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História

Mossad: a “CIA” israelense é tão sinistra quanto a dos EUA

Parte fundamental da estruturação da ditadura sionista sobre a Palestina, a agência precisa ser extinta e seus membros levados ao julgamento popular como criminosos da pior espécie

Dois anos após a criação da norte-americana Agência Central de Inteligência (CIA), o recém-criado Estado de Israel funda em 13 de dezembro de 1949 sua própria agência de espionagem e golpes, o Instituto de Inteligência e Operações Especiais (Mossad, na sigla em hebraico). A exemplo da agência americana, o Mossad se tornaria um exemplo de organização inescrupulosa, capaz de cometer os mais hediondos crimes, assassinatos, torturas e atentando inclusive contra a soberania de países europeus.

Por exemplo, o jornal israelense Haaretz descreveu em uma matéria os métodos de interrogação eufemisticamente chamados de “especiais”, tirados não a partir de relatos das vítimas, mas de interrogadores:

“Recentemente, uma conversa entre os interrogadores na presença de várias testemunhas proporcionou uma chance de ouvir dos próprios interrogadores sobre os tipos de tortura usados em casos importantes, quem aprovou e quais informações produziu.”(“Torture, Israeli-style – as Described by the Interrogators Themselves”, Chaim Levinson, 24/1/2017). “As pessoas”, destaca Levinson, “que foram submetidas a interrogatório descreveram vários métodos, desde interrogadores gritando em seus ouvidos, até golpes, até serem forçados a posições dolorosas por longos períodos” (Idem).

“N.”, continua a matéria do diário israelense, “um ex-interrogador sênior autorizado a aprovar ‘meios especiais’, insistiu que não é como Guantánamo; ele e seus colegas não obrigam os suspeitos a ficarem nus em um clima de 10 graus negativos, acrescentou. Ele disse que os métodos utilizados são cuidadosamente escolhidos para serem eficazes o suficiente para quebrar o espírito do suspeito, mas sem causar danos permanentes ou deixar marcas.” (Idem).

“Esses métodos ganharam as manchetes em dezembro de 2015”, continua a reportagem do Haaretz, “durante a investigação de um ataque incendiário letal à casa de uma família palestina em Duma, após os suspeitos, Amiram Ben-Uliel e um menor, A., disseram ter sido torturados. Sua alegação provocou manifestações em todo o país. Os interrogadores admitiram o uso de tortura, mas negaram ‘assédio sexual, [tortura física extrema] e cuspe’”. (Idem).

“Os tapas”, informa, “foram o primeiro método listado por N.. Ele disse que a força usada é moderada, mas o objetivo é ferir órgãos sensíveis como nariz, orelhas, sobrancelhas e lábios.” (Idem).

Em outra matéria do mesmo órgão, o Haaretz, “até 1999, milhares de prisioneiros palestinos eram torturados todos os anos. O Comitê Público contra a Tortura em Israel estima que a maioria dos palestinos interrogados sofreu pelo menos um tipo de tortura.” (“Torture of Palestinian Detainees by Shin Bet Investigators Rises Sharply”, Chaim Levinson, 6/3/2015).

Setembro Negro

Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972, realizados em Munique, na então Alemanha Ocidental, o grupo de resistência armada palestina Setembro Negro (ligado à Organização para a Libertação da Palestina – OLP) invadiu a Vila Olímpica e sequestrou a equipe olímpica de Israel. O ataque resultou na morte de dois atletas israelenses, e outros nove foram feitos reféns. O líder do Setembro Negro, Luttif Afif, e seus cúmplices recorreram a este expediente para conseguir a libertação de companheiros palestinos presos, em Israel e em outros países, além de um avião para deixar a Alemanha Ocidental. As autoridades alemãs tentaram negociar, mas a situação rapidamente se deteriorou.

Em uma tentativa de resgatar os reféns israelenses, o governo alemão concordou em transportar os sequestradores e reféns para a Base Aérea de Fürstenfeldbruck. No entanto, as forças alemãs tentaram capturar os sequestradores, de surpresa durante a libertação dos reféns, desencadeando um tiroteio que resultou na morte de todos os reféns israelenses, bem como de vários sequestradores.

O mundo assistiu horrorizado à tragédia que se desenrolou em Fürstenfeldbruck. 

Em resposta, o Setembro Negro anunciou que os reféns seriam mortos em retaliação aos acontecimentos. Por sua vez, porém, o serviço secreto israelense deu início à Operação Cólera de Deus, matando os cinco membros restantes da organização pela libertação da Palestina:

  1. Wael Zwaiter: Intelectual palestino, foi assassinado em Roma, Itália, em outubro de 1972, tendo sido o primeiro alvo da Operação Cólera de Deus. Foi baleado em seu apartamento.
  2. Mahmoud Hamshari: Um dos líderes do Setembro Negro, foi vítima de um atentado com uma bomba em Paris, França, em dezembro de 1972. O atentado deixou Hamshari gravemente ferido, falecendo poucos dias depois.
  3. Basil al-Kubaissi: Assassinado em Paris, em janeiro de 1973, por um atirador.
  4. Mohammed Boudia: Assassinado em Nicosia, Chipre, em junho de 1973. Foi morto por um carro-bomba.
  5. Zaiad Muchassi: último membro do Setembro Negro vivo então, foi assassinado em agosto de 1973, em Paris, França, por um atirador.

