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Pseudo-revolucionários

MRT ataca discurso de Lula na ONU com argumentos do imperialismo

MRT demonstra que está em sintonia com os ataques do imperialismo a Lula, tanto no fortalecimento do BRICS quanto na oposição à exploração do petróleo

O Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) publica, em seu sítio, Esquerda Diário, uma análise do discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU. Embora o texto seja bastante longo, as teses principais apresentadas pelo grupo estão bastante evidentes e estão de acordo com a política do imperialismo, tudo isso disfarçado numa linguagem carregada.

O articulista faz uma longa descrição de todos os tópicos abordados durante a abertura da Assembleia Geral, citando o discurso que precedeu Lula, de Antonio Guterres, destacando o que foi dito a respeito do problema das mudanças climáticas, da guerra na Ucrânia, mas sem estabelecer uma clara distinção entre a posição do MRT e a posição do imperialismo e da ONU a respeito dos temas.

A respeito do discurso de Lula, o articulista demonstra sua total incompreensão a respeito da postura que o marxismo deve ter diante do nacionalismo burguês. Em um período em que o imperialismo demonstra uma crise em diversas frentes, a começar pelo Afeganistão, mas também na questão do conflito com a Ucrânia e nos golpes de estado nacionalistas na África, o MRT não consegue se colocar em oposição ao imperialismo de forma absoluta e inquestionável.

Ao explicar a tentativa do Brasil de desenvolver uma política minimamente independente do imperialismo norte-americano, o MRT diz que “Lula se inclina ao ‘multilateralismo benigno’ propagandeado pelo capitalismo chinês como forma de jogar com a ‘dupla dependência’ do Brasil no campo mundial, espremido entre Estados Unidos e China, sem romper com ninguém e buscando extrair o possível nas negociações com ambos”.

Primeiramente, é preciso colocar que a ideia de que o Brasil estaria simplesmente seguindo alguma recomendação do “capitalismo chinês” é muito superficial. O fato de o Brasil e de outros países ao redor do mundo estarem desenvolvendo políticas que se coloquem minimamente contra os interesses do imperialismo é algo natural em meio à crise profunda em que se encontra o bloco imperialista. É preciso lembrar que a opressão do imperialismo sobre todos os países é algo criminoso e que impede qualquer ação de crescimento por parte deles, então a tentativa de se livrar disso é constante. Em meio à crise demonstrada desde a derrota no Afeganistão, uma parte dos países procura se aproveitar para procurar ganhar uma independência mínima.

Dizer, também, que o Brasil seria dependente dos EUA e da China é uma consideração vazia de conteúdo. O capitalismo é um sistema econômico de âmbito mundial e os países todos têm negócios e conexões comerciais com o mundo inteiro. O fato de o Brasil fazer negócios com a China não se compara à opressão exercida pelos EUA. O imperialismo norte-americano esmaga e sufoca o desenvolvimento nacional desde o início do século passado, tendo promovido golpes de estado no país, falido empresas nacionais, comprado estatais a preço de banana e feito tudo quanto possível para manter a população na miséria. A China, por outro lado, é simplesmente um parceiro comercial, não tendo poder para promover nada nem parecido com o que fazem os norte-americanos.

O autor também traz uma tese semelhante à de Jones Manoel de que o governo Lula seria uma mera continuação ou aprofundamento de Temer e Bolsonaro: “no Brasil o cenário é de preservação e continuidade da ofensiva capitalista agravada desde o governo golpista de Temer e seu herdeiro Bolsonaro. A Frente Ampla de Lula e Alckmin não só preserva as privatizações e reformas trabalhista, previdenciária e do ensino médio, como elaborou o próprio teto de gastos neoliberal com o Arcabouço Fiscal e incorpora progressivamente a direita base de Bolsonaro em seu governo”.

Trata-se de uma típica crítica ultra-esquerdista irresponsável, procurando igualar o Arcabouço Fiscal insosso de Lula ao duro ataque que foi o Teto de Gastos de Michel Temer. A forma como a crítica é colocada também é uma falsificação. De nada adianta dizer que Lula preserva as privatizações (como se você pudesse reestatizar uma empresa num passe de mágica, sem que se tenha uma situação quase revolucionária), mas não demonstrar que o Congresso tem papel preponderante na sabotagem e nos ataques contra o povo. Uma coisa é criticar o governo Lula por não enfrentar essa situação, e outra totalmente diferente é atribuir a ele toda a responsabilidade que caberia ao restante das instituições.

Por fim, o MRT demonstra que, embora finja criticar a demagogia ecológica do imperialismo, está totalmente a reboque dessa mesma política: “é inquestionável que os imperialismos da UE e EUA devastam o planeta com suas multinacionais e fazem ecodemagogia nas cúpulas climáticas, fóruns internacionais, acordos comerciais e através do crescente greenwashing. Entretanto, não se pode combater o ecocídio imperialista explorando petróleo na foz do Amazonas, apostando em uma transição energética marcada pela preservação da lógica destrutiva da produção capitalista e por fora de medidas como uma reforma agrária radical que desaproprie o grande latifúndio a favor dos pequenos camponeses, trabalhadores rurais e povos indígenas”.

Para além de todo esse texto repleto de neologismos e conceitos confusos, o que se vê é que o MRT se opõe totalmente à exploração do petróleo pelo governo brasileiro, em total acordo com o próprio imperialismo que eles fingem criticar. A farsa da política ecológica tem como propósito, nesse caso, impedir que o Brasil possa se desenvolver e explorar as suas riquezas, mantendo-as embaixo da terra para que alguma empresa norte-americana possa fazê-lo quando tiver a chance.

O MRT ataca o governo Lula se utilizando dos mesmos argumentos do imperialismo. Se opõe ao fortalecimento do BRICS e das relações do Brasil com a China, também se coloca contra a exploração do petróleo. A ideia de que tudo isso é feito por uma suposta luta revolucionária é uma farsa. Trata-se da política do imperialismo e da burguesia golpista, sendo direcionada contra o governo do PT.

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