A poucos dias de se tornar o novo presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, defendeu na segunda-feira, 25 de setembro de 2023, a remuneração das empresas de comunicação pelas plataformas digitais. Em seminário organizado pelo CNJ, Conselho Nacional de Justiça, o ministro afirmou:
“Eu sou totalmente a favor do compartilhamento de receitas entre as plataformas digitais e a imprensa tradicional pela razão singela de que as plataformas digitais não produzem uma linha de conteúdo, elas veiculam o conteúdo que é produzido pela imprensa tradicional.”
O famigerado projeto de lei das “fake news” (2.630 de 2020), um tanto esquecido, volta à baila, agora defendido por ministro do STF. Através do jabuti da remuneração dos “grandes meios de comunicação” pelas grandes empresas de tecnologia da internet, as “big techs”, já havia aparecido, ou melhor, já havia sido colocado no projeto, como um jabuti num galho de árvore bem alto e aqui, não é difícil imaginar por quem.
O projeto foi “encostado” após grandes críticas e protestos dos “blogueiros sujos”, dos órgãos independente, ligados à esquerda e que logo perceberam a armadilha de controle da informação e esvaziamento das suas fontes de financiamento, embutida no projeto 2.630. O temor da imprensa de esquerda é de perder sua fonte de financiamento na Internet, que seria cada vez mais desviada para a imprensa burguesa.
Como a decadência dos órgãos tradicionais é evidente, com a perda de leitores e de espectadores e, consequentemente, de anunciante$, as tentativas de salvar mais esse moribundo do capitalismo, vai aparecendo e, como um zumbi, sai das catacumbas. Chega a ser risível a busca sutil e desesperada para salvar a “grande imprensa capitalista” e ainda impor a censura à liberdade de imprensa e pensamento.
Até as pedras que a esquerda identitária joga contra o governo Lula sabem: os monopólios de imprensa estão lentamente afundando diante da internet. Por outro lado, pesquisas recentes revelaram que grande parte da população brasileira já percebeu que os meios de comunicação não passam de uma máquina infernal de produção de notícias falsas, manipulação ideológica e golpismo descarado.
Os principais países imperialistas e seus aliados submissos, como a Austrália, por exemplo, já lançaram aos céus e às leis, novas e repressivas regulações e normas, disfarçadas de providências “para o bem da verdade e a proteção de nossas criancinhas”. Há tempos ecoa o pedido de socorro do capitalismo agonizante e do imperialismo claudicante: “Não podemos mais permitir a internet como sonhamos descuidados – livre, aberta e não regulada (censurada)- nossos porta-vozes ideológicos e paladinos protetores, os grandes jornalões, as grandes redes de TV e rádio (monopolistas) não aguentam competir mais e nossos governos burgueses e imperialistas vão perder toda sua parca legitimidade se a internet continuar assim.”
O Pacote de Serviços Digitais, que passou a vigorar nos 27 países membros da União Europeia a partir de 25 de agosto de 2023, é mais um exemplo dessa busca de controle (censura). Com o pacote as “big techs” – Meta, Apple e Google, entre 17 outras empresas, serão obrigados a evitar a disseminação de conteúdo considerado prejudicial, ilegal ou nocivo; quem decide o que é verdadeiro, nocivo ou ilegal? Essas empresas gigantes e seus algoritmos, já controlavam os conteúdos da internet, e agora estarão sujeitando a pequena e combativa imprensa independente a um controle cada vez mais restrito: Adeus liberdade na internet.
A censura na rede salvará o capitalismo, a moral, os bons costumes e as criancinhas do Brasil? Devemos desconfiar de uma razão tão singela?