Dando continuidade à série histórica sobre a Palestina, em que são expostas as centenas (quiçá milhares) de massacres cometidos por “Israel”, este que será relatado adiante foi um dos maiores já perpetrados pelos sionistas e seus aliados, resultando no assassinato de mais de 3 mil palestinos. Ocorrido em 12 de agosto de 1976, o Massacre de Tel al-Zaatar deu-se durante a chamada “Guerra Civil Libanesa”, uma guerra que, assim como todas as “guerras civis” em países atrasados, fora impulsionada pelo imperialismo, o qual contou com “Israel” e suas tropas para esmagar os libaneses que lutavam por sua libertação.
Tel al-Zaatar era um campo de refugiados no nordeste de Beirute, no Líbano, administrado pela UNRWA, sigla em inglês para Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente. Como o nome da agência indica, o campo de Tel al-Zaatar abrigava refugiados palestinos.
Continha cerca de 3 mil estruturas e abrigava 20 mil palestinos, no início de 1976, a maioria deles, apoiadores da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat, uma confederação de organizações que, à época, congregava as principais forças da resistência palestina.
Ocorre que o campo ficava localizado em uma área de Beirute controlada pelos cristãos de extrema direita. No ano anterior, inúmeros ataques perpetrados pelas milícias fascistas apoiadas por “Israel” e formadas por cristãos maronitas foram perpetradas contra o campo ou contra aqueles que se deslocavam ao acampamento. Dentre as principais estavam as Forças Reguladoras Kataeb (também conhecidos como Falangistas), as Milícias dos Tigres (braço armado do PNL, Partido Liberal Nacional) e os Guardiões dos Cedros. Dezenas de palestinos foram assassinados nesses ataques.
Contudo, com a escalada da guerra, no dia 18 de janeiro, as milícias invadiram o bairro de Karantina, também no nordeste de Beirute, e assassinaram mais de 1.500 pessoas. Em resposta a isto, militantes da OLP, em especial da sua fração Síria as-Sa’iqa, atacaram a cidade maronita de Damour no dia 20 de janeiro, onde se concentravam muitos milicianos, aniquilando cerca de 500 pessoas.
Então, as milícias maronitas de extrema-direita, coordenadas com “Israel”, começaram a planejar sua ofensiva contra Tel al-Zaatar. De forma que não demorou para cercarem o campo de refugiados, o que foi feito com cerca de 500 soldados das Forças Reguladoras de Kataeb, 500 da Milícia dos Tigres e 400 de outros grupos, em especial dos Guardiões dos Cedros. Demonstrando o apoio pelo imperialismo, receberam de equipamento militar tanques Super Sherman e um esquadrão de carros blindados Panhard AML-90.
O cerco em si, começou já em janeiro de 1976, vários meses antes do próprio massacre, com o impedimento da entrada de comidas e víveres, para enfraquecer os cerca de 1.500 combatentes palestinos do local, principalmente membros da OLP, mas também de organizações menores como a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral.
Bloquearam também o acesso à água, de forma que mesmo refugiados que tentassem obter o recurso, eram alvos das milícias maronitas.
Mostrando um modus operandi análogo ao que os sionistas vêm fazendo atualmente contra Gaza, as forças hostis aos palestinos de Tel al-Zaatar, nelas inclusas as milícias maronitas, centraram seus ataques contra o Hospital Al-Karamah, principal prédio local, e que estava constantemente recebendo feridos e pessoas enfermas.
No mês de julho, o exército Sírio começou a bombardear o campo. Eventualmente, os contantes ataques, somado ao bloqueio, tornaram a condição dos refugiados insustentáveis, de forma que a queda de Tel al-Zaatar tornou-se inevitável.
Um acordo foi feito entre os combatentes palestinos e um representante da Liga Árabe, no dia anterior ao massacre, nos termos do qual, tanto eles quanto os refugiados poderiam sair com segurança. Contudo, no dia seguinte, ao evacuarem o campo, as milícias cristãs maronitas estavam à espera e perpetraram o massacre, assassinando mais palestinos do que já haviam matado.
Estima-se que foram mortos mais de 3 mil pelos cristãos fascistas, que eram apoiados e coordenados por “Israel”, em mais um episódio da história de massacres dos sionistas contra o povo palestino.