Motoristas de aplicativos estão anunciando nas redes sociais e em alguns órgãos da imprensa que vão entrar em greve na próxima segunda-feira (15) em várias regiões do País.
O anúncio vem sendo feito, entre outros, por entidade como a Federação dos Motoristas Por Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), que divulgaram notas conclamando a paralisação, que pretende reivindicar melhores condições de trabalho e repasses mais altos nas tarifas das corridas.
Segundo os motoristas, as empresas como a Uber e 99 chegam a ficar com cerca 60% do valor da corrida e os motoristas arcam com todas as despesas dos automóveis e não tem nenhum direto trabalhista assegurado, estando entregues à própria sorte em caso de acidente ou imprevisto.
Desde 2016 não há um reajuste de fato no valor repassado aos motoristas, apesar das seguidas altas dos preços dos combustíveis e dos custos de manutenção dos veículos.
A paralisação do dia 15 está prevista para durar 24 horas, é de iniciativa e se espera que haja uma adesão passiva, diante do sufoco em que vivem os trabalhadores que têm de trabalhar muitas horas para bancarem os custos e conseguirem fazer com que sobre algum para o sustento de si e de suas famílias.
As estimativas são de que haja no País mais de 1,2 milhão de motoristas de aplicativos, de norte a sul do Brasil.
Segundo pesquisa recente, da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), intitulada “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos”, divulgada em abril passado, com dados levantados junto às empresas (e, portanto, duvidosos) a renda líquida média – descontando os custos de manutenção do veículos – dos motoristas varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 para uma jornada de 40 horas semanais.
A pesquisa apontou que 37% dos motoristas possuem outras atividades remuneradas além do trabalho via aplicativo, obviamente, porque a renda não é suficiente para garantir o sustento devido para o trabalho e sua família e porque não há direitos garantidos para os motoristas de aplicativos.
Ainda segundo a pesquisa, 95% dos motoristas são do sexo masculino; têm, em média 39 anos, e 62% se declara negro ou pardo. 60% tem ao menos o ensino médio completo.
Uma tarefa central dessa entre contingente de trabalhadores, que se somam a cerca de 400 mil entregadores, é sua organização em sindicato próprio para lutar pela regulamentação do trabalho e pela conquista de diretos fundamentais incluindo o devido registro trabalhista (certeira assinada), pagamento de férias, atestados médicos e outros.
A CUT e todos os seus sindicatos precisam apoiar essa mobilização e a organização dos trabalhadores desse setor.
Para estes trabalhadores e para toda a classe trabalhadora, uma questão fundamental é a luta pelo cancelamento das reformas golpistas dos governos Temer e Bolsonaro, destacadamente a “reforma” trabalhista de 2017, que impôs a milhões u verdadeiro regime de escravidão, eliminando direitos conquistados ao logo de décadas de luta.