Nos Estados Unidos, houve um indiciamento completamente arbitrário, realizado em abril (18), de quatro lideranças negras nos Estados Unidos, que também foi registrado por este Diário na quarta-feira (3). Para os que acreditavam que o governo Biden, identitário, com uma vice-presidenta negra iria defender os direitos dos negros e dos povos originários africanos contra o que foi feito contra eles no decorrer da História como uma maneira de corrigir os erros do passado e sugerir justiça para eles, se enganou. A maior parte desta matéria foi transliterada do programa O Mundo Em 1 Hora, de número 107, do canal da Rádio da Causa Operária, no YouTube, com link no final desta matéria.
As lideranças do movimento Uhuru, movimento organizado pelo African People Socialist Party, Partido Socialista do Povo Africano (PSPA), organização com sede em São Petersburgo, Flórida, também atuam em Saint Louis, no Estado do Missouri, há 40 anos.
O que disse o procurador do caso?
Os serviços de inteligência russos estão transformando em arma a primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão. Uma situação muito estranha para a terra da liberdade.
A cidade de Saint Louis do Missouri, dentre as várias cidades com este nome nos EUA, é uma das maiores cidades negras do país, com 44,6% de negros e 44,3% de brancos. Esse partido e o movimento Uhuru se organizam nestas duas cidades e têm representantes em várias partes do mundo. Eles têm uma presença grande na cidade e em São Petersburgo também, e tem uma votação em torno de 10% que incomoda o partido Democrata; são de liderança negra e ideias esquerdistas.
Anteriormente o Uhuru já tinha sofrido uma “batida” do FBI, que entrou na casa dos líderes, chegando ao local juntamente com polícia militarizada, drones, explosões, bombas de gás lacrimogêneo e algemaram Omala (80 anos) e sua esposa, os dois idosos, líderes do grupo, e os agentes adotam postura ofensiva e humilhante contra o casal.
Somente algum tempo depois eles receberam o indiciamento formal do Departamento de Justiça, modus operandi copiado pelas instituições de justiça brasileira dominadas pela burguesia imperialista.
Acusação do Departamento de Justiça
- 1 – Espalhar discórdia
- 2 – Espalhar propaganda russa
- 3 – Interferir nas eleições.
Os apresentadores do programa da Rádio Causa Operária denunciaram que nenhuma das três acusações são contra alguma lei existente nos Estados Unidos. Informando ainda que esse movimento esteve nas duas manifestações contra a guerra na Ucrânia que houve nos EUA. A posição do movimento é anti-imperialista e dizem que é preciso apoiar a Rússia, que tem o direito de se defender contra as agressões imperialistas e contra a OTAN.
Quanto mais o imperialismo entra em apuros, tanto mais a ditadura dentro e fora do país é intensificada. O Movimento Uhuru tem poucos membros, mas está sofrendo uma pressão imensa do governo.
Origem da perseguição
Foi ressaltado pelos apresentadores o caráter macartista do regime de governo americano. Uma vez que a burguesia aprendeu a técnica do nazismo, a burguesia da geração seguinte nunca mais será uma burguesia democrática. Por exemplo, as políticas no pós-guerra que destruíram a esquerda norte-americana, que eram um movimento grande e estão na situação que estão hoje, a reboque do partido Democrático. A extrema-direita teve um crescimento permitido enquanto que a extrema-esquerda é cortada pela raiz de forma agressiva e veloz.
Perseguição ‘orientada’ pela burguesia
Outro movimento negro, menos tradicional, mas que também sofreu perseguição, foi o Not Fucking Around Coalition, que surgiu durante os protestos do George Floyd, uma milícia nacionalista negra organizada por um ex-militar negro norte-americano, chamado John Johson, conhecido como Grand Master Jay, que organizaram grandes atos com pessoas armadas, movimento com alguns milhares de pessoas, que foram ameaçados por fascistas supremacistas brancos. O líder Jay foi acusado por um policial de ameaçar a sua pessoa, declarando que ele estaria apontando a arma para ele intencionalmente, e Jay foi condenado a sete anos de prisão sem recurso, e os participantes do grupo debandaram dado seu caráter espontâneo.
O governo americano é muito agressivo com as organizações que oferecem a mínima resistência, o mínimo de pensamento independente. Os apresentadores destacaram que quem se pronunciou não foi a ala identitária da esquerda americana, ou supostamente esquerdista, do partido Democrata americano, como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez que não falaram nada sobre o indiciamento arbitrário do grupo; quem se pronunciou contra foi um jornalista estrela do conservadorismo norte-americano, recém-demitido da Fox News, Tucker Carlson.
Os liberais do partido Democrata que tanto apregoavam a luta anti-racismo não se manifestaram minimamente neste caso, demonstrando que a luta na política identitária não é real, é somente para aparecer nas câmeras como se estivesse sendo feita alguma coisa. Igualmente os movimentos identitários se calaram, no Brasil também, ‘seguindo o riscado’ americano, os políticos de esquerda e identitários se calaram, assim como a ministra brasileira dos Povos Indígenas se calou com a prisão arbitrária dos índios no Mato Grosso do Sul. O padrão é copiar e colar aqui tudo que é feito pela burguesia nos Estados Unidos.
Ficou também destacada a hipocrisia da política americana de direita que cooptou o movimento Black Lives Matter com milhões de dólares e que agora perseguem grupos pequenos de negros que defendem a Rússia. Não existe a defesa do negro, bilhões são colocados para financiar a guerra na Ucrânia e nenhum centavo para as minorias negras que não sejam de interesse da burguesia. O que existe é uma obediência cega ao que dita a burguesia americana.