Está em marcha uma campanha, já por demais descredibilizada, diga se de passagem, por parte das ONGs financiadas pelo imperialismo, para tentar colocar uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal (STF).
Como parte da campanha, mais uma vez a propaganda identitária procura difundir a ideia de que a emancipação das mulheres irá acontecer com a entrega de postos em posições de poder na sociedade capitalista para algumas mulheres para que assim “outras mulheres possam se inspirar”.
Em particular, para “engrossar o coro” dessa campanha, vem sendo ventilada pela grande imprensa a ideia de que o sistema judiciário como um todo precisa ter mais mulheres nos cargos de juiz porque dessa forma iremos mudar a situação de opressão em que vivem as mulheres….
Trata-se, simplesmente, de uma grande falácia, a sociedade capitalista é organizada institucionalmente para esmagar a classe trabalhadora, mantendo dessa forma os privilégios de uma burguesia cada vez mais decadente, portanto não será nenhuma dessas instituições que ajudará as mulheres de conjunto a se libertar da opressão a que estão submetidas, isso porque sabe se que as mulheres são as mais atingidas pela pobreza no nosso país e no mundo.
Os tribunais e mais especificamente os juízes são, junto com a polícia, o braço mais forte do Estado capitalista na repressão à população, portanto não será a presença maior ou menor de mulheres que tornará essa instituição, que é antidemocrática por natureza, tornar-se mais justa.
Na verdade, o que a política identitária faz nesse caso é mais uma vez lançar mão de um grande diversionismo dirigindo-se às expectativas de mulheres da classe privilegiada enquanto varre para debaixo do tapete a realidade da qual a esmagadora maioria das mulheres é vítima, qual seja, vítimas do próprio sistema judiciário, que encarcera dezenas de milhares de mulheres, que é responsável hoje pelo Brasil ter a terceira maior população carcerária feminina do mundo.
O sistema Judiciário brasileiro é responsável por muitas vezes ignorar completamente o que diz a lei para poder dessa forma retirar direitos conquistados a duras penas pelos trabalhadores jogando milhões de mulheres, que são hoje a maioria da população desempregada no país, na rua da amargura.
São muitas, por exemplo, as decisões proferidas pelas duas ministras mulheres recentemente presentes no Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber e Cármen Lúcia, a favor da terceirização, chegando inclusive a cassar decisões do próprio Tribunal Regional do Trabalho quando estas se davam no sentido contrário à viabilidade do trabalho terceirizado, um verdadeiro crime contra todos os trabalhadores e muito especialmente contra as mulheres. Essas juízas também votaram contra o Habeas Corpus do presidente Lula, que foi preso de forma completamente ilegal em 2018, e a favor de todas as barbaridades jurídicas tanto do processo do Mensalão quanto da operação Lava Jato colaborando de forma decisiva para jogar o país nos braços do governo Bolsonaro e da política neoliberal de pilhagem das nossas riquezas.
Mulheres, negros e todos aqueles que são a maioria entre os trabalhadores não devem acreditar que a sua luta deve ser desejar fazer parte do aparato institucional burguês, pois por meio disso, o máximo que poderá acontecer é transformar alguns dentre eles em verdadeiros capitães do mato que farão o trabalho sujo para os homens da burguesia.
A verdadeira tarefa dos oprimidos pelo capitalismo é, isso sim, travar uma luta contra as instituições burguesas e não fazer parte delas.