No último fim de semana, os argentinos elegeram o direitista Javier Milei para o próximo mandato presidencial de quatro anos. O resultado do pleito foi, primariamente, uma derrota para o peronismo, que abriu mão de uma candidatura popular para lançar o ministro da Economia do impopular governo de Alberto Fernández, Sergio Massa. A candidata natural, a vice-presidenta Cristina Kirchner, vítima de perseguição judicial, foi escanteada, evidenciando uma esquerda argentina a reboque do imperialismo.
Assim, o grande vencedor das eleições argentinas é o imperialismo, que encontrou em Milei um candidato de extrema-direita à sua imagem. O programa de Milei para a Argentina propõe a completa devastação do país, uma política de terra arrasada, conforme preconizam os abutres do capital financeiro, que assumirão o controle do país se o presidente eleito conseguir implementar integralmente sua política.
Milei pretende privatizar tudo o que ainda não foi entregue aos tubarões capitalistas. “Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará nas mãos do setor privado”, afirmou, destacando, entre outros setores, os meios de comunicação públicos, como a Radio Nacional, a TV Pública e a agência de notícias Télam, a maior do país.
Mais crucialmente, o presidente eleito almeja entregar aos monopólios imperialistas a petrolífera estatal do país, a YPF, e a estatal de energia, Enarsa. Esta é a chave para o fracasso: resultará em uma crise energética para o país, enquanto os recursos são sugados por empresas privadas. Estas gerenciarão a energia argentina para explorar a população, que já sofre com inflação e uma intensa crise econômica e social.
Na política de choque neoliberal, Milei já deixou claro que reprimirá manifestações contra sua política de terra arrasada. “Aqui a lei será cumprida”, afirmou o presidente eleito, que terá como aliado o próximo chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Jorge Macri. “Pode ser que acabem criando, digamos, uma situação delicada nas ruas. Isso geralmente acontece na Capital Federal. Estamos trabalhando, já conversamos sobre isso, justamente para manter a ordem nas ruas”, comentou.
Além disso, o novo presidente argentino deseja colocar a economia do país totalmente sob o domínio dos bancos norte-americanos, ao defender a dolarização da economia argentina. Enquanto no mundo inteiro os países oprimidos buscam se desvincular do dólar, Milei segue na direção oposta: colocar a moeda em franca decadência para dominar a economia do país. Na política internacional, o BRICS surge como a principal força da desdolarização, mas Milei já indicou que não ingressará no bloco que conta com os principais países em desenvolvimento.
Os argentinos precisarão sair às ruas. Caso contrário, assistirão ao país ser completamente destruído, gerando um retrocesso sem precedentes na história da Argentina.