Na imprensa desportiva brasileira foi desatada uma campanha, já faz algum tempo, de defesa de um técnico estrangeiro no comando da Seleção brasileira. Os comentaristas são quase unânimes em defender um gringo no comando da Canarinho, ou pelo menos afirmar que os estrangeiros são melhores que os brasileiros.
A resistência parte geralmente de dentro dos gramados, de quem está jogando ou já jogou futebol profissionalmente. Recentemente foi Dorival Júnior, técnico do São Paulo, que, após a vitória contra o Palmeiras na Copa do Brasil, criticou como os técnicos brasileiros são tratados.
“O treinador brasileiro nunca tem valor, ele encontra resultados, as coisas caem no colo da gente, é um aspecto muito interessante. Dificilmente as pessoas vão perceber que essa equipe tem padrão, assim como a grande maioria das equipes onde trabalhei e deixei alguma coisa”, disse Dorival em coletiva de imprensa após o jogo.
De qualquer maneira, o nome do italiano Ancelotti continua sendo ventilado para comandar o Brasil daqui a um ano. Esse prazo seria para esperar o contrato dele com o Real Madrid e vir assumir a seleção brasileira. Até lá a Seleção ficaria sem um comandante definitivo, o que já é ridículo para uma seleção pentacampeã mundial.
O fato é que quando Ancelotti fala a respeito é sempre de uma maneira hostil, que da a nítida impressão que ele não quer vir treinar o Brasil e é até chato ficar falando sobre o assunto. É uma humilhação para a seleção o que está acontecendo e já existe pressão suficiente para que Ancelotti sequer venha assumir o time do Brasil.
A última notícia de Ancelotti é que ele teria ligado para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para falar que a prioridade dele é o Real Madrid, “tanto no presente quanto no futuro”. De acordo com o jornal espanhol Marca, foi pedido ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, “baixar o tom das declarações e o tom de pressão em relação à figura de Ancelotti”.
Todo o processo de tentativa de trazer Ancelotti para a seleção brasileira até agora tem sido uma humilhação atrás da outra. O técnico se mostra sempre arrogante e a imprensa europeia faz questão de mostrar isso, enquanto aqui a imprensa faz parecer normal esse tratamento com a seleção, seja de Ancelotti seja da própria CBF que fez uma lambança.
Em várias oportunidades, o Partido da Causa Operária já se declarou contra a vinda de um técnico estrangeiro para a seleção, e não é só. A revista de futebol na Zona do Agrião também publicou uma revista dedicada ao problema, mostrando como os técnicos brasileiros são os melhores. Todos os títulos mundiais vieram com brasileiros no comando da Canarinho, não por acaso.
O irônico de tudo isso é que a Itália não vai a uma Copa do Mundo faz duas edições. Ficou de fora em 2022 e 2018 em um dos períodos de maior crise do futebol italiano. Mas isso não importa quando a campanha de que os gringos são melhores que os brasileiros independente de qualquer coisa, de dados, de títulos.
Vale mais o que disse o atual presidente sobre o problema: “ele nunca foi técnico da Itália. Por que ele não resolve o problema da Itália, que nem jogou a última Copa do Mundo?”, disse Lula quando perguntado sobre a questão.
O tratamento de cachorro dado para os técnicos brasileiros faz parte de uma campanha geral de desmoralização do futebol brasileiro. Uma campanha que visa mostrar que tudo que é do Brasil é ruim, especialmente aquilo que somos os melhores: o futebol.
