O identitarismo é, como toda ideologia imposta à força pelo imperialismo, um modismo artificial que não reflete a realidade em nenhuma medida e serve a propósitos espúrios de interesse da classe social mais poderosa do planeta. Por meio de um jogo de privilégios e de “propinas” vultuosas para setores privilegiados de camadas de oprimidos, como as mulheres, negros, homossexuais etc., o imperialismo impõe a uma parte da esquerda uma política repressiva e direitista.
Além disso, o identitarismo também é responsável por todo tipo de confusão dentro da esquerda. Enquanto se deveria unificar todos os setores oprimidos por trás da classe operária na luta pela revolução, os identitários tratam de fomentar conflitos tacanhos entre seus diferentes adeptos. Todos se lembram da guerra entre feminismo versus feminismo negro ou então entre negros versus mulheres, agora temos os transsexuais versus mulheres. Tudo isso gera muita baboseira nas universidades, mas não faz avançar nenhum milímetro a luta do povo. Muito pelo contrário, é sobre a base dessas bobagens que se cria uma infinidade de leis repressivas, censura e todo tipo de coisas reacionárias.
Poderíamos dizer, no entanto, que vivemos agora um momento de refluxo dessa política reacionária? No Brasil, é possível observar alguns sinais de que há um aumento dos setores mais esclarecidos da esquerda nacional que resolveram não cair mais nas armadilhas dos identitários.
Um sinal recentre disso foi a indicação de Cristiano Zanin, por Lula, para o STF. Deixando de lado a própria questão do STF – uma instituição absurdamente autoritária que sequer deveria existir – é interessante observar que Lula não cedeu à pressão feita pelos identitários contra seu indicado.
A campanha foi, inclusive, encampada pela própria imprensa burguesa. Jornais como a Folha publicaram uma infinidade de matérias procurando demonstrar que seria algo criminoso indicar um homem branco para o Supremo tendo tantas opções mais “representativas”, comentários que eram seguidos de uma grande lista de mulheres negras com carreira notável no meio jurídico e que poderiam estar nesse cargo.
Lula não cedeu, e fez bem. Ainda que Zanin não fosse quem nós do PCO escolheríamos a princípio para o cargo, é alguém de confiança de Lula e esse deve ser o critério mais importante para indicar alguém para um ninho de cobras como o STF. Se ele irá honrar essa confiança, o futuro dirá. O que gostaria de salientar aqui é apenas o fiasco da campanha identitária contra Zanin, mais uma derrota dessa política importada das universidades norte-americanas.