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Cúpula dos BRICS

MRT, loro do imperialismo

Em sua página, Esquerda Diário, os filo stalinistas do MRT analisam o BRICS da mesma forma que a imprensa burguesa

O sítio Esquerda Diário, ligado ao Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), publicou recentemente sua análise a respeito da reunião da cúpula dos BRICS, ocorrida nesta última semana, e das recentes decisões tomadas pelos integrantes do bloco, em particular a inclusão de seis novos países às suas fileiras. Os filo-stalinistas, apesar do jargão esquerdista e pseudorrevolucionário, incorrem na mesma análise superficial e enganadora dos veículos de imprensa capitalistas, que veiculam a visão do imperialismo.

Primeiramente, o Esquerda Diário incorre na mesma estripulia ideológica que outros veículos fizeram com relação à questão do Níger, ao trazer a sombra da China para procurar ocultar que sua análise e sua política são defesas do imperialismo. Segundo eles: “Lula se inclina à ilusão da ‘multilateralidade’ capitalista chinesa, mas não tem qualquer intenção ‘antiimperialista’ ou contra o G7 ao aceitar essa movimentação. Chocando os dois rivais geopolíticos dos quais o Brasil depende, Estados Unidos e China, quer mais margens de negociação pelos nichos de exploração neo-extrativista na América Latina”.

Primeiramente, criticar a China por ser “capitalista” é um refúgio de gente desonesta. É preciso, nesse sentido, relembrar o sentido do enfrentamento dos países de capitalismo atrasado contra o imperialismo. O planeta inteiro é capitalista, mas apenas alguns países têm a capacidade de ser imperialistas. A ditadura do imperialismo sobre o restante do mundo é o inimigo primário em todo esse debate e seu modus operandi não tem comparação com nada que a China sequer sonha em fazer em suas relações comerciais com o restante do mundo. As imposições do imperialismo em todos os países, através da corrupção, da ameaça militar e do domínio econômico, são ações que mais se assemelham a um assalto a mão armada do que a transações comerciais.

Além disso, a ideia de que toda a movimentação política dos BRICS decidida nessa reunião seria apenas uma subserviência dos demais países aos interesses chineses, como se fossem todos fantoches, também é uma ideia absurda. O autor sequer explica como que isso se dá. É evidente que a inclusão dos novos países ao bloco tem como intenção exercer um controle maior sobre a situação política em regiões do mundo onde há crises e conflitos gigantescos, como é o caso da América do Sul e da região oriental da África – a Etiópia faz fronteira com o Sudão e o Sudão do Sul, uma das regiões mais conflituosas do mundo na atualidade.

Reduzir tudo isso a uma simples questão de margens de negociação pela exportação das riquezas nacionais também é de uma desonestidade gigantesca. Seria, então, tudo um jogo de cena do governo brasileiro apenas para conseguir vender mais caro seu petróleo. É uma análise muito superficial.

Outra coisa que chama atenção no texto é o gosto pelas intrigas e fofocas feitas pela imprensa capitalista. O autor afirma que a inclusão dos novos países no bloco enfrentava uma “resistência inicial” por parte do Brasil. Tal informação nunca foi emitida por nenhum órgão oficial do governo. Ela tem origem apenas em fofocas, como essa espalhada pela BBC (órgão de imprensa ligado ao governo Britânico): “Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil em caráter reservado dizem ver com ressalvas as propostas de ampliação do Brics.

Um diplomata afirmou à reportagem que o aumento no número de países poderia resultar em uma diluição da influência do Brasil sobre o grupo que ele mesmo ajudou a fundar”.

Quem é o tal diplomata, ninguém sabe. No entanto, na mesma reportagem, logo abaixo, ele revela a posição de um membro de carne e osso do corpo diplomático brasileiro: “Em entrevista concedida ao portal Metrópoles fevereiro deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse não se opor diretamente ao processo. Ele afirmou que caso os países do bloco formem um consenso, o Brasil teria, inclusive, um candidato: a Argentina”. Não obstante, concretizou-se a inclusão da Argentina no bloco, o que mostra que o Esquerda Diário está apenas reproduzindo acriticamente as intrigas espalhadas pela imprensa do imperialismo.

