O problema da burguesia nacional e dos movimentos nacionalistas é fruto de grande confusão na esquerda. Entretanto as conclusões tomadas sob o tema são essenciais para se formular um programa anti-imperialista, o que hoje é imprescindível para haver qualquer tipo de luta revolucionária.
No Brasil, as posições de partidos neste quesito justificam posições de apoio velado ao imperialismo. São partidos que se consideram marxistas, como o PSTU, PCB e diversos outros grupos do PSOL, mas que se confundem seja por ignorância, seja por subserviência, a acabam por adotar políticas completamente reacionários.
Desde a formação dos grandes monopólios imperialistas, o núcleo fundamental da burguesia mundial é exatamente o imperialismo. Os EUA, bem como os países da europa ocidental, hoje controlam o sistema financeiro mundial e, com isso, impõe sua dominação a todos os outros países do mundo.
Mesmo assim, setores da esquerda optam por não apoiar os movimentos nacionalistas de países atrasados. Observa-se isto, por exemplo, no caso da guerra no Ucrânia, na qual setores da esquerda afirmam ser uma guerra “inter-imperialista”. O mesmo acontece no caso do Niger e da luta nacionalista dos países africanos, nos quais a esquerda por vezes afirma com convicção que os marxistas não devem apoiar o golpe contra a dominação liderado pelo exército e por Abdourahamane Tiani.
Em âmbito nacional acontece o mesmo. Como Lula na verdade é um candidato da burguesia nacional, a esquerda busca, ao invés de impulsionar a luta popular, impulsionar a luta contra o candidato eleito pela classe trabalhadora. É um erro fatal e que precisa ser denunciado. A esquerda que apoia o imperialismo na sua luta contra os países atrasados é uma esquerda burguesa e pró-imperialista.
Os movimentos nacionalistas e a burguesia nacional formulam problemas que precisam ser resolvidos, mas eles não conseguem levar adiante uma luta por isso de maneira consequente. No Brasil é fácil perceber isso na luta contra o teto fiscal. Lula afirmou que precisava acabar completamente com o teto, mas ao se deparar com Lira e o congresso repleto de direitistas, não teve como barganhar.
O papel de um partido revolucionário, como faz o Partido da Causa Operária, é justamente levar adiante esta luta de forma decidida, radical. No momento em que as alternativas nas instituições burguesas se mostram insuficientes para resolver os problemas da classe trabalhadora, é necessário recorrer para os métodos de luta desta classe. Reativar os sindicatos, organizar grandes greves, mobilizações, etc. Isso tudo pode, e deve levar a uma luta revolucionária para atropelar o Congresso e quem mais se opor as vontades dos trabalhadores.
Outro problema é também as formulações deficientes da burguesia nacional. Outro papel do partido revolucionário é apontá-las e levar adiante uma política mais acabada. Lula, por exemplo, defende acertadamente que precisamos tomar o controle da Eletrobrás. Entretanto, tomar o controle é insuficiente, será necessário estatizar completamente a empresa para que o estado possa ter seu controle.
Nos casos internacionais as posições precisam ser as mesmas. Não existe o imperialismo russo ou o imperialismo chinês como diz a esquerda, mas ao mesmo tempo a luta das burguesias russas e chinesas não vão superar o capitalismo sem uma verdadeira luta revolucionária.
Isso vale tanto para o Niger quanto para a Rússia nas guerras. Para expulsar o imperialismo dos países atrasados será necessário acabar de uma vez por todas com ele, é preciso acabar com a OTAN e com toda a dominação norte-americana.
“Ser radical é atacar o problema em suas raízes”
Uma das frases mais célebres de Karl Marx pode ser utilizado neste contexto. A raiz do problema não é a burguesia brasileira, russa, chinesa ou nigerense, mas sim, a burguesia imperialista mundial. Esta, invariavelmente, não permitirá que nenhuma outra se desenvolva antes de seu fim.
Por isso, os partidos marxistas como o PCO defendem um apoio crítico e decidido a luta das burguesias nacionalistas dos países atrasados contra o imperialismo! Isso vale para todos os países oprimidos do mundo!