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Mato Grosso do Sul

MNLM repudia prisão ilegal de Magno Souza, ex-candidato do PCO

Lideranças do movimento de luta pela terra enviaram suas declarações ao Diário Causa Operária denunciando a situação de Magno de Souza no Mato Grosso do Sul

Na madrugada da sexta-feira passada (08), 10 índios Guarani-Caiouá foram presos em Dourados, Mato Grosso do Sul, após despejo feito pela polícia militar do estado contra a retomada Iwu Vera. A área está sendo grilada pela construtora Corpal para a construção de um condomínio de luxo na cidade, enquanto que os indígenas reivindicam terra para morar e terem condições de sobreviver.

Cabe ressaltar o caráter absolutamente ilegal da operação: os policias invadiram a terra sem qualquer tipo de ordem jurídica válida, na ausência, até mesmo, da Funai, que deve estar presente, segundo a lei, em ações desse tipo. Na ocasião, lideranças da retomada Iwu foram presos, além de Magno de Souza, ex-candidato ao governo do Mato Grosso do Sul pelo Partido da Causa Operária (PCO).

Tamanha foi a irregularidade da ação truculenta dos policiais que nenhum órgão, instituição ou organização ficaram cientes das prisões em questão. Os companheiros do Comitê de Luta Guarani-Caiouá de Dourados só souberam do ocorrido depois que alguns integrantes foram até o local na manhã da sexta-feira, e foi então que Magno foi preso.

Frente a isso, representantes do movimento da luta pela terra vieram à público solidarizar-se com a situação dos companheiros de Dourados.

“Em nome da Direção Nacional e da Executiva Nacional do MNLM [Movimento Nacional de Luta pela Moradia], gostaria de externar o nosso repúdio e a nossa solidariedade com relação à prisão do companheiro Magno de Souza e de outros companheiros indígenas Guarani-Caiouá que foram presos na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, por enfrentarem o processo de grilagem de terra, que é uma coisa recorrente no País”, afirmou Gabriel Araújo, membro da Executiva Nacional do MNLM.

A operação do dia 08 deste mês não é, nem de longe, uma raridade. Há cerca de um mês que, em Rio Brilhante, na retomada Laranjeira-Nhanderú, policiais militares despejaram indígenas e prenderam cinco integrantes da luta pela terra. Algo absolutamente comum no Mato Grosso do Sul.

“Existe um avanço intensificado da repressão, como a CPI do MST, a prisão dos companheiros da FNL – o companheiro Zé Rainha -, a prisão de companheiros nossos em Pernambuco, como foi o caso do companheiro Raul Jonathan”, continuou Gabriel.

Trata-se de uma demonstração de que, acima das necessidades da população sul-mato-grossense, está Eduardo Riedel, governador do estado e representante fiel dos interesses dos latifundiários e grileiros de terras indígenas. Nesse sentido, apontando a mobilização popular como o caminho correto, Araújo finaliza sua declaração convocando as organizações dos sem terra à luta:

“Quero convocar a companheirada a iniciar uma campanha política contra a repressão, pela reforma agrária, pela reforma urbana e pela desapropriação dos imóveis e das terras que não têm cumprido com a sua função social para destinar a quem precisa e a quem trabalha.”

Carmen Hannud, militante do PCO e do MNLM e ex-candidata ao governo de Tocantins pelo Partido, também enviou uma declaração ao Diário Causa Operária (DCO) denunciando a situação do companheiro Magno. Confira, abaixo, seu pronunciamento na íntegra:

“Venho aqui me solidarizar com o companheiro Magno de Souza e todos os indígenas presos na operação da polícia militar nas áreas de retomada de Dourados, no Mato Grosso do Sul, além de suas famílias e comunidades.

No Movimento Nacional de Luta pela Moradia nós também temos experiências com a repressão pela polícia militar, pelo Estado burguês, por todo esse aparato repressivo. Nós defendemos a liberdade de todos esses companheiros imediatamente.

Lutar pela terra não é crime, lutar pela terra é uma questão de vida. Nós defendemos terra para quem nela trabalha, terra para quem precisa morar. Errado é ter poucas pessoas donas de um grande território enquanto muitas pessoas não possuem nem um pedaço de terra.

Isso está errado e apenas a nossa organização pelo fim da polícia militar, pela expropriação do latifúndio, pela demarcação das terras indígenas, pela reforma agrária popular e pela superação do capitalismo – só por meio dessa organização é que vamos conseguir de fato melhorar a vida da classe trabalhadora, garantindo os seus direitos.”

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