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Marxista pró-OTAN

‘Marxista’ do Aurora defende a OTAN e chama Putin de semi-nazista

Alfons Bech, do grupo catalão Aurora, se diz marxista, mas defende a OTAN e o envio de dinheiro à Ucrânia

Batalhão de Azov

A Revista Movimento publicou uma matéria intitulada “Das Calúnias de Stálin às calúnias de Putin”, neste 2 de março, e é quase inacreditável sua falsificação e o baixo nível argumentativo. Segundo o autor do texto, Alfons Bech, do grupo catalão Aurora, a operação especial na Ucrânia “é a calúnia de um povo inteiro: ‘A Ucrânia é um nazista’. Isto é o que Putin está fazendo ao povo ucraniano, desde Zelensky até o último trabalhador na linha de frente hoje defendendo seu país”.

Em primeiro lugar, Bech tenta esconder que batalhões nazistas, como o Aidar e o Azov, foram devidamente financiados e treinados pela OTAN. Segundo, que esses batalhões, desde 2014, estavam barbarizando na região do Donbass. São 15 mil civis mortos, oficialmente, com inúmeros casos de tortura e requintes de crueldade.

De acordo com o raciocínio rasteiro de Alfons Bech, é uma calúnia porque nem todo mundo é nazista na Ucrânia – o que nunca foi dito –, mas temos de lhe perguntar: o Pravy Sektor seria o quê?

A matéria pergunta o porquê de no dia 24 de fevereiro, aniversário do início do conflito, terem comparecido apenas 8,5 mil pessoas “na Plaza Catalunya sob o slogan “Barcelona com Ucrânia”, a grande maioria deles ucranianos. Por que esta divisão? Por que havia tão poucos cidadãos diante de uma guerra tão cruel em território europeu?”. A resposta é simples: o europeu está entendendo que essa luta não é dele, são apenas os interesses dos EUA em jogo; além de o povo estar sentindo na pele o quão ruim é ter de pagar por um conflito que sequer deveria ter iniciado.

Somos obrigados a reproduzir dois parágrafos inteiros para que o leitor possa ter uma visão mais ampla da degradação intelectual do autor da matéria.

Nesta batalha, Putin tem colaboradores diretos. Há milhares deles, bem profissionais e bem pagos. Pessoas com a auréola de jornalistas neutros, intelectuais progressistas, ou generais de países ocidentais, blogueiros, influenciadores, políticos de partidos de direita, extrema-direita ou esquerda, e até mesmo alguns de ultra-esquerda. Todos eles já tinham uma posição pré-determinada a favor da Rússia antes de 24 de fevereiro de 2022.

Há também muitos milhares, milhões, de colaboradores indiretos. Eles repetem, amplificam e vulgarizam as calúnias fabricadas pelos profissionais”.

Enquanto na Europa e nos EUA se bloqueiam a imprensa russa. Enquanto as redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter cancelam contas de Sputnik e da RT. Enquanto os algoritmos impedem a livre circulação de informação nas redes. Enquanto em alguns países da Europa os jornalistas têm medo de escrever sobre o conflito, pois podem ser presos e processados por espionagem, Alfons Bech cita supostos ‘profissionais bem pagos’ por Putin.

Na cabeça de Bech, esses jornalistas ‘comprados’ por Putin são os responsáveis pela pouca resposta à solidariedade com a Ucrânia atacada. Ou seja, um punhado de pessoas estariam conseguindo competir e superar a censura estatal e dos monopólios de comunicação mundial nas redes. Acredita quem quiser.

Stalin revisitado

O texto fala dos métodos de calúnia de Stálin, dos processos de Moscou, do assassinato de Trótski e de líderes do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista – que lutou contra Franco na Guerra Civil Espanhola). Só não conseguiu mostrar o nexo entre o stalinismo com o que está ocorrendo, hoje, entre Rússia e Ucrânia. Mas, o que importa aqui é o termo ‘calúnia’.

Bech volta à sua tese estapafúrdia de que está havendo novamente o “método stalinista de difamar o adversário político”. Para ele, a falsa acusação – do nazismo ucraniano – leva ao descrédito e gera desconfiança e que não seria necessário “provar nada: apenas gerar desconfiança é suficiente”. “Talvez eles [os ucranianos] sejam nazistas… Zelesnski é um nazista? Todos os ucranianos são nazistas que querem acabar com os russos? O resultado prático desta dúvida é paralisia, desmoralização”. É ridículo. E, como se não bastasse, ainda nos deparamos com isso: “Esta calúnia afeta particularmente os sindicatos e as organizações de trabalhadores”.

Se, dentre a população de um país, apenas um não fosse nazista, não se poderia chamar essa população de nazista, afinal, não são todos. Parece que é isso que o Alfons Bech quer nos enfiar na cabeça. E a sua cara de pau é tão grande, que cita sindicatos e omite o massacre em Odessa, na Casa dos Sindicatos, quando 34 mulheres, 7 mulheres e 1 menino foram queimados vivos pelos nazistas, em 2014. Ou não podemos afirmar tal coisa porque não temos como provar que todos que atiravam coquetéis molotov no prédio eram de fato nazistas?

O argumento ‘nem nem’

Como não poderia deixar de ser, Bech diz que não é adepto nem de Zelensky e nem é a favor da OTAN. E afirma: sempre a combati e acho que ela deve ser dissolvida quando obtivermos uma paz justa e duradoura. Na verdade, é Putin quem ajuda a fortalecer a OTAN! grifo nosso.

A OTAN não para de se expandir, a despeito do fim do Pacto de Varsóvia, mas é ‘Putin quem ajuda a fortalecê-la’. A mentira até grita na nossa cara. Se o sujeito diz que a OTAN deve ser dissolvida quando for obtida uma paz justa e duradoura, está defendendo que ela exista até que se cumpra esse objetivo. É a favor da OTAN, simples assim.

O cinismo é tão grande, que Bech diz que a defesa é um direito. Se “Vietnã, Iraque, Argel, Panamá, Afeganistão?” se defenderam “Por que não a Ucrânia?”. Ora, quem atacou e destruiu o Iraque, Afeganistão, Iugoslávia, Síria, Líbia? Não teria sido a OTAN? Sim. A Ucrânia não estava prestes a entrar na OTAN? Sim. E a Rússia não tem o direito de se defender? É óbvio que tem. Os russos teriam perdido o juízo se não tivessem reagido.

Epílogo

No apagar das luzes, Alfons Bech lamenta, pois, “ao contrário de outros países, como França, Reino Unido, Polônia, Suíça…, onde os sindicatos já enviaram toneladas de ajuda e dinheiro para seus colegas sindicalistas ucranianos, na Catalunha e na Espanha não fizemos nada. Ou quase nada. Isso porque disse há pouco que não apoiava Zelensky.

Segundo o artigo, essa falta de solidariedade com os ucranianos é motivado por desconhecimento; por notícias falsas de ‘especialista’ ocidental ou de “jornalista que passou alguns anos em Moscou e nos conta histórias complicadas”.

Bech exalta a revolução de 1917, diz que os magnatas que governam a Rússia, que não têm nada a ver com os bolcheviques, é que “constroem a calúnia sobre a ‘Ucrânia nazista’”. Chama a todos para combaterem “a calúnia insidiosa sobre o nazismo”, e que o “verdadeiro regime semi-nazista é o regime de Putin”.

Apesar de toda a degenerescência apresentada por Alfons Bech, temos que ironizar sobre sua afirmação de que o atual regime de Putin seja semi-nazista: Tem certeza? Serão todos?

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