Mais da metade da população norte-americana acredita que ex-presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump deveria ser perdoado se for condenado e preso no caso dos documentos sigilosos. O líder do Partido Republicano é acusado de colocar em risco a segurança do país ao guardar na sua mansão documentos sigilosos do governo norte-americano, incluindo planos militares e informações sobre armas nucleares.
A pesquisa, realizada pelo Center for American Political Studies em Harvard (CAPS), pela Harris Poll e pela HarrisX, foi publicada na sexta-feira (18). Ela mostra que 53% dos eleitores entrevistados defendem que, em caso de condenação, Trump deveria ser perdoado “em prol da unidade nacional”. Entre os republicanos, o número chega a 80%.
Como parte da perseguição política ao ex-presidente republicano, o líder da extrema-direita norte-americana foi indiciado por 37 acusações criminais na semana passada. Segundo a pesquisa, existe uma grande divisão (51% contra 49%) sobre se isso é motivo para ele se retirar da disputa à presidência no próximo ano.
Ainda, o levantamento destaca que 58% dos entrevistados achavam que o caso legal contra Trump era forte. A porcentagem é maior entre democratas e independentes (85% e 60%, respectivamente) e menor entre os republicanos (30%). Mesmo assim, se a eleição fosse hoje, Trump venceria o atual presidente dos EUA, Joe Biden (Partido Democrata), por por 45% a 39%.
O co-diretor da Harvard CAPS/Harris Poll Mark Penn afirmou que “os americanos continuam politicamente divididos em 50-50, mas praticamente 100% estão insatisfeitos com a direção do país, a economia e seus líderes políticos”. Penn lembrou também que “a aprovação de Biden está estagnada, apesar do acordo sobre o teto da dívida e de um mercado de ações em recuperação; no entanto, os números de Trump também não foram abalados após uma acusação federal sem precedentes”.
A pesquisa mostra nitidamente a crise do imperialismo norte-americano. O seu setor principal, que está atualmente reunido em torno de Biden e do Partido Democrata, não consegue ser eficiente na campanha contra o ex-presidente Trump. Mesmo perseguido politicamente por meio do Judiciário, o líder republicano, apoiado por um setor secundário do imperialismo, continua sendo popular. Acusado de diversos crimes, alvo de operações policiais amplamente difundidas pela imprensa, Trump continua no jogo.
A perseguição à extrema-direita, que inclui a censura e a prisão de figuras importantes como Alex Jones e Steve Bannon, além dos integrantes da ocupação do Capitólio em janeiro de 2021, não está surtindo o efeito desejado. Da mesma forma, fracassam as manipulações para tentar emplacar à presidência outro candidato republicano, mais aceito pelo imperialismo, como o governador da Flórida, Ron DeSantis.
O imperialismo está enfraquecido e tem dificuldades em manter o controle do regime no seu principal centro político. O governo Biden se encontra em crise e Trump, mesmo perseguido, continua sendo o candidato preferido para ganhar as eleições de 2024. Por quê? A gigantesca divisão dos norte-americanos sobre o caso do ex-presidente é, simultaneamente, uma expressão da polarização política nos EUA. Essa polarização, por sua vez, é expressão de uma enorme crise econômica, que coloca em xeque a dominação do principal país imperialista sobre os demais países do mundo.