Outra coisa é que o autor se demonstrou desatualizado com relação aos acontecimentos recentes na política mundial. Ele afirma: “Essas novas adesões podem significar um avanço relativo da China, líder do bloco, mas também agravam sua heterogeneidade com países como a Arábia Saudita, que são claramente subordinados aos EUA”. E logo abaixo, ele também diz que “Arábia Saudita e Irã disputam pela proeminência no Oriente Médio”. Ou seja, o autor não ficou sabendo das notícias de que houve uma conciliação entre os Sauditas e os persas, por intermédio justamente da China, em março deste ano. Ambos emitiram uma declaração prometendo melhorar as relações entre si e trabalhar pela estabilidade da região. Essa movimentação indica um distanciamento dos sauditas do imperialismo norte-americano, o que deve ser uma novidade para o articulista do Esquerda Diário.

Outra coisa que chama atenção é a disposição do articulista em se entregar à demagogia ecológica do imperialismo para atacar o governo do Brasil, justamente em um momento em que isso é uma trava ao desenvolvimento do país justamente por imposição do imperialismo. Segundo o autor “É inquestionável que os imperialismo da UE e EUA devastam a natureza planeta afora com suas multinacionais e fazem ecodemagogia nas cúpulas climáticas, fóruns internacionais, acordos comerciais e através do crescente greenwashing (sic). Entretanto, não se pode combater o ecocídio imperialista explorando petróleo na foz do Amazonas, ou junto do carvão chinês, do gás russo e dos maiores produtores de petróleo do mundo. (…)”.

O autor finge que critica o imperialismo, mas faz coro com a campanha de que o Brasil deve manter seu próprio petróleo embaixo da Terra, o que atrasa o desenvolvimento nacional, enquanto Guiana e outros países vizinhos “fazem a festa” com o petróleo da Margem Equatorial. Além disso, criticar os russos e os chineses por explorarem e venderem seus recursos naturais, algo que todos os países do planeta fazem e que é natural, visto que o combustível vale dinheiro e que os países precisam se desenvolver.

Por fim, o autor procura relativizar a luta entre os países imperialistas e os países atrasados com a afirmação de que isso seria “campismo”: “Entre aqueles que reivindicam a luta dos trabalhadores, do povo pobre e dos oprimidos, não é possível defender visões “campistas” das relações internacionais. Com seus limites, o desafio que o bloco dos BRICS pode representar para as grandes potências imperialistas não o torna um aliado dos povos oprimidos. Não representam qualquer alternativa de “hegemonia benigna” na ordem internacional”.

É óbvio que a constituição de um bloco como o BRICS não é a revolução proletária internacional que espera o Esquerda Diário, mas ignorar o fato de que há uma inciativa no sentido de procurar diminuir o impacto da dominação política do imperialismo sobre o mundo é absurdo. No mesmo texto, o autor também diz que não se deve ver com bons olhos as movimentações dos países do BRICS porque a China “deixa países endividados” com a criação da Rota da Seda, os russos fornecem armas para ditadores africanos, o Brasil exporta suas forças armadas para operações militares, etc. Trata-se de uma visão moral do funcionamento do planeta e que não leva em consideração a luta de classes entre os países nacionalistas e o imperialismo. Nesse sentido, fazem uma análise tipicamente pequeno-burguesa das coisas: o problema não são os fatos concretos, mas as questões morais envolvidas nas ações dos governos.

A análise sobre a questão dos BRICS feita por boa parte da esquerda é totalmente baseada no que diz o imperialismo, como se pode ver. Mais uma vez, a incapacidade de se colocar contra os EUA e seus associados atrapalha a compreensão dos acontecimentos e interfere nas ações políticas desses agrupamentos.

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