Na última sexta-feira (8), o Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) publicou em seu portal de notícias, Esquerda Diário, uma matéria intitulada “Declaração/Diante da disputa entre Venezuela e Guiana sobre Essequibo e o referendo convocado por Maduro”. Trata-se de uma declaração da Liga dos Trabalhadores pelo Socialismo (LTS) da Venezuela, a qual foi referida como organização irmã do MRT. Tal publicação realmente não deixa dúvidas que LTS e MRT possuem a mesma política de ataque a governos nacionalistas de países atrasados justamente quando esses estão enfrentando o imperialismo.
Segundo a declaração, a LTS teria uma posição distinta de todo espectro da política nacional venezuelana, enquanto todo “arco político capitalista” estaria posicionado contra a Guiana por Essequibo, a mesma estaria defendendo os povos de ambos os países de seus governos que “se entregam aos interesses transnacionais”. Trata-se de uma posição muito extravagante por considerar o governo Maduro e o da Guiana subservientes ao imperialismo e ao mesmo tempo a Venezuela “imperialista”.
A matéria também reconhece que a questão da sentença de 1899, sobre a disputa territorial, foi encaminhada pelo secretário-geral da ONU à Corte Internacional de Justiça sem aprovação da Venezuela, mas com aprovação da Guiana, que a Venezuela se opôs à decisão de 2020 e teve a objeção rejeitada por uma juíza norte-americana em 2023. Nada mais fácil de compreender tendo em vista que as instituições internacionais dominadas pelo imperialismo nunca decidirão contra seus interesses.
Apesar de reconhecer que a Venezuela foi espoliada pela Grã-Bretanha e que o território da Guiana Essequibo fazia parte da Capitania Geral da Venezuela no início da luta pela independência, inclusive com reconhecimento do império espanhol (Tratado de 1845), para a LTS o reconhecimento da ex-colônia britânica como República através do Acordo de Genebra teria tornado a mesma independente. É como se em um mundo totalmente controlado pelo imperialismo a Guiana Essequibo, sendo uma área de 160 mil quilômetros e com população de cerca de 128 mil pessoas, fosse realmente independente.
Além dessas teses extremamente absurdas, a LTS também acusa o governo Maduro de ser o pior de toda a história da Venezuela, isso significa que seria pior do que os governos capachos do imperialismo norte-americano. Ao acusar Maduro de ser responsável pela miséria no país, não há nenhuma consideração sobre o bloqueio criminoso que o imperialismo impõe à Venezuela. Sobre Maduro ser um entreguista, a LTS deveria explicar o motivo pelo qual o imperialismo reconhecia o autoproclamado presidente Juan Guaidó, o sequestro de ativos da petrolífera nacional PDVSA pelos EUA, de toneladas de ouro pela Inglaterra, entre outras arbitrariedades.
Até mesmo o plebiscito proposto por Maduro para realizar uma consulta popular foi atacado pela LTS. Essa política de acusações sem qualquer fundamento e de falsificações não é nada diferente do que o MRT pratica contra o governo Lula. Ao final, a confusão que esses partidos promovem no interior dos movimentos de luta acabam por dar força para a política do imperialismo.