Outra demonstração da falta de escrúpulos aconteceu durante a realização da chamada Operação Dâmocles. Desencadeada em 1962, visava cientistas e técnicos, e destinava-se a bloquear o desenvolvimento da indústria aeroespacial do Egito. Por meio de cartas-bomba, os alvos eram escolhidos para minar a capacidade defensiva egípcia, e consequentemente, dos demais países árabes.

Em um desses atentados, cinco operários da indústria de foguetes egípcia foram mortos em novembro daquele ano e uma secretária ficou cega, assim como o cientista alemão radicado no país africano Heinz Krug (morto em Munique, em 11 de setembro também de 1962).

O artigo publicado pelo órgão israelense HaaretzTargeted Killings – a Retro Fashion Very Much in Vogue” (Yossi Melman, 24/3/2004) reconhece que “assassinatos a alvos direcionados não são novidade para a comunidade de inteligência em Israel”. O artigo prossegue dizendo abertamente que o imperialismo, principalmente “a inteligência britânica e francesa”, discutiram “a possibilidade de assassinar o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser” (Idem).

A matéria de Haaretz segue reconhecendo a tática das cartas-bombas:

“O uso de bombas de correio tornou-se uma ferramenta central na década de 60, especialmente no assassinato de cientistas alemães (antigos nazistas) que estavam envolvidos no desenvolvimento de armas avançadas no Egito. Eles foram avisados anteriormente para não participar do desenvolvimento de armas, através de uma campanha de susto dirigida pelo então chefe da Mossad, Isser Harel. Quando não desistiram, tornaram-se alvos.” (Idem).

Se nos casos acima, a sinistra agência sionista operou abertamente, violando a soberania inclusive de nações – inclusive países imperialistas do primeiro degrau (como a França) -, em outros, o caráter sinistro e absolutamente fora de controle do serviço secreto sionista ficou demonstrado em execuções ainda mais criminosas, como o assassinato do cientista palestino Fadi al-Batsh.

Jovem, com apenas de 35 anos e morando na capital malaia, Kuala Lumpur,  al-Batash foi morto por um atirador no dia 21 de abril de 2018. Sua morte trouxe à tona um programa sigiloso de assassinatos direcionados a palestinos considerados uma ameaça por Israel. Al-Batsh estudara engenharia elétrica em Gaza antes de obter um doutorado na mesma área na Malásia, com especialização em sistemas de energia e economia de energia, tendo publicado diversos artigos científicos sobre o tema.

O partido que governa Gaza, Movimento Resistência Islâmica (Hamas), declarou que al-Batsh era um membro importante da agremiação e acusou a agência de inteligência sionista de tê-lo matado. O pai do rapaz, em uma entrevista à Al Jazeera, expressou suspeitas de que o Mossad estivesse envolvido no assassinato de seu filho e apelou às autoridades malaias para que desvendassem o suposto plano de “assassinato” o mais rápido possível (“How Mossad carries out assassinations”, Ali Younes, 22/4/2018).

Na matéria supracitada, o jornalista investigativo israelense Ronen Bergman, argumenta que o assassinato de al-Batsh apresenta todas as características de uma operação do Mossad.

Outra execução de civil famosa ocorreu em 2020, do cientista iraniano Mohsen Fakhrizadeh, considerado “pai” do programa nuclear iraniano. Sua morte, ocorrida no dia 27 de novembro, jamais foi assumida por algum grupo, mas a motivação sionista não deixa dúvida sobre quem seria o autor.

“Segundo a agência FARS, Fakhrizadeh foi alvo de um ataque misto de armas leves e de pelo menos uma explosão na entrada da localidade de Absard, 90 quilômetros a leste de Teerã”, destaca uma matéria de El País (“Cientista ‘pai’ do programa nuclear do Irã é assassinado”, Ángeles Espinosa, 27/11/2023). A matéria prossegue informando que “pelo menos quatro cientistas iranianos vinculados ao programa nuclear foram assassinados entre 2010 e 2012 em operações atribuídas a Israel, algo que seus porta-vozes sempre negaram.” (Idem).

Endeusada pelo cinema como uma “caçadora de nazistas”, a realidade é totalmente diferente: a Mossad é uma típica agência oficial do terror imperialista, que abusa do cinismo e escuda-se no sofrimento de milhões de judeus para auxiliar a aplicação de uma barbárie ainda pior contra o povo árabe.

Parte fundamental da estruturação da ditadura sionista sobre a Palestina, a agência precisa ser extinta e seus membros levados ao julgamento popular como os criminosos da pior espécie que são. Não é um instrumento que possa ser reparado ou algo do gênero, devendo ser extinto imediatamente.

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