contribuiu para à derrocada da classe operária alemã.

Seguindo a teoria da “Revolução iminente”, de origem stalinista, eles decidem atacar todos os partidos que não são comunistas, ignorando a realidade, chamando, por exemplo, o Partido Social-Democrata de “Social-Fascismo”. Com essa orientação sectária, acabaram jogando água no moinho dos nazistas, inclusive adotando jargões da extrema-direita contra os partidos pelegos de esquerda. Ao invés de de formar uma frente única com os partidos de esquerda contra os fascistas, acabaram dando força à extrema-direita, julgando que após o fascismo o comunismo iria triunfar, ou melhor o PCA, ideia tipicamente pequeno-burguesa.

Rui compara semelhanças com o golpe de 2016 , em que órgãos de esquerda, por exemplo o PSTU, se juntam no combate anti-corrupção (bandeira defendida pela extrema-direita) contra o PT, partido de massas: “Felizmente o PSTU não tinha a relevância no cenário político nacional que tinha o Partido Comunista Alemão, caso contrário seria um desastre”.

 Para assistir na íntegra: 

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